Editorial

A força e os desafios do arroz

A partir de amanhã, a Estação Experimental Terras Baixas da Embrapa Clima Temperado, em Capão do Leão, passa a sediar mais uma Abertura Oficial da Colheita do Arroz, encontro anual que reúne as mais importantes entidades da cultura orizícola do Rio Grande do Sul. E, em se tratando do estado responsável por produzir 70% de todo o grão no País - e com grande parte disso saindo de campos da Zona Sul -, pode-se afirmar com tranquilidade tratar-se este evento de um dos mais importantes do Brasil no setor.

Durante três dias, até a próxima quinta-feira (16), a região não estará novamente apenas na vitrine com relação à sua tradição no plantio, capacidade produtiva e potenciais de desenvolvimento de toda a cadeia. A Abertura significa um momento extremamente relevante de intercâmbio entre quem está no campo investindo e produzindo, quem está na academia pesquisando e desenvolvendo inovação, quem está na indústria e comércio fornecendo o que há de mais moderno e, ainda, quem está no poder público e tem a missão de garantir infraestrutura para escoamento e políticas de fomento a esta atividade que está presente em mais de 200 municípios do Estado.

Este ano, diante de mais uma estiagem severa que tem provocado prejuízos mesmo em uma cultura como a do arroz, cujo plantio se dá majoritariamente em áreas de várzea, irrigadas, o encontro em Capão do Leão traz ainda um outro debate fundamental: como garantir produtividade capaz de manter a atividade compensadora. Isso porque, como mostram dados da Emater, a área plantada com o grão na atual safra (862,4 mil hectares) é 9,9% inferior àquela usada no ano passado (957,1 mil hectares). E a queda não se dá por simples vontade de quem investe nestas lavouras, mas sim porque o custo da produção orizícola tem se tornado cada vez mais alto. E rapidamente. Da penúltima safra (2020/2021) para a última (2021/2022), a alta foi de 28%. De acordo com o Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga), o preço mínimo de venda de uma saca precisou saltar de R$ 72,73 para R$ 93,28 entre estas duas colheitas para compensar os gastos no ciclo produtivo.

Não à toa, portanto, nos últimos anos quem vai aos supermercados nota nas gôndolas que o pacote está mais caro. E, conforme algumas análises prévias, há tendência de novas altas no produto diante da maior demanda de mercados externos, o que pressiona a indústria nacional a pagar mais pelo arroz e, consequentemente, repassar aos consumidores.

Como se vê, a Abertura da Colheita do Arroz que se inicia amanhã vai muito além de uma celebração a toda a expertise dos produtores da Zona Sul e do RS. Traz no contexto toda a força do setor e o olhar sobre os desafios que são de quem está no campo, mas que se refletem na mesa e na vida de todos.

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