Números

Vacinação infantil avança em 2023, mas ainda é inferior ao necessário

Cobertura vacinal de diversas vacinas aumentou em relação a 2022 no Brasil, mas segue abaixo do ideal

Foto: Jô Folha - DP - Em Pelotas, todas as vacinas do calendário infantil tem cobertura abaixo da meta

A tendência de queda dos índices de vacinação em crianças no Brasil, que vem sendo registrada nos últimos anos, tomou outro rumo em 2023. Essa conclusão deriva de uma série de dados divulgados pelo Ministério da Saúde, que indicam aumento da cobertura vacinal em todo o País de oito vacinas recomendadas pelo calendário infantil.

Em Pelotas, de janeiro a outubro deste ano, os índices de vacinação contra doenças como hepatite A, tríplice viral e febre amarela praticamente alcançaram a cobertura vacinal atingida ao longo de todo o ano passado. A cobertura de outros imunizantes, como DTP (difteria, tétano e coqueluche) e varicela, chegou a superar neste período os índices de 2022. Apesar da melhora, os índices ainda estão abaixo do adequado. No caso da febre amarela, por exemplo, a cobertura em Pelotas é de 32,8%, enquanto a meta é de 95%.

A pediatra e chefe do departamento materno-infantil da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), Denise Marques, avalia que as informações falsas e grupos anti-vacina são alguns dos principais fatores que causaram a redução da cobertura vacinal no País. "Estávamos com uma cobertura muito boa até cinco, seis anos atrás. Éramos um país referência por causa das nossas campanhas. Com a pandemia isso diminuiu muito mas, também, com o surgimento de grupos que são contra as vacinas", observa.

O que fazer?
Combate às informações falsas. Para Denise, essa é uma das principais medidas necessárias para reverter o cenário no País, buscando desmentir boatos que falam, por exemplo, sobre os supostos malefícios das vacinas. "São repercussões que não são reais. As vacinas têm efeitos colaterais mínimos", ressalta. Além disso, ela também destaca o papel dos médicos nessa luta. "Isso é uma batalha do dia a dia da pediatria. O que a gente faz em todas as consultas, mesmo que seja por outro motivo, é sempre olhar a carteira de vacina e pedir para os pais colocarem em dia o calendário vacinal"

A pediatra lamenta que, nos últimos anos, esse movimento já tenha causado danos. "Tivemos, infelizmente, muitas crianças que morreram por doenças preveníveis. O sarampo, por exemplo, é uma doença que voltou um pouco e é extremamente grave. A varicela também pode causar uma série de complicações. Nosso objetivo é sempre falar para os pais da importância das vacinas e que elas são seguras. Combater os grupos mal informados que são contra as vacinas, o mais importante é isso", resume.

Covid-19
A pediatra complementa, ainda, que a vacina contra a Covid-19 é uma das que mais sofre com a disseminação de informações falsas. Em Pelotas, a cobertura vacinal de crianças de dois a quatro anos é de 28,01% e, entre crianças de cinco a 11 anos, de 59,8%. "São pessoas que não estão esclarecidas adequadamente e não fazem as revisões necessárias para mostrar que as vacinas são seguras e eficazes", resume Denise.

Quem ama, vacina
Na Casa da Vacina, a pequena Maitê, de um ano e um mês, estava acompanhada da mãe, Francine Borges, 30, para fazer quatro vacinas, uma delas a da gotinha, e deixar o calendário vacinal atualizado. "É prevenção das doenças né, algumas causam morte. Desde que nasceu ela vem com tudo em dia", conta. Francine diz que quem costuma levar a menina às vacinas é o pai, porque ela fica nervosa mas que, mesmo com o medo, não dá para deixar passar. "Ficou para mim dessa vez, mas não dá para adiar. É indispensável", resume.

Avaliação da Prefeitura
Através da assessoria de imprensa, a diretora de Vigilância em Saúde da Secretaria de Saúde, Aline Machado, informou que, com a Campanha de Multivacinação, houve melhora significativa na cobertura vacinal do município, quando compareceram 5.439 crianças e adolescentes procurando a imunização. Conforme Aline, este ano a 3ª Coordenadoria Regional de Saúde, da qual Pelotas faz parte, ficou em 3° lugar no Estado em número de crianças e adolescentes vacinados.

"Houve aumento da procura com a adesão à Campanha de Multivacinação e a aplicação das Atividades de Vacinação de Alta Qualidade (AVAC) pelos 53 pontos de vacinação do Município e também a partir da inauguração da Casa da Vacina, além das atividades extramuros e os atendimentos com horários estendidos", diz.

Cobertura vacinal infantil de janeiro a outubro de 2023 em Pelotas

DTP - 66,10%
Meningococo C: 61,75%
Hepatite A: 62,98%
Varicela: 58,94%
Rotavírus: 69,97%

Cobertura vacinal infantil em 2022 em Pelotas
DTP - 61,74%
Meningococo C: 68,09%
Hepatite A: 63,77%
Varicela: 55,79%
Rotavírus: 65,5%

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