Evento

Festa do Pêssego atrai grande público ao 7º Distrito

Mesmo com uma quebra na safra, estimada em 40%, produtores celebram a colheita em ano desafiador

Fotos: Carlos Queiroz - DP - O pêssego, estrela da festa, estava sendo vendido por R$5,00 o quilo

A tarde de sol atraiu centenas de pessoas à Festa Municipal do Pêssego, neste domingo (26), na Vila Nova, 7º distrito de Pelotas. O evento, promovido a partir de parceria entre Comunidade São Pedro, Centro Cultural Nativista Raízes da Tradição e Esporte Clube Vila Nova, ofereceu ao público, além da estrela da festividade, que estava sendo comercializada a R$5,00 o quilo, do branco e do amarelo, outras atrações gastronômicas, como um café colonial, feira de produtos artesanais, música e espaço para dança, por exemplo.

Apesar do clima festivo deste domingo, esta safra foi uma das mais desafiadoras, em função do excesso de chuvas, vento e de granizo, que prejudicaram os pomares desde a floração. A região Sul do Estado tem pouco mais de 940 produtores da fruta, com uma produção média em torno de 30 a 40 milhões de quilos, safra esta que deve ter uma quebra de 40%, estima a Emater. "A estimativa é em torno de 40% agora, mas pode ser mais, vai depender do clima daqui para frente. Precisamos agora de tempo bom, de sol", diz o presidente da Associação dos Produtores de Pêssego da Região de Pelotas (APPRP), Mauro Schneumann.

De acordo com Schneumann, a menor incidência de sol afeta a doçura do pêssego, que fica mais ácido. Outro peculiaridade desta safra foi a ocorrência de muitos pássaros nos pomares. As aves bicam as frutas, inviabilizando o amadurecimento. "Isso fez com que os produtores perdessem muitas frutas, que estragaram no pomar. Foi um ano nunca visto na região, a questão dos pássaros e nós não sabemos explicar o porquê", comenta.

O Rio Grande do Sul responde por mais de 60% da produção do pêssego brasileiro e quase 100% da fruta é destinada à industrialização. Este ano a indústria está oferecendo R$2,30 para o quilo do pêssego tipo 1, o maior, e R$2,05 para o tipo 2, valores, segundo o presidente da associação não muito atraentes, especialmente num ano com tantas perdas. "Tivemos um aumento de 10%, mas com uma quebra de 40% na produção, dessa forma o preço deixa a desejar. Mas seguimos na luta, a gente nunca desiste", diz.

"A produção desse ano foi bastante sacrificada, foi difícil. Tem que ser guerreiro para aguentar", fala o fruticultor João Oliveira da Silva, da JF Morangos, que estava expondo no local.

Silva comentou que também está produzindo a variedade Granada de forma orgânica, ou seja, sem qualquer tipo de insumo químico. Por enquanto só a família degustou dos frutos do experimento. "É um outro desafio, produzir orgânico, mas já temos alguma coisa. Nem o adubo é químico, já venho há cinco anos depositando matéria orgânica ali, mas a produtividade não muda nada" Segundo o fruticultor, o que muda é o perfil da planta, que tem que ficar mais alta, para se sobressair da vegetação que é cultivada à volta e que faz a proteção do pessegueiro.

E não era só o pêssego em natura que estava em exposição, o produto beneficiado pela indústria também estava lá para comercialização. "Para nós o pêssego representa 90% do faturamento. A gente vem se dedicando mais e buscando mercados fora de Pelotas, começou com Santa Catarina, depois o oeste do Paraná, onde, também tem muito boa aceitação", conta Paulo Crochemore. Hoje os pêssegos cultivados e industrializados em Pelotas chegam a cidades também dos estados São Paulo e Espírito Santo, além do Uruguai.

A Festa Municipal do Pêssego contou com o apoio da Prefeitura, por meio da Secretaria de Desenvolvimento Rural (SDR), Embrapa, Emater, Universidade Federal de Pelotas (UFPel), Sindicato da Indústria de Doces e Conservas Alimentícias de Pelotas (Sindicopel), Associação dos Produtores de Pêssego da Região de Pelotas (APPRP), Sindicato dos Trabalhadores Agricultores Familiares de Pelotas e Cooperativa dos Apicultores e Fruticultores da Zona Sul (Cafsul).


Pesquisa

A pesquisa que leva aos produtores opções de cultivares cada vez melhores também estava representada na banca da Embrapa. No local, a pesquisadora premiada Maria do Carmo Bassols Raseira apresentou ao público quatro variedades que estão em fase de aprimoramento. A mais recente, chamada jaspe, foi lançada em 2018, mas só agora começa a se popularizar entre os produtores, que cultivam para a industrialização.

Para mostrar a sua produtividade da jaspe, a abertura da colheita do pêssego foi feita em um pomar, de pouco mais de dois anos, com esta variedade. Segundo Maria do Carmo o jaspe tem um manejo mais fácil que o granada e seus frutos são adocicados, com menor teor de acidez. "O grande diferencial é a consistência de produção, nós observamos na Embrapa por dez anos e ele nunca falhou", diz a pesquisadora.


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