Pânico

Autoridades alertam sobre ameaças falsas a escolas

Imagens e áudios de supostos ataques têm feito alunos faltarem às aulas; polícias e Prefeitura orientam a não compartilhar postagens

Foto: Carlos Queiroz - DP - A Brigada Militar realizou patrulhamento em frente às escolas nesta terça


Pelotas
esta vivendo, desde o início de abril, uma situação atípica em razão de boatos e notícias falsas espalhadas em redes sociais e, principalmente, grupos de mensagens com pais de estudantes. São áudios relatando supostas ameaças de ataques a escolas e imagens obtidas na internet, divulgadas e compartilhadas em grande escala, o que tem ampliado a sensação de medo na comunidade escolar.

A primeira instituição a ser atingida por falsa ameaça, mas que resultou em medidas de prevenção, foi a Escola Estadual Félix da Cunha, que chegou a suspender aulas e promover uma caminhada na semana passada pedindo mais segurança. Este evento, somado ao ataque em uma escola infantil de Blumenau, tem resultado em um segundo fenômeno que é o terrorismo das redes sociais. O medo se alastrou e, nos últimos dias, vários pais tomaram a decisão de não mandar seus filhos à escola.

Nesta terça-feira (11) à tarde uma reunião entre a prefeita Paula Mascarenhas (PSDB) e as forças de segurança, incluindo a Polícia Federal, Exército, Guarda Municipal, agentes de trânsito, Polícia Civil e Brigada Militar, definiu propostas para lidar com o problema. Entre elas, a elaboração de um plano de contingência para as escolas. “Servirá para que saibam, de forma ágil e eficaz, reagir em eventos desagradáveis ou em episódios de violência”, resumiu.

As escolas consideradas mais vulneráveis são as prioritárias, com capacitação de professores para momentos de crise. “São mais de 200 escolas no Município e, portanto, vamos começar pelas que ofereçam maior vulnerabilidade, em locais mais violentos, de tráfico, em escolas que tenham acesso mais facilitado. Escolas com que tenham menor participação da comunidade, com menor participação dos pais, com mais dificuldade de comunicação, sem videomonitoramento, sem alarmes, que precisam de maior atenção, com a intenção de reduzir os riscos”, detalhou Paula.

Ainda de acordo com a prefeita, as ações começam a ser fortalecidas a partir de hoje, com a divisão da cidade por regiões, com reforço na presença de agentes de segurança. “Estamos vivendo os sintomas e não as causas. Mas em primeiro momento temos que baixar o nível do pânico. Os pais que não querem levar seus filhos à escola, que não levem. Quem quiser levar, que o faça, tranquilizando as crianças. O pânico só piora as coisas. Estamos fazendo todos os esforços para superar este momento”, salientou. A prefeita pediu ainda que a comunidade acompanhe as notícias nos canais oficiais de comunicação e que não compartilhem mensagens consideradas como “criminosas”.

Cinco eventos confirmados
Durante pronunciamento, Paula relatou que, dentre as diversas mensagens sobre ataques surgidas recentemente, cinco foram identificadas, mas não se tratavam de ameaças. “Aqui em Pelotas cinco eventos foram registrados, porém de alunos que tinham levado algum tipo de artefato no intuito de se defender”, disse.

O pai
Ederson Fonseca tem um filho em escola de educação infantil e não o enviou para as atividades nos últimos dias. “São muitas mensagens divulgadas nos grupos. Não sabemos mais o que pensar, se é verdade ou se é mentira. E não temos como saber. Isso gera a insegurança e não queríamos expor nosso filho.” Uma mensagem da direção, divulgada ontem no grupo da comunidade, tranquilizou os pais, que devem retornar com o filho à escola a partir de hoje.

Brigada Militar
A Brigada Militar orienta que a comunidade não reproduzam ou repassem áudios e mensagens das redes sociais. Suspeitas em qualquer escola devem ser informadas à BM via 190 ou Disque Denúncia (3227-7171). Conforme informações do comando geral, através do coronel Cláudio dos Santos Feoli, há intensificação do policiamento nas escolas através de patrulhas e visitas às direções escolares. As ações estão sendo desenvolvidas nos estabelecimentos de ensino municipal, estadual e particular das áreas urbanas e rurais dos municípios de atuação do CRPO-Sul.

Polícia Civil
O delegado regional da Polícia Civil, Márcio Steffens pede tranquilidade à população. "São notícias descontextualizadas, notícias falsas, com objetivo de criar o pânico desnecessário.” A corporação está apurando o que chega ao seu conhecimento e afirma não haver fatos concretos que indiquem planejamento de ação criminosa ou massacre. Informações podem ser passadas à Polícia Civil através de registro de ocorrências e do telefone 181. “Tudo o que for do nosso alcance, da nossa atribuição, está sendo feito. Não tem motivo para pânico”, reforça Steffens.

Conselho Tutelar
O conselheiro tutelar Ronaldo Quadrado orienta aos pais que avaliem se devem levar os filhos a escola, dentro do quadro dentro daquela instituição. “Os pais têm todo o direito de proteger seus filhos, têm todo direito de cobrar que o Estado estabeleça as políticas de segurança, que deem condições para que crianças e adolescentes frequentem a escolas. Isso também não deve ser argumento para acabar com as aulas e fechar as escolas. A precaução pode acontecer pontualmente, mas não que seja generalizada em um processo de evasão coletiva”, opina.

5ª CRE
A Coordenadoria Regional de Educação está monitorando a situação, em contato e suporte de informações para todas as escolas. Até o momento, seis educandários foram alvo de ameaças falsas. Segundo a coordenadora Alice Maria Szezepanski, foi realizada uma reunião com diretores para organizar as orientações. “Estamos em contato direto e alinhando ações com a Brigada Militar, Secretaria de educação e Ministério Público.”

Capão do leão
A Prefeitura do Município publicou ontem decreto suspendendo as aulas até a próxima sexta-feira (14), com retorno apenas na segunda (17). Conforme a secretária de Educação, Milca Vilela, não foram registrados casos de ameaças. Mas, em reunião do Poder Legislativo com o Executivo, ficou decidida a suspensão das aulas. “Em razão da população estar desestabilizada com a enxurrada de informações, através de imagens e áudios. E também porque constatamos um número reduzido de alunos nas escolas na manhã de hoje (ontem)." Hoje acontece mais uma reunião na Câmara de Vereadores, com representantes do Executivo, Legislativo, Conselho Tutelar, diretores das escolas, Brigada Militar e Polícia Civil.

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