Aniversário

Histórias que consolidam o centenário 4º BPM

Nos 100 anos do Batalhão, duas gerações de policiais militares que resume o papel da profissão

Foto: Rafael Tavares - A experiência dos primeiro sargento Santos com a juventude do soldado Lima simbolizam a solidez da corporação

Duas gerações diferentes, mas com um mesmo ideal: proteger a sociedade. Nos 100 anos do 4º Batalhão de Polícia Militar (4º BPM) completados nesta quarta-feira (21), a reportagem buscou a experiência de um veterano e a expectativa de um novato, para tentar mensurar o serviço prestado pela corporação aos pelotenses e também moradores da região. São relatos de quem tem a Brigada Militar como uma família e que como ideal, exercer uma profissão que ficará de exemplo para muitas pessoas.

O primeiro sargento Vanderlei Rodrigues dos Santos tem 56 anos e 35 anos de BM. São 11 anos a mais só em serviço do que a idade do soldado Rodrigo Lima, 24, que ingressou há um ano e meio. Junto, os dois já acumulam experiências que solidificam cada vez mais a corporação, que por si só já faz parte da história de Pelotas, a começar pelo prédio da avenida Bento Gonçalves, um patrimônio da cidade pelos seus detalhes arquitetônicos e de beleza destacada com a nova pintura que trouxe as cores originais da Brigada Militar.

Dessa história centenária, o sargento Santos participa há 35 e, se pudesse, ficaria mais uns 20. "Não sei como vai ser agora na reserva (fez o pedido e aguarda autorização). Eu amo a minha profissão", diz o militar que durante toda a carreira esteve nas ruas, combatendo a criminalidade, lidando com conflitos e situações de risco. Ele conta que quando ingressou em 1989, fim do regime militar, as patrulhas eram sem coletes e com 'um 38 na cintura'. "A Brigada Militar se modernizou, qualificou. Temos equipamentos, carga horária definida e nossos direitos são respeitados. Mas é uma profissão muito difícil. É preciso manter o emocional sempre em dia", confessou. Para quem vai encerrar a carreira como tenente, agir sempre com base na lei é a forma de se manter dentro da profissão. "Ser sempre leal no serviço à sociedade", garante o primeiro-sargento que diz ser policial 24 horas.

Sobre a criminalidade

Ambos têm consciência de que o crime se organizou e para isso, o PM precisa ter conhecimento e ficar atento às mudanças. Para o soldado Lima, o mais difícil da função são os riscos que o profissional corre durante a jornada de trabalho e fora dela. "A sensação é de que parece que a criminalidade está perdendo os escrúpulos de investir ou atentar contra um policial. Então temos que ter cuidado e atenção o tempo todo, principalmente nas nossas folgas, pela possibilidade de sofrermos alguma violência decorrente de nossa função, ou de perdermos a vida tentando salvar outra. Entendemos que isso faz parte da nossa função, mas somos seres humanos acima de tudo".

O primeiro-sargento Santos sabe bem o que o soldado Lima diz, pois já esteve diante de confrontos e precisou tomar decisões rápidas. "O crime está organizado e delinquente, às vezes, está armado até melhor que a polícia. Por isso, a qualificação e o conhecimento são fundamentais nessas horas, pois é preciso agir dentro da lei. Até, porque a sociedade nos cobra muito isso." O veterano admite que existem situações estressantes e que acaba afetando até a família, mas que o importante é saber lidar com elas. Ao longo da carreira, foram muitas patrulhas e atendimento, mas a mais difícil, foi atender uma ocorrência de incêndio onde duas crianças morreram carbonizadas.

Em um pouco mais de um ano e meio de atuação nas ruas, o soldado Lima diz que já foi necessário realizar o uso da força para conter algumas pessoas que atentaram contra a sua segurança e a de seus colegas, durante o atendimento de algumas ocorrências. "Mas até o momento, nunca foi necessário usar minha arma de fogo contra alguém, situação essa em que correria um risco de vida mais grave. Ou seja, já corri alguns riscos, porém por enquanto nenhum risco real de morte." Para o policial militar, é compensador quando a guarnição chega a tempo de evitar um crime, salvar uma vida ou impedir um assalto. "Nesse momento é que percebemos o quão importante nossa função é e que podemos realmente fazer a diferença na vida das pessoas".

