Importância

Z-3 nas mãos femininas

No Dia Internacional da Mulher, Diário Popular traz a importância delas na cadeia produtiva do pescado da colônia

Paulo Rossi -

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São mãos de mulheres que limpam as toneladas de camarão vendidas na Colônia Z-3 (Foto: Paulo Rossi)

 

A Colônia Z-3 é uma mulher. Frente às dificuldades impostas, as responde com força e dedicação, esmorecendo, às vezes, mas nunca baixando a guarda. E é no vigor do sexo feminino que o trabalho da pesca, principal atividade do local, e a vida em comunidade como um todo, se mantêm firmes quando a safra é boa e quando ela não há.

Todo dia Ana Elisabeth Portela, a Beth, acorda de manhã cedo, coloca uma cadeira na varanda, sente o cheiro e o vento da lagoa e começa a desconstruir redes de pesca e a enrolar os fios que na sequência se transformam em novelos e por fim em bolsas, colares, carteiras e chapéus. É assim que ela ganha dinheiro, é dessa forma que combate a depressão.

Beth cresceu na Colônia Z-3 e casou-se logo cedo. É mãe de três filhas e se diverciou há trinta anos – ainda cuida, entretanto, do ex-marido. O trabalho como redeira teve início cedo, mas foi com o projeto Pescando Arte que começou a ganhar a projeção que hoje tem o Redeiras Colônia de Pescadores, parceria com o Sebrae. Atualmente nove mulheres trabalham no coletivo. “Pego o resto da rede, lavo e desfio até se tranformar em fio. Estou com 66 anos, mas sempre na luta. Não posso parar tanto pela questão financeira, quanto pelo emocional. Preciso me manter ativa”, explica. “O homem traz o peixe, mas o resto todo é a mulher que faz. Limpa, descasca, transforma, vende”, comenta.

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Ana Elisabeth trabalha como redeira (Foto: Paulo Rossi)

Também logo cedo começa o trabalho de quem, com a volta da safra do camarão, garante que o crustáceo esteja pronto para a venda. São sempre mulheres as responsáveis pela limpeza dos tantos quilos que chegam das embarcações. Se 30% de toda a cadeia produtiva da pesca é desempenhada pelo sexo feminino, a maioria está no processamento do pescado. Entre elas está Janete Ramires, 50 anos desempenhando a atividade. Ela peregrina pelas peixarias das 8h às 11h, aí volta para casa, cuida dos filhos e volta ao batente até não haver mais camarão que precise ser limpo.

Apesar do trabalho desgastante – e que não dá direito ao seguro-defeso na maioria das vezes, mesmo que haja contraste com a Lei da Pesca -, Janete não vê problemas em desempenhá-lo. Pelo contrário: após tanto tempo sem safra, ela quer mais é que toneladas cheguem às suas mãos. “Difícil é quando não tem”, diz, sereníssima.

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Janete se divide entre o trabalho limpando camarões e cuidando da família (Foto: Paulo Rossi)

 

O novo
A vocação para a autonomia das ações na Z-3, por parte das mulheres, passou para as novas gerações. Natalia Fidelis, 27 anos, é uma das coordenadoras do Comunidade em Rede, projeto criado na colônia para dar novas alternativas de trabalho e lazer para a localidade. No ano passado, a iniciativa realizou o Festival de Cultura da Colônia Z-3, evento que levou turistas para a região, movimentando o comércio em um período complicado financeiramente, e promoveu atividades que dificilmente lá aconteceriam sem o esforço das mulheres que o organizaram.

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Natalia Fidelis faz parte do projeto Comunidade em Rede e faz a identidade visual das peixarias (Foto: Paulo Rossi)

Gelo
Em 2011, outro braço da pesca na Z-3 teve protagonismo das mulheres. Naquele ano, um grupo de mulheres se organizou para comandar a fábrica de gelo da colônia, formando a Cooperativa Mulheres da Lagoa.

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