Saúde

Usuários voltam a reclamar da demora no atendimento da UPA

Alguns, mesmo com dores, desistem da consulta; Prefeitura diz que monitora a situação para possíveis ajustes

Foto: Jô Folha - DP - Pacientes relatam que em alguns dias da semana levam mais de cinco horas para ser atendidos

Por Cíntia Piegas
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A demora no atendimento na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Areal é motivo de reclamações em aplicativos de mensagens instantânea de Pelotas. Pacientes desabafam que são três, quatro e até cinco horas de espera, dependendo do dia da semana. Os usuários questionam o sistema, pois, para eles, os médicos estão sobrecarregados e, mesmo assim, fazem o que podem no consultório. A Prefeitura informou que está monitorando o atendimento e o tempo de espera para fazer ajustes.

Uma das usuárias que precisou de atendimento para a filha no sábado contou que havia apenas dois profissionais no turno da tarde. Ambas estavam no consultório quando o médico pediu licença para atender um caso de emergência. “Foram mais 40 minutos de espera na sala. Além disso, cerca de 15 pessoas com pulseira amarela aguardavam no saguão. O atendimento é bom, mas o sistema é falho”, argumentou ela, sem se identificar.

Outra paciente que procurou a Unidade com fortes dores no estômago e barriga inchada, quando percebeu a demora, desistiu do atendimento. Ontem ela aderiu a um plano de saúde e irá desembolsar R$ 100,00 para conseguir descontos em consultas e exames e assim pagar pelo atendimento particular para descobrir o motivo dos sintomas. “Sou diabética e no dia que estive na UPA estava com o açúcar alto e um pouco de sangramento. Enquanto estive lá, só cinco pacientes entraram no consultório. É uma vergonha. Infelizmente estamos abandonados pelos poderes”, disse a paciente que não quer se identificar. Ela chegou a ir em duas Unidades Básicas de Saúde (UBSs) para conseguir requisição para exame de sangue, mas não tinha médicos.

Em mais um desabafo pelas redes, uma jovem contou que chegou às 16h na UPA e viu idosos e crianças desde as 11h esperando. “Fiquei até as 17h e nem para triagem fui chamada. A última pessoa chamada para consulta tinha sido chamada às 16h03min”, relatou. Ela sabe que há casos de emergências e os preferenciais e, por isso, sua principal reivindicação é a contratação de mais médicos. “À tarde, a UPA está sempre lotada”. Pensando nessa possibilidade, uma design gráfico, de 21 anos, procurou a Unidade na manhã de ontem, com fortes dores na região do fígado. Mas mesmo assim esperou 2h15min até ser atendida. “Eu costumo procurar a UBS, mas como as dores são muito fortes, achei que a situação fosse mais grave e por isso vim aqui”.

No horário que ela foi chamada, às 11h15min, o painel de controle, no saguão, apontava chamadas apenas para os consultórios 1 e 2, sendo que, pelo horário, a Unidade deveria estar com três médicos no plantão. Situação que a aposentada Alda Fonseca Resende Pinto, 68, não consegue compreender. Mesmo sendo idosa, estava há mais de uma hora à espera de atendimento clínico em função das fortes dores nas costas. “Se eu vou em uma UBS é a mesma coisa: espera”, lamentou.

O que diz a prefeitura
De acordo com a coordenadora da Rede de Urgência e Emergência da SMS, Sabrina Lima, e o diretor da UPA, Nelson Soares, a Unidade do Areal tem 30 profissionais médicos, divididos em escalas com três médicos/dia e dois médicos/noite, conforme o preconizado para uma UPA Tipo 1, que é a de Pelotas. Os horários são divididos em das 8h às 20h dois médicos, das 10h às 22h, um médico e das 20h às 8h, dois médicos, o que significa que entre 10h e 20h sempre haverá três profissionais de plantão, para não sobrecarregar o final da tarde e o início da noite.

Esses profissionais também são responsáveis pelo atendimento de casos de emergência de pacientes trazidos pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e os que estão em leitos de observação e retaguarda clínica do PS. São três leitos em sala vermelha, quatro leitos em sala amarela, três de pediatria e dois de isolamento. “Os pacientes não permanecem mais de 24 horas na UPA em observação”, garantiu Sabrina.

Como uma das reclamações é atribuída à preferência para casos de corpo de delito, a administração explica que estes ocorrem sobre pacientes classificados na triagem com as cores azuis e verdes. “Mas não sobre pacientes vermelhos e amarelos”, ressaltou a coordenadora.

Demanda é geral
Embora relatos de usuários, a Prefeitura garante que não há variação significativa da demanda de pacientes da Unidade de Pronto Atendimento aos finais de semana. No entanto, a administração admite que neste momento observa-se um incomum aumento na procura por consultas para o mês de novembro em todo o Rio Grande do Sul e que não há uma doença específica com prevalência. Com isso, a equipe garante que pacientes amarelos recebem prioridade sobre verdes e azuis, sendo atendidos em até 60 minutos.

“Com o aumento do número de pacientes amarelos, a espera para verdes e azuis fica aumentada”, ressaltaram Sabrina e Soares. “Estamos monitorando e auditando diariamente, em conjunto com a Rede de Urgência e Emergência, os atendimentos realizados na UPA e o tempo de espera dos pacientes, para em conjunto realizar os ajustes que se afiguram possíveis para a melhora do atendimento”, disse o diretor.

Em andamento
Em fase de elaboração, uma proposta da Prefeitura de Pelotas deve chegar à Câmara de Vereadores com a intenção de garantir o aumento do valor da hora/plantão para médicos clínicos nas UBSs. A alternativa tem o objetivo principal de sanar o déficit de 21 médicos nos postos de saúde que, uma vez prestando atendimento padrão, reduziria a procura na UPA. ​

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