Conservação

Área do Cassino será transformada no Parque Natural Municipal da Barra de Rio Grande

Decreto será assinado no dia 2 de fevereiro, transformando espaço em Unidade de Conservação Ambiental

Foto: Rodrigo Genoves - Kaosa Rio Grande - DP - Área é composta por um mosaico de ecossistemas

Por Victoria Meggiato
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No Dia Mundial das Áreas Úmidas, celebrado em 2 de fevereiro, será assinado o decreto que oficializa a criação do Parque Natural Municipal da Barra de Rio Grande, localizado na Praia do Cassino. A área, que abrange 439,66 hectares, será transformada em Unidade de Conservação e irá resultar em diversos benefícios, tanto para a biodiversidade, quanto para o turismo e economia do Município.

O objetivo principal do projeto é preservar a área para que a integridade ecológica seja mantida. Com isso, o espaço passa a ter determinações. "Significa que fica bem estabelecido, bem regrado, vai ter suas regras próprias de uso, tem as suas compatibilidades e vão ter suas restrições também", explica o biólogo e secretário de Meio Ambiente de Rio Grande, Pedro Fruet. De acordo com ele, o local será um grande laboratório a céu aberto, que deve ser utilizado como um exemplo a ser cuidado.

Segundo o Sistema Estadual de Unidades de Conservação (Seuc) do Rio Grande do Sul, existem atualmente 24 Unidades de Conservação cadastradas no Estado. A área onde o Parque será criado é considerada relativamente pequena em espaço, mas possui um mosaico de ecossistemas composto por dunas, campos, banhados, capinzais, marismas e outros. Essas espécies realizam a filtragem de água e drenagem urbana, além de captarem o estoque de carbono, diminuindo assim os efeitos das mudanças climáticas.

O projeto

Apesar de somente neste ano sair do papel, o desejo para a criação do parque é antigo e vem sendo debatido há aproximadamente 15 anos. Entretanto, somente nos últimos dez anos o projeto ganhou mais força, com novos estudos, desenhos e propostas. Em 2020, o Núcleo de Educação e Monitoramento Ambiental (Nema) deu início às pesquisas sobre a biodiversidade do local.

De acordo com Maria Carolina Contato Weigert, diretora do Nema, a área apresenta uma grande heterogeneidade ecológica. "Tem uma representatividade muito grande de diversos ecossistemas que a gente tem aqui na região e por isso se torna tão importante para a preservação". Ela afirma que essa Unidade de Conservação vai proteger cerca de 18 espécies ameaçadas de extinção, além de outras 18 espécies que, embora não ameaçadas, são objeto de preocupação.

A conversa com a comunidade também foi importante para ter uma resposta sobre a percepção da população a respeito da criação do Parque. Além disso, foram realizadas consultas públicas. O projeto teve grande aceitação.

O local está inserido entre o loteamento ABCX e o estuário da Lagoa dos Patos, limitada a leste pelo cordão de dunas vegetadas e a oeste pela área verde do Distrito Industrial do Rio Grande. Assegurar a preservação dessa área, segundo Maria Carolina, é fundamental para a manutenção do mosaico. "Vai criar como se fosse um oásis de vida no meio desses ecossistemas, no meio desses ambientes em desenvolvimento que é a área urbana do Cassino e a área em desenvolvimento do polo industrial", acrescenta.

Impactos e próximos passos

A criação do Parque, mantendo o ecossistema íntegro, trará efeitos positivos para o Município em termos biológicos, ecológicos, sociais e econômicos. Também irá proporcionar uma grande área protegida, mantendo a biodiversidade e os serviços ecológicos prestados pela região. Segundo Fruet, os impactos são muitos. "Muitas compatibilidades com turismo sustentável, uso para pesquisa científica, conservação da biodiversidade, para desenvolver educação ambiental", destaca. Ele também ressalta que, além de promover benefícios para o meio ambiente, favorece os empresários e a comunidade, além de oferecer a valorização imobiliária de quem mora naquela área, com a certeza de que ali não terão novos prédios e construções.

Depois que o Parque for instituído, será necessário se formar um Conselho Gestor constituído por diversos segmentos da sociedade. Dessa forma, poderão ser feitas deliberações sobre o local. "Tem que fazer um plano de uso para aquela área, tem muitas decisões que serão tomadas de forma participativa, democrática, assim como foi a própria criação do Parque", finaliza.

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