Alopecia

Quais os sintomas e tratamentos para doença que provoca queda de cabelo

Existe mais de um tipo da condição, que pode afetar homens e mulheres

Fotos Jô Folha - DP - Segundo a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), eflúvio telógeno é uma das principais causas de queda de cabelo.

Associada à queda de cabelo, a alopecia é uma doença que tem mais de uma classificação. Conforme o tipo, a condição que gera essa queda repentina de cabelos ou de pelos em áreas específicas do corpo impacta diretamente na saúde e no emocional de quem é diagnosticado. Uma pessoa normalmente perde até cem fios de cabelos por dia, porém, quando a renovação deles não ocorre ou um folículo capilar é danificado, a queda de cabelo pode se tornar superior à capacidade de regeneração, conforme explica a dermatologista Kelly Abreu Machado Teixeira.

“O cabelo é algo que afeta e reflete muito da nossa autoestima, é um elemento estético bem importante e mostra muito da nossa personalidade. Dependendo da fase da vida a gente pode deixar liso, encrespar, cortar, mudar cor; isso tudo reflete nosso interior. E o fato de ter escolha sobre ele e poder fazer modificações nos dá poder de escolha. Quando a gente passa a perder, quando passa a ter uma redução involuntária que a gente não têm gerência, isso acaba afetando muito a autoestima e às vezes a sensação de impotência sobre o que está acontecendo. O fator emocional que gera com a queda é bastante estressante”, enfatiza.

Androgenética
De origem genética, está associada aos níveis de hormônios no sangue, sendo o tipo comum de queda capilar. Os cabelos vão se tornando ralos e, em homens, as falhas geralmente ocorrem nas entradas e no topo da cabeça. Já nas mulheres, a região central é a mais afetada. “É uma alopecia progressiva e tem um fator genético muito determinante. O cabelo vai ficando atrofiado, fininho e é possível ir percebendo mais o couro cabeludo”, explica Kelly, enfatizando que o diagnóstico precoce nestes casos é fundamental para que o quadro não fique mais agravado e até irreversível. “Chega um momento que o bulbo que produz o cabelo já está tão pequeno que ele não consegue mais ter a produção e o fio não é mais viável. Nesta fase, não conseguimos recuperar, o que acaba evoluindo para uma calvície parcial ou total.”

Areata
Considerado uma doença autoimune, esse tipo gera falhas em formatos arredondados e em áreas específicas do couro cabeludo, além de atingir barba, cílios e sobrancelhas. É mais comum entre jovens e as principais causas são fatores genéticos, reações do sistema imunológico, questões emocionais e doenças como lúpus e vitiligo.

Cicatricial
A dermatologista explica que esta condição cicatricial não é tão comum, mas quando acontece gera inflamações que danificam os folículos capilares. E, além da queda capilar, podem também ocorrer outros sintomas como coceira, lesões vermelhas ou brancas no couro cabeludo e inchaço. “Como o próprio nome diz, no local forma um tecido fibroso, uma cicatriz e assim acaba com aquele bulbo e ele não produz mais o cabelo, causando uma lesão.”

Frontal fibrosante
Com maior incidência entre mulheres, principalmente no período após a menopausa, esse tipo de alopecia atinge os cabelos e às vezes as sobrancelhas, podendo também apresentar alterações na textura da pele, principalmente do rosto. “Esta alopecia preocupa bastante porque é progressiva. Às vezes a paciente não nota, mas o primeiro sinal é que a testa fica mais alongada porque a linha de implantação do couro cabeludo vai avançando para trás, vai formando uma fibrose na faixa frontal, vai acabando com os folículos e o cabelo vai indo cada vez para trás”, alerta a dermatologista. A profissional alerta que, aos primeiros sinais, o dermatologista seja consultado, pois existe mais de uma possibilidade de tratamento. “Cada paciente terá uma resposta e um tempo para o tratamento, mas o principal é não deixar evoluir, pois onde tem cicatriz não se recupera.”

Quedas de cabelo temporária
Eflúvio telógeno é uma forma de perda de cabelo que pode ser classificada como momentânea, normalmente ocasionada por fatores externos, podendo estar relacionados a questões emocionais ou ainda doenças infectocontagiosas. Estando muitas vezes relacionada com estresse, algum evento traumático, perda de peso significativa, cirurgias, gravidez e inclusive a Covid-19.

“Esse tipo de queda pode acontecer tanto devido a uma doença física, falta de nutrientes, até infecções agudas ou stress metabólico. Mesmo sendo uma perda temporária, é muito importante identificar a causa para nortear esse tratamento. Se for uma deficiência nutricional, vamos orientar uma alimentação mais balanceada ou até uma reposição de nutrientes. Se for um caso de alguma alteração metabólica, será tratado. E normalmente a queda intensifica o stress, então cuidar da parte emocional deste paciente também é fundamental”, alerta a dermatologista.

É importante ressaltar que a perda não acontece de uma hora para outra. Normalmente, a condição é decorrente de um evento que aconteceu há dois, três meses e que foi o gatilho para acelerar o ciclo capilar para a fase de queda, chamada de fase telógena. “É normal se perder cerca de cem, 150 fios de cabelo por dia, mas quando a queda é maior e se começa a perceber que o ralo está ficando muito cheio na hora do banho ou a escova de cabelo após o uso e o volume de cabelo está reduzindo, isso é uma questão para chamar atenção e buscar uma avaliação”, alerta Kelly.

