Opinião

O que a IA pode fazer no cenário que estamos vivenciando?

Por Gustavo Jaccottet
Advogado
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Nesta semana, escolho discutir a importância da inteligência artificial (IA) para prevenir e gerenciar desastres naturais. Embora a IA não possa reagir totalmente de forma imediata, ela se torna essencial como fonte de aprendizado contínuo e indicação de ações futuras, especialmente em situações sem referências históricas claras.

Usando redes neurais e sistemas avançados de processamento de linguagem natural, a IA é capaz de processar grandes quantidades de dados em tempo real - desde imagens de satélite até condições meteorológicas complexas - para antecipar com precisão eventos como tempestades, tsunamis e deslizamentos de terra. Essa capacidade não apenas aprimora os modelos meteorológicos existentes, mas também estimula a cooperação interdisciplinar entre engenheiros, geólogos, geógrafos e historiadores, maximizando a eficiência das medidas de prevenção.

A relevância da IA fica ainda mais evidente quando consideramos as mudanças nas condições urbanas e demográficas ao longo dos anos. Por exemplo, embora uma grande enchente tenha ocorrido em 1941, as características urbanas daquela época diferem muito das atuais. As cidades hoje são mais impermeabilizadas devido ao asfalto e o povoamento em áreas de banhado também mudou, alterando significativamente o risco associado a eventos similares.

Neste cenário, a IA já teve um papel fundamental, ainda que pouco reconhecido, em diversas análises que resultaram em ações preventivas, especialmente na região sul do Brasil. A capacidade de análise superior da IA, quando comparada às formulações matemáticas tradicionais, liga diretamente o conhecimento acadêmico ao uso prático da aprendizagem de máquina, exemplificado pela rede NNUE empregada em jogos de xadrez.

É preciso destacar, no entanto, a dualidade na aplicação da IA. Por um lado, a gestão de riscos e o alocamento de recursos já deveriam ter sido melhor realizados pelo Poder Público, mas por outro lado, é comum a política prevalecer sobre a prudência técnica. Infraestruturas essenciais como tubulações de água e esgoto e sistemas de escoamento pluvial frequentemente ficam ocultas ao público, enquanto inaugurações de obras físicas são mais visíveis e, consequentemente, mais valorizadas politicamente.

Finalmente, é importante entender que a IA, ao adotar métodos que vão além do binário, é capaz de criar cenários múltiplos e hipotéticos, aumentando a precisão dos modelos meteorológicos. Essa capacidade de gerar uma variedade de resultados possíveis oferece uma compreensão mais rica das variações climáticas potenciais, tornando-se uma ferramenta valiosa para a preparação e resposta rápida em situações de emergência. Isso não apenas reduz o impacto adverso desses eventos nas comunidades, mas também refina nossa capacidade de prever e mitigar futuras catástrofes. ​

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