História

Arqueólogos encontram estrutura do antigo Cais de Rio Grande

Estrutura do século 19 foi encontrada durante revitalização do Centro Histórico

Foto: Jô Folha - DP - Arqueólogos encontraram estrutura durante obras de revitalização do Centro Histórico

Até poucos dias, quem passasse na rua Riachuelo, no Cais do Porto Velho de Rio Grande, não imaginaria ter a história sob seus pés - literalmente. Uma parte quase esquecida do passado da cidade mais antiga do Estado voltou à tona durante o trabalho de revitalização do Centro Histórico, quando as equipes encontraram uma estrutura que remete ao século 19, do antigo Cais do Porto de Rio Grande.

Construído na década de 1870, o antigo cais ficou ativo até os anos 1910 e foi a principal porta de entrada e saída para o Rio Grande do Sul. O arqueólogo Charles Miranda, da equipe que está acompanhando os trabalhos, diz que a antiga estrutura foi encontrada quando uma máquina bateu nas pedras do cais durante as obras de instalação de tubulação pluvial. “A gente começou a ver que era uma estrutura de cais mesmo. Comparamos as plantas de 1870 e as fotos e percebemos que era o Cais da Boa Vista”. Obras de engenharia que precisam de licenciamento ambiental necessitam de um estudo histórico e arqueológico.

O fato de que houve um cais anterior no local não era uma novidade, mas os pesquisadores pensavam que o material tivesse sido reaproveitado na estrutura construída posteriormente. “A gente não imaginava que ele tivesse inteiro aqui embaixo”, diz o arqueólogo. “Esse cais foi feito e pensado já na construção da Alfândega, então conta toda a história da expansão da cidade, do auge de Rio Grande no século 19”.

A descoberta foi relatada ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), que irá acompanhar o trabalho. Miranda destaca que o achado não atrapalhará o trabalho de revitalização. “Pode ser que haja alguma alteração no projeto paisagístico. Então talvez algumas partes fiquem expostas, com placas explicativas”, adianta.

Além da estrutura de pedras, outros artefatos históricos foram encontrados pelos arqueólogos que acompanham a obra, como louças, metais e pedaços da linha de bonde que passava pelo local. “A gente acaba encontrando muita informação do local onde estamos atuando”, relata Miranda. Esses materiais estão sendo separados e classificados pelos arqueólogos.

Outros artefatos do século 19 foram encontrados na escavação

O achado da estrutura abre uma janela de possibilidades, e muita história pode continuar escondida na cidade mais antiga do Rio Grande do Sul. “No núcleo da cidade, principalmente, qualquer lugar que a gente cave a gente encontra alguma evidência da ocupação histórica anterior. Louças antigas, moedas antigas, cerâmicas, todos vinculados desde a fundação da cidade”.

História

Rio Grande foi a principal porta de entrada do Estado

A historiadora e arqueóloga Amanda Cristina Alves está trabalhando na busca por mais fatos históricos a respeito do antigo cais. O trabalho da pesquisadora envolve vasculhar os acervos da Biblioteca Riograndense, documentos históricos da Câmara de Rio Grande, documentos técnicos, jornais, livros e fotografias do período.

Ela explica que a construção tanto do cais quanto da Alfândega surgiu da necessidade, lá no século 19, de acolher a grande demanda portuária da cidade. Segundo a historiadora, antes da construção dessas estruturas, havia uma dificuldade de os navios atracarem, as cargas eram trasladadas à terra por lancha e muitos objetos acabavam perdidos. “Não veio somente como embelezamento e modernidade, veio como uma necessidade devido ao aumento do comércio portuário”, pontua a historiadora.

O historiador Lênin Landgraf considera que a descoberta da estrutura poderá chamar a atenção para a região do Porto Velho. “A ideia de revitalizar o local, respeitando o quesito arqueológico e histórico, é muito boa certamente atrairá turistas e os próprios locais para voltar a ocupar um espaço que é seu”, diz.

Obras
As obras de revitalização do Centro Histórico de Rio Grande começaram em fevereiro. O projeto de quase R$ 3 milhões conta com recursos do governo do Estado e da Prefeitura. Após a conclusão, o espaço deverá contar com áreas verdes, ciclovia e sistema de iluminação.

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