Contraceptivo
Uso do DIU pouco avançou em Pelotas
Mesmo com a ampliação da quantidade do dispositivo na rede pública desde 2018, planejamento familiar precisa ser mais eficaz
Paulo Rossi -
No ano passado, 248 mulheres fizeram uso do método contraceptivo em Pelotas (Foto: Paulo Rossi - DP)
Há dois anos, Pelotas foi contemplada com a ampliação da quantidade de Dispositivo Intrauterino (DIU) de cobre, através de uma portaria do Ministério da Saúde (MS). Hoje, a situação não avançou muito, visto que no último ano somente 248 mulheres conseguiram realizar o procedimento e apenas duas Unidades Básicas de Saúde (UBSs) e dois ambulatórios estão autorizados a fazer a colocação. Além disso, as coordenadorias regionais precisam lidar com o atraso do MS na hora do repasse do contraceptivo.
A secretária de Saúde, Roberta Paganini, reconhece que o Planejamento Familiar do município ainda precisa se tornar mais eficaz. "Vamos nos organizar para verificar cada ação e, assim, conseguir unificar", ressalta. Segundo ela, a missão não é fácil, mas, a partir de março, um calendário cheio de estratégias começará a ser cumprido. A ideia é trabalhar na expansão da Rede Bem Cuidar. Desse modo, será possível ter um controle maior das atividades realizadas pelas unidades. Mesmo tendo consciência que não pode obrigar nenhum médico a realizar o procedimento de colocação do DIU, a responsável pela pasta garante que futuramente todas as UBSs estarão preparadas para realizar o processo e assim reforçar uma das estratégias do Planejamento Familiar.
A UBS Vila Municipal é um dos locais autorizados a realizar o procedimento. Por lá, as mulheres interessadas no método são avaliadas através de uma consulta e, em seguida, podem marcar o dia da colocação. Após, elas continuam sendo acompanhadas no mesmo local. Segundo a enfermeira Tatiana Halefe, responsável por solicitar os contraceptivos à 3ª CRS, toda semana mulheres são atendidas e, caso se encaixem nos critérios, a médica Ângela Madeira realiza o procedimento. Mesmo com o repasse abaixo do normal, Tatiana relata que na UBS segue tudo normal. "Me organizo nas solicitações e sempre mantenho dez unidades no estoque", completa. Além da UBS Vila Municipal, a unidade do Jardim de Allah está apta a executar o processo. Os ambulatórios da Apac (Associação Pelotense de Assistência e Cultura) e da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Pelotas (Famed/ UFPel), através do Serviço de Assistência Especializada (SAE), também podem atender as mulheres interessadas.
De acordo com a titular da 3ª Coordenadoria Regional de Saúde (3ª CRS), Caroline Hoffmann, há cerca de seis meses o MS não repassa a quantidade necessária do contraceptivo para o Estado. "Pelas informações que temos, está assim com o restante do Brasil também", diz. No entanto, o órgão promete regularizar a situação até março. Caroline explica que o Ministério repassa os DIUs para os estados, que por sua vez enviam às coordenadorias. Essas são as responsáveis por distribuir o contraceptivo para os municípios conforme os pedidos solicitados por eles.
Para quem tiver interesse
Para a mulher que deseja fazer uso deste método, o primeiro passo é comparecer a sua UBS de referência ou na mais próxima da residência. Lá, a interessada irá conversar com o médico e, diante da avaliação, será feito um encaminhamento para o agendamento nos devidos locais autorizados.
Segundo o MS, o DIU de cobre é uma excelente opção para mulheres que desejam contracepção reversível que seja de alta eficácia, longa duração e livre de hormônios. A oferta do método poder ser feita a qualquer momento da vida reprodutiva da mulher, mas sempre depois de uma avaliação médica. Além disso, pacientes que têm contraindicações ao estrogênio ou as que amamentam podem ser boas candidatas para o uso do DIU com cobre. Não há contraindicação em mulheres com ectopia cervical, história de cesariana prévia ou cistos ovarianos.
Quem tem alergia ao cobre, doença de Wilson e menstruação volumosa e muito dolorosa, gestação, doença inflamatória pélvica atual, sangramento uterino sem diagnóstico, distorção de cavidade uterina, câncer atual de endométrio, ovário ou colo uterino, doença trofoblástica e distúrbios de coagulação não poderá fazer uso do método contraceptivo.
Mulheres portadoras do vírus HIV e da síndrome causada pelo vírus, a Aids, também podem utilizar o DIU. Essas, contam com um serviço especializado dentro da Famed, no Ambulatório de Obstetrícia.
Em Rio Grande
No município vizinho a situação é bem diferente. Lá, somente no ano passado, o Hospital Universitário da Universidade Federal do Rio Grande (HU-Furg) realizou a inserção de 1,2 mil DIUs. Em relação a 2018, eles tiveram um aumento de 163,71%. Esses números são reflexos das estratégias de Planejamento Familiar da cidade, que é referência para todo o Estado.
Do total dos dispositivos inseridos, 676 foram utilizados pós-parto ou pós-abortamento. A técnica que aplica o método contraceptivo em mulheres que acabam de dar à luz foi implantada no HU-Furg em setembro de 2017 e é pioneira no Estado. Por isso, o hospital conta com um projeto que oferece capacitação para profissionais que atuam na Rede Básica de Saúde, que inclusive já passou por Pelotas. Então, no Hospital-Escola (HE) da UFPel é possível realizar a inserção pós-parto.
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