Streaming

"Uma noite sem fim" é tema de obras para Netflix e Globoplay

Atriz pelotense Manu Morelli integra elenco de minissérie

Divulgação - DP - Personagem de Manu (C) tem vida interrompida no incêndio

Dois dias antes de completar 10 anos, o trágico incêndio na Boate Kiss, no município de Santa Maria, que causou a morte de 242 jovens, é tema de diferentes obras que abordam o assunto nas plataformas de streaming. Estreia hoje a série documental Boate Kiss - A tragédia de Santa Maria, conduzida e dirigida pelo repórter da TV Globo Marcelo Canellas, para a Globoplay, e a minissérie Todo dia a mesma noite, com direção de Julia Rezende (diretora geral) e Carol Minêm, disponibilizada ontem na Netflix. Ambos os trabalhos têm cinco episódios.

Produzida pela Morena Filmes, Todo dia a mesma noite é uma minissérie de ficção inspirada na história real do incêndio ocorrido na madrugada de 27 de janeiro, em 2013. A obra é alicerçada no livro Todo dia a mesma noite: A História não contada da Boate Kiss (2018), da premiada jornalista e escritora Daniela Arbex, que trabalhou como consultora criativa deste projeto para a Netflix.

A trama ficcional revela, em cinco episódios, os bastidores desta que foi uma das maiores tragédias do país - da investigação policial acerca das circunstâncias que levaram ao incêndio até o início da incansável luta por justiça travada pelas famílias das vítimas, que segue até hoje, 10 anos mais tarde.

O roteiro adaptado por Gustavo Lipsztein segue os caminhos do livro. O primeiro episódio mostra a festa, o segundo o luto e os demais trazem a mobilização das famílias em busca de justiça.

No elenco estão atores conhecidos do público, como Debora Lamm, Thelmo Fernandes, Paulo Gorgulho e Bianca Byington, além de jovens nomes que interpretam as vítimas da tragédia. Entre elas a atriz pelotense Manu Morelli, que vive a personagem Mari.

"É uma série muito importante", fala Manu, que conta que foi impactada pelo roteiro desde o primeiro contato com o texto. A atriz lembra que quando foi fazer o teste ainda não havia sido feita a alteração do nome da personagem. A troca de um nome real por um fictício, segundo a pelotense, foi uma atitude correta. "Até para não atribuir individualidade ao fato e sim uma visão mais geral, eu não vou ser a jovem que interpretou aquela menina que morreu, sou mais uma que interpreta todos esses jovens que morreram."

A atriz diz que dar a estes jovens o que eles não tiveram, "vida", é uma responsabilidade muito grande desde o teste para o papel. "Foi uma preparação, direção e produção muito sensíveis, talvez a mais sensível que eu já vi", comenta.

Essa sensibilidade, segundo a atriz, está também em detalhes, como o de não ter lançamento festivo, por exemplo. "A gente não vê esse trabalho como algo para ser celebrado, é um trabalho a ser discutido, que leve a gente a outros lugares."

Para Manu a minissérie tem o papel de resgatar a memória desse evento trágico, resultado, segundo ela, da ganância de alguns. "Sem memória não tem justiça. Devemos caminhar em direção a esse Brasil que não tenha medo da própria memória, das próprias tragédias e que saiba nomeá-las. E essa é uma história que fala sobre injustiça em todos os ângulos, porque foi uma cadeia de eventos que mostra a desvalorização, a banalização da vida", fala.

Memória marcada

O ocorrido marcou a entrada na adolescência de Manu, que na época tinha 12 anos. "Pra gente que é do Sul foi muito forte. Lembro de ver aquela notícia e começar a chorar e os meus amigos também, mesmo sem conhecer ninguém. É óbvio que é doloroso para pessoas de qualquer lugar do Brasil, mas pra gente, que é do interior do Rio Grande do Sul e vive numa cidade tão parecida demograficamente, bate forte."

Mari, a personagem de Manu, é uma menina alegre, cheia de energia, aberta a outras realidades, que tem pais humildes e batalhadores, vividos por Debora Lamm e Thelmo Fernandes. "São pessoas incríveis. Ela faz vigília em uma praça todo sábado, desde que aconteceu a tragédia, já escutou barbaridades, mas ela segue firme na luta."

A série foi gravada entre 2021 e 2022, em Marechal Hermes, subúrbio carioca. Bagé também teve cenas rodadas por lá. Manu lembra que o início do trabalho foi em plena pandemia, em que também foi vista a negligência por quem detinha o poder. "Teve essa conexão muito brutal e ao mesmo tempo que deu muita razão para aquilo que a gente estava construindo, que era falar sobre um assassinato em massa."

Sofrimento remoído

A obra do jornalista gaúcho Marcelo Canellas, que viveu a infância e juventude até finalizar a graduação em Santa Maria, segue também as famílias e sobreviventes na sua saga por justiça. "E como esse sofrimento ficou sendo remoído ao longo do tempo e retornando como se fosse algo sem fim", disse Canellas em comunicado oficial.


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