Siglas

Câmara terá dança das cadeiras e PDT pode ficar de fora

Anselmo Rodrigues, Cristina Oliveira e Marisa Schwarzer confirmaram saída de seus partidos na janela partidária

Foto: Fernanda Tarnac - Anselmo, Cristina e Marisa confirmaram a saída de seus partidos

A abertura da janela partidária desta quinta-feira (7) deve mudar a configuração da Câmara de Pelotas. Os vereadores têm até o dia 5 de abril para mudar de partido sem sofrer punições, como a perda de mandato, e poder disputar as eleições de 6 de outubro. Até o momento, três parlamentares já confirmaram a saída das siglas pelas quais foram eleitos em 2020: Marisa Schwarzer (hoje PSB), Cristina Oliveira e Anselmo Rodrigues (ambos hoje no PDT). Ao menos outros dois também podem migrar ao longo do mês, entre eles Márcio Santos, atualmente no PSDB, que diz estar em "processo de análise", ainda sem nada confirmado.

A vereadora Marisa Schwarzer deixa o PSB após atritos dentro da sigla. Ela foi eleita vereadora pelo partido em 2020, em sua primeira disputa. Em 2022, concorreu a deputada federal, mas não foi eleita. À reportagem, Marisa não disse para qual partido deve ir, mas adiantou que será uma sigla de direita - possíveis destinos são o União Brasil e o PSDB.

O presidente do PSB, vereador César Brisolara, o Cesinha, diz que o mal-estar com Marisa surgiu quando ela começou a procurar outros partidos. "Quando soubemos disso, fizemos convite, via executiva, para a vereadora não estar mais nas fileiras do PSB". Ele afirma ainda que vem tendo conversas com outros quatro vereadores que estariam interessados em integrar a sigla.

PDT pode esvaziar

Prestes a assinar a ficha de filiação do PL, Anselmo Rodrigues é o nome mais tradicional do PDT em Pelotas. Filiado desde 1984, é vereador pelo segundo mandato e foi prefeito de Pelotas duas vezes - entre 1989 e 1992 e entre 1997 e 2000. Em seu segundo mandato, foi afastado por um ano e meio a partir de uma CPI que apurou suspeitas de irregularidades em licitações. Ele foi candidato a prefeito novamente em outras três ocasiões (2000, 2008 e 2016), mas não foi ao segundo turno.

Com filiação ao PL, que deve ser sacramentada em evento na sede do partido amanhã, Anselmo diz que não sai do PDT por vontade própria, mas sim que foi "saído" do partido trabalhista. "Toda a história do PDT de Pelotas fui eu que ajudei a construir", diz. "As coisas foram indo para um lado que eu não consegui trazer para o lugar mais. Eu vi tudo que eu construí sendo jogado embaixo do tapete. [...] Na casa em que me criei, que ajudei a criar, me fecharam todas as portas". Ele diz que o descontentamento com o PDT vem crescendo há 20 anos, desde a morte de Leonel Brizola, o principal líder do trabalhismo. "Ali eu previ o que ia acontecer".

Além de Anselmo, o presidente do PL em Pelotas, Valnei Tavares, diz que espera receber "receber mais um ou dois vereadores" na janela partidária, mas não adianta os nomes. O PL, que até o momento não possui nenhum representante na Câmara de Vereadores, já anunciou a pré-candidatura do advogado Weslley Borges a prefeito.

Cristina Oliveira também confirmou que está de saída do PDT. Ela justifica que o partido "nunca cumpriu o que prometeu" e afirma que está avaliando para qual partido deve ir. O presidente municipal do partido e pré-candidato a prefeito Reginaldo Bacci diz que, apesar de Cristina confirmar a saída, "ela é sempre uma incógnita" e que "ela pode mudar de opinião a qualquer momento".

Com a saída de Anselmo e Cristina, o PDT, que elegeu dois vereadores para a atual legislatura, pode ficar sem nenhum representante na Câmara. Bacci diz que o partido mantém conversas com outros dois vereadores que podem se juntar à sigla, mas não revela quais são. A reportagem apurou que um deles é Cauê Fuhro Souto, que, no entanto, nega que sairá do União Brasil.

Diante da possibilidade de esvaziamento da sigla, o presidente diz que os vereadores eleitos pelo PDT 'pouco ou quase nada contribuíram pelo partido' e que as saídas não devem afetar o quadro para as eleições de 2024. Ele afirma que o partido está em processo de reestruturação e cita 'resgatar o legado' de líderes como Getúlio Vargas, Leonel Brizola e Darcy Ribeiro.

Cenário

As migrações dessa janela partidária, no entanto, não são as primeiras mudanças de partido dessa legislatura. O União Brasil, por exemplo, que sequer existia nas eleições de 2020 e foi criado da fusão DEM-PSL, hoje é o partido com mais cadeiras na Câmara - tem quatro vereadores e recebeu os vereadores Marcos Ferreira (eleito pelo PTB), Rafael Dutra (PTB), Cristiano Silva (PSDB) e Cauê Fuhro Souto (DEM). Além deles, também mudou de partido Anderson Garcia, que saiu do PTB para o Podemos.

A janela

A janela partidária é o período que permite que parlamentares mudem de sigla sem perder o mandato. Este ano, o período começa hoje e se estende até o dia 5 de abril, a seis meses das eleições municipais. Políticos que não estejam filiados a um partido até 5 de abril não podem disputar as eleições. Fora desse período, legisladores podem deixar seus partidos apenas com justa causa, como mudança ou desvio do programa partidário e discriminação política pessoal, segundo a Lei dos Partidos.

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