O Movimento pela Educação, iniciativa da Assembleia Legislativa (AL) do Rio Grande do Sul, teve sua penúltima reunião na segunda-feira (9), em Pelotas. O Centro de Integração do Mercosul, da UFPel, recebeu lideranças da região para debater as fragilidades da educação que, ao longo dos anos, foram derrubando os indicadores da área no Estado. O encontro, que originalmente aconteceria em 29 de setembro, precisou ser reagendado em função das chuvas.

Citada como uma prioridade do governador Eduardo Leite (PSDB) em sua segunda gestão, a bandeira da educação também foi levantada pelo presidente da AL, deputado Vilmar Zanchin (MDB). Desde abril, a iniciativa da Assembleia visitou cidades de oito regiões do Estado para promover debates sobre as fragilidades da educação gaúcha.

O nono encontro, no Teatro Dante Barone, da AL, vai ampliar a discussão com especialistas de todo o país na próxima semana. A expectativa é compilar informações e possibilidades para consolidar um Marco Legal da Educação Gaúcha. Entre as prioridades em debate estão a alfabetização no tempo certo, o Ensino Médio de tempo integral com introdução à profissionalização, o fortalecimento da carreira docente e a expansão do uso da tecnologia em sala de aula. "Nós percebemos que há uma vontade não apenas dos administradores, mas também das lideranças da sociedade civil, de melhorarmos a educação do nosso Estado", diz Zanchin, que ressalta a importância de visitar cidades de todo o Estado para conhecer a realidade de cada região.

"No passado, o Rio Grande era referência nos indicadores educacionais e nós fomos perdendo posições para outros estados ao longo do tempo. Sentimos que há uma conscientização coletiva de que é preciso fazermos um pacto a favor da educação", afirma o deputado, que cita a necessidade de o Legislativo estabelecer uma legislação que consolide diretrizes para a melhoria da educação.

A secretária da Educação do Estado, Raquel Teixeira, avalia que a realidade tecnológica da atualidade obriga mudanças na área educacional. "A escola pública tem de 82% a 85% dos jovens, são eles que vão conduzir o futuro do Rio Grande do Sul", afirma. "O que a gente vive no Estado hoje é um momento ímpar que não podemos desperdiçar, em que o poder Executivo, o Legislativo e o Judiciário favor dessa pauta. Agora é trabalhar e ter paciência para esperar o resultado", avalia a secretária, pontuando a necessidade de um planejamento de longo prazo.

Segundo a secretária, duas referências que estão sendo observadas são as experiências de alfabetização no Ceará e de ensino médio em tempo integral no Pernambuco. "Nós temos hoje no Brasil exemplos consolidados que mostram a importância da continuidade de políticas", diz Raquel.

A reitora da UFPel, Isabela Andrade, destacou o papel da universidade na formação de professores. "Reafirmamos o nosso compromisso enquanto instituição de ensino com a educação pública e, principalmente, gostaria de colocar a nossa universidade à disposição desse pacto pela educação", disse.

O reitor do IFSul, Flávio Nunes, destacou a importância da educação para a transformação social do Brasil. Nunes lamentou a baixa atratividade da carreira de professor e disse que a melhoria da educação passa por valorizar os profissionais. "Já se fala inclusive que daqui alguns anos teremos um apagão de professores no país. Por isso, a importância de olharmos cada vez mais para a educação com carinho e como forma de investimento no futuro da nossa nação", disse.

Além da comunidade acadêmica, também participaram da reunião secretários de educação de municípios da região. Representando Pelotas, participou o vice-prefeito Idemar Barz (PSDB).