Rio Grande

Tartarugas são encontradas mortas na Praia do Cassino

Animais da espécie Caretta caretta, também chamadas de tartarugas-cabeçudas, apareceram à beira-mar; principal causa é a captura incidental na pesca

Foto: Leandro Lopes - As condições meteorológicas do final de semana contribuíram para que as tartarugas já mortas chegassem à faixa de areia

​Neste final de semana, tartarugas foram encontradas mortas na praia do Cassino, em Rio Grande. Pelo menos três animais da espécie Caretta caretta, comumente chamada de tartaruga-cabeçuda, apareceram à beira-mar, causando curiosidade em quem frequenta o local. De acordo com o Núcleo de Educação e Monitoramento Ambiental (Nema), o principal motivo da morte dessas tartarugas em específico é a captura incidental na pesca, já que as tartarugas não são espécie-alvo de pescarias.

É comum que a espécie Caretta caretta apareça morta no Litoral Sul pela pesca incidental através de dois fatores. "Ou elas morrem por afogamento, quando são capturadas nas redes, ou podem morrer por embolia gasosa, uma doença descompressiva que só ocorre nas redes de arrasto", explica o coordenador do projeto Tartarugas Marinhas do Nema, Sérgio Estima. Segundo ele, a embolia ocorre quando o animal está se alimentando no fundo do mar e, quando é capturado, a rede sobe muito rápido, causando a morte.

As condições meteorológicas do final de semana, com a chegada das chuvas e mudança no sentido do vento, também contribuíram para que as tartarugas já mortas chegassem à faixa de areia. "Esses animais que estavam boiando no mar acabam chegando na nossa costa. É uma soma da mortalidade que ocorre em função da interação com a pesca e pelas correntes que acabam trazendo eles para a beira da praia", observa Estima.

Monitoramento

Mensalmente, o Litoral Sul, desde a Lagoa do Peixe até o Chuí, é monitorado para registrar o aparecimento de tartarugas e outros animais. A iniciativa é uma parceria do Nema com a Universidade Federal do Rio Grande (Furg) e o Museu Oceanográfico do Município, que realizam o acompanhamento constante.

De acordo com Estima, não foi observado nada anormal durante este período. "O nosso trabalho é tentar identificar quais as pescarias que têm maior captura e como a gente pode lidar isso com os pescadores", salienta. O trabalho é feito junto aos pescadores e ao setor de pesca. "Algumas áreas a gente está sempre tentando manejar junto com o setor da pesca. Por exemplo, uma área com uma captura muito grande, vamos tentar evitar."

O monitoramento de praia é uma ação para atender a condicionante da Licença Ambiental do Porto de Rio Grande. Além disso, para o contato com os pescadores, existe a "Sala do Pescador", no Porto Histórico, para dialogar sobre a conservação ambiental, como as capturas incidentais, os primeiros atendimentos às tartarugas marinhas capturadas e outros assuntos.

Mortes de tartarugas não são consideradas atípicas

O fenômeno, de acordo com especialistas, é mais comum do que se imagina. A taxa de mortalidade desses animais no Cassino é considerada alta, sendo grande parte das mortes ocasionadas pela interação com a pesca. Dependendo da espécie, as tartarugas também podem morrer naturalmente ou por alguma doença contraída.

A tartaruga-cabeçuda utiliza o Litoral do Estado como área de desenvolvimento e alimentação. Devido à sobreposição entre as áreas utilizadas pelas tartarugas para alimentação e as áreas utilizadas pelas pescarias de emalhe e arrasto, muitas são capturadas incidentalmente. "As tartarugas marinhas respiram por pulmões e precisam subir à superfície para respirar. Ao ficar muitas horas presas nas redes de pesca, elas acabam morrendo asfixiadas", afirma Danielle Monteiro, professora do Instituto de Oceanografia da Furg.

Conforme descreve Danielle, muitas, inclusive, já chegam mortas a bordo das embarcações e são devolvidas ao mar, posteriormente encalhando nas praias. Por morrerem asfixiadas, a maioria não apresenta marcas externas que evidenciem a captura. "Como realizamos o monitoramento da captura incidental na pesca, temos o conhecimento desta realidade. É muito importante deixar claro que esta captura não é intencional, é uma captura incidental. As tartarugas não são a espécie-alvo das pescarias", ressalta.

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