Manifestação

Cancela do pedágio de Rio Grande esteve liberada por mais de duas horas nesta sexta-feira (12)

Devido à ação de movimentos sociais, que protestam contra o aumento tarifário, não houve cobrança na praça do Capão Seco entre as 9h30 e o meio-dia

Foto: Carlos Queiroz - DP - Segundo a PRF, cerca de 150 pessoas participaram do protesto

Por Heitor Araújo

Centenas de manifestantes liberaram a cancela da praça de pedágio entre Pelotas e Rio Grande, na BR-392, na manhã desta sexta-feira (12). Estiveram presentes integrantes de movimentos sociais e lideranças políticas da região e do Estado. A reivindicação é a revogação do aumento tarifário de 28,9%, concedido no início do ano, que elevou a cobrança para veículos de passeio a R$ 19,60, e suspensão da renegociação do contrato com a concessionária da rodovia, a Ecosul.

Os manifestantes chegaram por volta das 9h40 na praça de pedágio do Capão Seco e permaneceram até o meio-dia. Imediatamente, funcionários da Ecosul retiraram-se do local, e os veículos que trafegavam pela rodovia tiveram passagem livre pela cancela.

Este é o segundo protesto contra o aumento tarifário dos pedágios da Zona Sul neste ano. No dia 3 de janeiro, uma quarta-feira, manifestantes estiveram no mesmo local e também na BR-116, em Camaquã, em manifestações pacíficas. Na ocasião, uma decisão judicial impediu que a pista fosse bloqueada.

Nesta sexta-feira, além de movimentos sociais e sindicalistas, lideranças políticas estiveram presentes no ato. O deputado estadual Adão Pretto (PT) acompanhou a manifestação. Ele avaliou que o protesto é importante para sensibilizar a Agência Nacional de Transporte Terrestre (ANTT) sobre o tema, e que a bancada petista na Assembleia está buscando uma reunião com a ANTT e também com Renan Filho (MDB), ministro dos Transportes, para ter a revisão tarifária.

“Nós não podemos aceitar esse aumento abusivo neste ano, mas também temos que olhar para o passado: são quase 28 anos deste contrato, firmado em 1998, na época do governador Antônio Brito e presidente Fernando Henrique Cardoso. Sempre foi um pedágio caro. É uma região que tem potencial enorme, de agricultura e com o Porto de Rio Grande, e não pode ter essa barreira”, disse.

No mesmo sentido, o deputado estadual Zé Nunes (PT) avalia que as tarifas atuais colocam em xeque a competitividade do Porto de Rio Grande, um dos maiores do país, em uma região que recebe poucos investimentos e enfrenta dificuldades econômicas.

“O Polo Sul de pedágios tornou-se insustentável. Nós gastamos mais em pedágio do que em combustível para transitar entre as cidades. Uma carreta sai de Camaquã e gasta mais de R$ 1 mil em pedágio para chegar em Rio Grande. Ele gasta mais nesse trecho do que de São Paulo a Camaquã. Isso é um roubo institucionalizado”, afirmou o parlamentar.

Mais caro do País

Com o reajuste deste ano, a tarifa para veículos de passeio subiu de R$ 15,40 para R$ 19,60. É a mais cara do País. Para os veículos de carga, a cobrança varia entre R$ 39,10 (2 eixos) e R$ 234,70 (9 eixos). A Ecosul justifica que o aumento é definido pela ANTT e são referentes ao período acumulado de 2021 a 2023.

Motoristas que passavam pelo local buzinavam em apoio aos manifestantes. Um deles foi o caminhoneiro Schneider Silveira Jardim, 37 anos. À reportagem, ele classificou o preço da tarifa na Zona Sul de “abusiva”. Dirigindo uma carreta de seis eixos, ele gastaria R$ 117,40 para passar pela cancela.

Em um transporte de carga de Cristal a Rio Grande, o caminhoneiro afirma que tem custo maior em pedágio do que em diesel. “É um pedágio com valor elevado muito próximo um do outro”, reclama. Segundo ele, muitas vezes o contratante do frete não cumpre a legislação e não repassa os valores do pedágio ao contratado. “Tenho que pagar do meu bolso e isso acaba impactando a nossa renda”, lamenta.

Por meio de nota, a Ecosul afirmou que os manifestantes “invadiram” a praça de pedágio e “mudaram a posição das câmeras de monitoramento”. A concessionária disse, ainda, que “por segurança, os colaboradores foram retirados das cabines [de cobrança]” e que equipes de operação permaneceram no local para “garantir a segurança viária na rodovia”.

Quatro viaturas da Polícia Rodoviária Federal (PRF) foram deslocadas e chegaram à praça de pedágio por volta das 10h15. Segundo um dos agentes, por ser uma manifestação “ordeira”, não houve nenhuma determinação para a retirada dos manifestantes do local, a menos que houvesse uma decisão judicial neste sentido. O cálculo dos agentes é de que havia 150 pessoas presentes – a organização aponta o dobro. PRF e Ecosul não apresentaram estimativa de quantos veículos passaram pelas cancelas livres.

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