Mensagem

Santos conta que hoje atua com os filhos de colegas que entraram com ele na corporação. "Então eu sempre tento passar para eles orientações dentro da legalidade. É uma ótima profissão, mas é difícil lidar com pessoas." Portanto o uso do diálogo, mesmo que cada situação seja diferente, ainda é a melhor abordagem, segundo o PM. "Firmeza não quer dizer agir com ignorância. Devemos mostrar o que é legal e o que não é" Para os militares, mais de 90% das ocorrências são resolvidas através do diálogo e da conversa. "Sempre nos aproximamos das ocorrências com o máximo de cautela e seguindo todos os procedimentos e técnicas de segurança, porém, quando notamos que a situação está estável, ou que podemos contorná-la através do diálogo, o fazemos. A força só é utilizada quando estritamente necessário".

O soldado Lima, que descobriu no Exército e no exemplo do tio (que foi soldado por dez anos na BM), o gosto pela profissão, diz entender que a atividade de polícia ostensiva, mesmo não sendo a mais bem remunerada, com certeza é muito recompensadora. "A forma como a comunidade enxerga a Brigada Militar no geral é boa, a maior parte da população gosta da instituição. Somos bem recebidos nos lugares e nos tratam bem, porém, sempre há uma parcela da população que tem uma ideia errada da corporação", analisou. Para ele, policial militar é uma profissão muito complexa e que exige muito do profissional, principalmente técnica e psicologicamente.

O centenário

Em 1924, com o fim da Revolução Assisista e com a assinatura do Pacto pela Paz, em Pedras Altas, o governo do Estado preocupou-se com a segurança da Zona Sul e, diante dos constantes movimentos insurretos, que reinava desde o fim do movimento de 1893, resolveu estabelecer na região Sul do Estado uma espécie de ponta de lança. Para isso, resolveu criar uma unidade da Brigada Militar com base fixa na cidade de Pelotas. Como consequência de um ato governamental, nasceu em 21 de fevereiro de 1924, o 4º Batalhão de Infantaria Montado (4º BIM). Após várias denominações, a partir de 16 de junho de 1970, passou a se chamar 4º Batalhão de Polícia Militar (4ºBPM).

Estrutura

Atualmente, o 4º BPM tem como área de responsabilidade os municípios de Pelotas, Arroio do Padre, Capão do Leão, Canguçu, Morro Redondo, Pedro Osório, Cerrito, Piratini e Pinheiro Machado. É composto por quatro seções (pessoal, operações, inteligência e de logística e patrimônio) e quatro companhias de policiamento. Possui uma Força Tática, uma Rocam (ronda ostensiva com apoio de motocicletas), Patrulha Maria da Penha, Equipes do Proerd, Patrulhas de Policiamento Escolar e Patrulhas Rurais. O Atendimento do 190 e das viaturas de patrulhamento ostensivo atuam nos nove municípios nas 24 horas do dia. À frente do comando está o tenente-coronel Paulo Renato Scherdien.

O centenário será comemorado com Formatura Festiva, às 20h, na avenida Bento Gonçalves, 3207, no centro de Pelotas. Na sexta-feira, às 19h, a Câmara de Vereadores de Pelotas prestará uma homenagem à corporação e o jantar baile será no dia 19 de abril. "É um orgulho estar fazendo parte dos 100 do Batalhão. Eu fico emocionado", diz o sargento Santos com os olhos marejados. "Sabendo desde criança da riqueza cultural que nossa cidade e tudo dela carregam muito história, é gratificante se sentir parte de tudo isso. Mesmo após todas as transformações que o 4° BPM sofreu ao longo dos anos, diversas salas, construções e até móveis dentro dele parecem ser partes de um museu, claramente sendo conservados ao longo dos anos e mostrando para nós como as coisas eram antigamente", completou o soldado Lima.

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