Artigo

O significado do G (Governance) do ESG

Por Marcelo Dutra da Silva - Ecólogo
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A governança corporativa representa a forma de organização de uma empresa, seus processos, princípios e valores. Tem a ver com conduta e alinhamento de propósito entre todas as partes interessadas, sejam sócios, gestores, colaboradores... os chamados stakeholders. 
No exercício da governança há uma série de boas práticas que podem ser adotadas no negócio, por exemplo, o planejamento estratégico, a implementação de órgãos de gestão e controle, programas de Compliance, além de diretrizes que vão definir a política interna da gestão e orientar a tomada de decisões.
Medidas de governança devem se basear nos princípios da equidade, transparência, prestação de contas e responsabilidade corporativa, que é especialmente relevante no "G" da sigla ESG, já que é ele que fundamenta as obrigações da organização em reduzir as externalidades negativas, ao mesmo tempo que trabalha para garantir a viabilidade financeira do negócio.
A responsabilidade corporativa deve estar pautada pela ética da organização, em toda a cadeia produtiva, em que pesam as decisões de importância social e de proteção do meio ambiente. Em outras palavras, o impacto que a empresa exerce no seu contexto de influência, na comunidade em que está inserida e até onde possa alcançar, seus produtos, serviços e feitos respectivos.
A governança tem grande importância na cadeia de valor, o que geralmente envolve muitos negócios, às vezes de natureza bastante distinta. O caso dos trabalhados em condições análogas à escravidão, ocorrido na Serra Gaúcha, quem não lembra?! A notícia abriu espaço para uma discussão antiga e acabou por auxiliar outras descobertas parecidas, em outras regiões do País.
O caso das vinícolas repercutiu no mundo e ficará marcado como exemplo de prática ruim, ilegal, de abuso humano, com grande impacto negativo, que jamais poderia ter sido admitida, mesmo que por terceiros, na prestação de um serviço, na organização do negócio. Ao que tudo indica, houve negligência e falta de controle interno. Como consequência, pessoas sofreram, as empresas foram multadas e toda cadeia de negócios foi afetada para uma imagem ruim de exploração do trabalho humano.
Portanto, empresas que trabalham com mão de obra terceirizada precisam estar atentas e saber como identificar, rapidamente, condutas criminosas. Do contrário, podem se ver arrastadas para a lama, com prejuízos materiais significativos e de imagem incalculáveis. Também vale para empresas que assumem posições político-partidárias, extremismo de qualquer natureza e ou fundamentalismos religiosos. Nada disso é bem-vindo em uma empresa responsável e é por isso que o "G" do ESG é garantia de proteção do investimento, de que todas as atenções necessárias ao negócio e relacionamentos na cadeia de negócio serão dadas, com o devido cuidado, prestado nos mínimos detalhes.
Na gestão responsável o tradicional, engessado e descomprometido tende a cair em desuso, enquanto programas de compliance e integridade, não obstante, um diferencial de mercado, são elevados a obrigações que qualquer organização empresarial e até mesmo pública precisa incorporar e aprimorar em suas práticas.
Repetindo o que já foi dito inúmeras vezes, empresas que incorporam melhores práticas no modelo de negócio tornam-se menos vulneráveis às adversidades do mercado; empresas comprometidas com o social e com o meio ambiente são menos suscetíveis a escândalos, multas e prejuízos; empresas que atuam com responsabilidade na gestão têm mais futuro, já outras nem tanto.


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