A boa notícia é que essa queda é temporária, a condição tem uma duração predeterminada e, caso não haja outra doença associada, responde bem aos tratamentos e ocorre uma melhora bastante significativa.

Sinais de alerta
Por ser uma condição bastante comum, percebê-la não é tão difícil assim. O principal é observar a quantidade de cabelo que cai diariamente.

A partir destes sinais, apenas a avaliação de um médico dermatologista pode definir o melhor tratamento, que poderá passar ao uso de medicamentos de uso tópico, administração de suplementos, medicamentos via oral e, em casos mais severos, até transplantes capilares.

Tratamento
A dermatologista explica que existem muitas formas para minimizar a perda de fios e até reverter a situação. Eles podem englobar suplementações específicas, bloqueios hormonais e usos de medicamentos locais. “O principal é estimular o crescimento do cabelo. Isso engloba reposições de nutrientes quando em falta, usos de medicamentos utópicos ou orais, laser ou lar terapia e ainda podem acontecer a microinfusão do medicamento. Mas cada caso é realizado de acordo com o diagnóstico e a resposta do paciente ao tratamento.”

Ter o diagnóstico do tipo certo de alopecia é essencial para que o médico possa melhor direcionar o tratamento, que de preferência deve ser realizado de forma precoce para reduzir as perdas e impactos. “No meu ponto de vista o mais importante é suspeitar e ir atrás de ajuda e tratar o quanto antes, porque o que serve para um paciente nem sempre irá servir para o outro. Mesmo que tenham o mesmo diagnóstico, o tratamento é individualizado, porque cada ser é único”.

A dermatologista explica que dar importância às queixas do paciente sobre a queda e a mudança do cabelo é essencial.Esses sinais são muito importantes para que o tratamento seja realizado de forma precoce e os resultados mais eficientes. “Muitos pacientes ainda têm um volume grande de cabelo e chegam ao consultório reclamando da queda. A primeira tendencia é achar que ‘nossa, mas ele tem tanto cabelo!’. Mas o paciente se conhece, ele pode ter bastante cabelo, mas estar numa fase de queda expressiva. A gente precisa acreditar neste paciente. Ele se vê todo dia, ele conhece o cabelo, ele sabe o volume e sabe o volume que perde. Diferente da gente, que está vendo ele num momento pontual.”

E foi com a falta de investigação e descrença nas suas queixas que Cleusa de Oliveira Telles sofreu por quase dez anos com a queda de cabelo. Ela conta que nunca tinha passado por problemas do tipo. Bem pelo contrário: o grande volume era algo que sempre chamava a atenção das pessoas para comentários e elogios.Quando percebeu que o cabelo estava caindo, passou por muitas consultas médicas, mas sentia que suas queixas não eram levadas em consideração e, com o tempo passando, a queda ia aumentando e afetando diretamente sua autoestima, fazendo com que convivesse com uma angústia por não compreender a causa e também não encontrar o tratamento para reverter a situação.

“Eu nunca tinha tido problema algum com meu cabelo, nunca precisei de grandes cuidados ou atenção e mesmo assim ele sempre era farto, volumoso e motivo para elogios, todo mundo sempre comentava como era bonito. Aí percebi que a quantidade estava diminuindo muito. Procurei médicos e eles sempre diziam que era exagero, porque eu ainda seguia com uma grande quantidade, mas eu sabia que estava caindo muito e diminuindo, mesmo que parecesse que não. Sentia que os médicos negligenciavam as minhas queixas e o que estava sentindo, isso começou a me deixar deprimida. Até que encontrei uma dermatologista que deu ouvidos às minhas queixas e fez uma consulta e exames bem detalhados, inclusive uma biópsia do meu couro cabeludo para entender melhor a minha situação”, relata.

Cleusa comenta ainda que hoje em dia tem consciência que sua alopecia necessita de cuidados e acompanhamento para que não volte a ficar crônica, mas que este processo foi demorado e doloroso em consequência da falta de um diagnóstico precoce. “Hoje em dia fico muito atenta e faço revisões e acompanhamento, além de cuidar um pouco mais da minha alimentação e sempre que necessário tomo também alguns suplementos e vitaminas.”

Por quanto tempo é necessário tratar?
Casos como o eflúvio telógeno são mais fáceis de reverter.O cabelo volta a crescer depois da queda em excesso. “Mas o importante é saber que a eficácia de cada tratamento varia de pessoa para pessoa, sabendo que é possível uma reversão da perda de cabelo ou, pelo menos, retardá-la. Para retardar o processo ele deve ser tratado”, diz a médica. Ainda assim, é importante ter em mente que algumas alopecias não têm cura, sendo diagnosticadas como crônicas. As possibilidades, nesses casos, se limitam a controlar a condição e retardar o seu avanço. Para isso, adotar bons hábitos para manter o corpo e a mente saudáveis são fundamentais. Por isso, quanto antes a paciente iniciar o tratamento, maiores as chances de uma resposta positiva.

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