Um olhar, uma vida é o título da exposição que homenageia Deborah Blank Mirenda, no ano em que a artista e professora celebra nove décadas de vida. A mostra instalada no Espaço do Arte Daniel Bellora refaz uma trajetória de mais de 60 anos de pintura, apresentando obras de diferentes fases, desde 1960 até as mais recentes, sob curadoria do marchand Antônio André. A visitação, na rua Três de Maio, 1.005, pode ser feita até o dia 26 de janeiro, de segunda a sexta-feira, das 10h às 17h. A realização é da Galeria de Arte Vinte-Vinte.

Foram as diferentes formações que proporcionaram a Deborah a unir duas das suas vocações, a pintura e a educação. Natural de Erechim, a artista tem formação em Artes Plásticas pela Universidade do Rio Grande do Sul (URGS) em 1956, Licenciatura em Desenho pela Pontifícia Universidade Católica do RS (PUC/POA) em 1957, Licenciatura em Pedagogia pela Universidade Federal de Pelotas (UFPel) em 1978, pós-graduação em Orientação Educacional pela Universidade Católica de Pelotas (UCPel) em 1982 e com curso intensivo de arte na educação no Rio de Janeiro em 1972. "Minha meta era procurar ser uma boa professora. A gente tem que estar sempre se atualizando, sempre que eu podia eu fazia um curso", comenta.

"Deborah é uma pessoa muito simples, mas a obra dela é fantástica, de muito impacto. O olhar das personagens que ela pinta são uma das coisas mais incríveis da sua obra", destaca o curador André. O marchand comenta que a exposição não tem fins lucrativos e que o único objetivo é mesmo o de reverenciar o talento da ex-professora. "Por isso buscamos dar destaque a obras do início."

Deborah morou no Rio de Janeiro e em Porto Alegre e se mudou para Pelotas na década de 1950, onde desenvolveu a carreira profissional no magistério. Foi no município que obteve o reconhecimento como artista, além de expor em diferentes locais, a educadora também foi premiada pela sua pintura e por muito tempo também teve sua obra ilustrando jornais da cidade e da capital.

Colorido vivo

A obra de Deborah é marcada por um colorido vivo e traços suaves. A influência modernista está presente especialmente nas telas ocupadas por formas geométricas, presentes em muitas delas. A sua maior fonte de inspiração é a figura humana, que ela apresenta com toques expressionistas. Os rostos não surgiram do nada, a maioria era inspirada pelas pessoas que cruzavam com ela nas escolas em que trabalhava.

Deborah levou para suas personagens, em geral simplificadas, características como grandes e expressivos olhos, que segundo a artista representam "a visão do mundo", além de rostos e nariz alongados. "Nos traços que começam soltos sobre a tela, aos poucos vão ganhando formas e expressando sentimentos, hora de alegria, hora de angústia, hora de tristeza, mas acima de tudo amor. Amor à vida, amor à família, amor à arte", destaca a curadoria.

Hoje aos 90 anos, segue pintando, mas agora utiliza os guaches, canetinhas e nanquim para expressar sua curiosidade, amor e surpresa com vida. O foco atual são as flores. Como hoje ela pouco sai de casa, por causa da idade, o colorido e as formas naturais que enfeitam a varanda de seu apartamento são hoje as fontes de inspiração mais frequentes. "Eu necessito desenhar, por isso eu estou caminhando com 90 anos. Porque a arte me alegra, preenche meu tempo. E eu faço aquilo que me é prazeroso, para a minha auto satisfação", diz.

Entusiasmada com a pintura, Deborah se mantém estimulando os novos artistas, para que não tenham medo de se expor. "Todo mundo na vida tem seu espaço de arte".

Serviço

O quê: exposição Um olhar, uma vida - Deborah Blank Mirenda, 90 anos com arte

Onde: Espaço do Arte Daniel Bellora, rua Três de Maio, 1.005

Visitação: até o dia 26 de janeiro, de segunda a sexta-feira, das 10h às 17h

Entrada franca

​