Concerto

Formação prova que a música pode transformar vidas

Festival Internacional Sesc reúne integrantes de projetos sociais de nove estados na Orquestra Jovem, atração desta noite no Theatro Guarany

Foto: Carlos Queiroz - DP - Formação irá se apresentar na noite desta terça-feira

Formada por alunos da educação musical dos projetos Sesc em nove estados, a Orquestra Jovem Sesc Brasil é a atração da noite desta terça-feira (24) no Theatro Guarany, dentro da programação do 11º Festival Internacional de Música. O concerto marcado para as 20h30min leva ao palco um programa com peças de compositores brasileiros contemporâneos. Na abertura uma obra de Cláudio Santoro (Mini concerto grosso), seguida pela interpretação de temas de: Ernani Aguiar (Quatro momentos), Camargo Guarnieri (Danças brasileiras), Leandro Braga (Festa do tempo) e finalizando com Ciro Pereira (Gonzaguiana).

Com 51 integrantes, com média de idade entre 14 e 20 anos, a Orquestra reúne representantes de estados como, Pernambuco, Pará, Paraíba, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Sergipe, Roraima, Maranhão e Piauí, que participam tanto do eixo Pedagógico, com aulas no Núcleo Social, quanto do Sociocultural, com apresentações em diferentes formações instrumentais. Vindos de realidades de vulnerabilidade social, os jovens encontraram na música uma forma de transformar suas vidas.

O regente, professor e violinista Geovane Marquetti, conta que essa formação é especial porque pela primeira vez a Orquestra Jovem do Sesc terá no palco a presença de músicos de sopro e percussão. "É a primeira vez que funcionam como uma sinfônica, o que é muito novo para eles, mas é também enriquecedor, especialmente para aqueles que estão estreando em uma orquestra", fala.

Para Marquetti, reger um grupo heterogêneo, com jovens de idades e formações distintas, não é tão difícil quanto se possa imaginar. Segundo o regente, nos projetos de onde eles são oriundos sempre acontecem as práticas de conjunto. "A parte mais legal da música e desse Festival Internacional é que cada um tem uma experiência diferente, cada um tem a agregar muito à orquestra, cada um aprende muito com o outro. Eu sempre digo para eles: 'para a música acontecer é como em um time de futebol, não é só um que ganha ou perde. Todo mundo tem que jogar junto para que todos saiam campeões no final.' Na música eles cedem muito um para o outro, tanto em conhecimento, quanto na parte da música. Para que um possa brilhar mais o outro tem que fazer menos, depois tudo se inverte."

Em 2020 este mesmo regente trabalhou com a orquestra do Areal. "É muito legal ter dentro da música de concerto essa possibilidade de trabalhar com alunos de tão diferentes níveis e estados", diz. Para o violinista, tão importante quanto produzir música é poder fazer a diferença na vida desses jovens.

Experiência própria

Marquetti é natural de Volta Redonda, interior do Rio de Janeiro, onde começou também em um projeto social, intitulado Volta Redonda Cidade da Música, aos cinco anos. Por lá permaneceu até os 18. Posteriormente integrou outro projeto na cidade vizinha - Barra Mansa Música nas Escolas, onde permaneceu até os 23 anos, quando passou a atuar profissionalmente.

Para o professor, hoje existem muitos projetos sérios, como os do Sesc, que dão oportunidades para quem, de outra forma, não teria acesso a este tipo de aprendizado, mas é preciso fomentar mais dessas iniciativas. "Se não fosse um projeto social eu não teria me tornado músico, quando eu conheci o violino nunca tinha ouvido ou visto um violino antes, acredito que na vida desses jovens também tenha acontecido isto, porque a música de concerto ainda é pouco acessível."

O professor lembra, que apesar dessa experiência, nem todos vão se profissionalizar. Alguns se tornarão professores e outros profissionais de outras áreas, mas que serão grandes ouvintes. "A música precisa de todos para acontecer, a gente também está formando ouvintes para o futuro e profissionais que vão saber a importância de trabalhar em grupo. Eles aprendem muito com os professores do Festival, mas eles aprendem muito entre eles. Trocam experiências do dia a dia, sobre as dificuldades e facilidades que têm, o que serve para globalizar a música, num país tão grande como é o Brasil."


Oportunidade única

O violinista Sandro Vasconcelos, 25, é oriundo da Orquestra Jovem Sesc Pará, formada também por músicos que atuam profissionalmente como ele. Morador da capital Belém, o músico começou a carreira aos dez anos em um projeto social. Esse contato fez com que direcionasse sua formação para a área.

Vasconcelos tem Licenciatura em Música e pós-graduado em Educação Musical. "Comecei em um projeto social que funcionava em uma igreja, os cursos básicos e técnico fiz na Escola de Música da Universidade Federal do Pará, a graduação e o pós foram na Universidade do Estado."

Em 2020 Vasconcelos esteve em Pelotas com a orquestra paraense, na abertura do Festival. "Mas é a primeira vez que eu venho para participar de todo o Festival, está sendo incrível." Para o músico esse é um momento de crescimento, uma oportunidade única. "A gente tem a oportunidade de conhecer pessoas novas, professores novos, aulas e dicas de cada um, absorver novos conteúdos e isso é enriquecedor", fala.

Sobre a experiência em uma orquestra formada por integrantes de nove estados, Vasconcelos diz que ainda tem a chance de conhecer outras culturas. Nesta edição ele divide estante com um músico de Roraima. "As pessoas trazem seus conhecimentos prévios e aqui a gente junta tudo e faz muita música boa."

Serviço
O quê: concerto da Orquestra Jovem Sesc Brasil
Quando: terça-feira (24), às 20h30min
Onde: Theatro Guarany, rua Lobo da Costa, 849
Ingressos: Para as apresentações no Theatro Guarany é necessária a retirada antecipada de ingressos na rua Lobo da Costa, 849, das 9h às 12h e das 13h30min às 18h30min. Há limite de um par por pessoa, conforme o cronograma: hoje são distribuídos ingressos para hoje, amanhã e quinta-feira. Quem não conseguir buscar com antecedência, pode tentar diariamente, às 19h, antes de cada concerto na entrada dos teatros, onde haverá um número limitado de ingressos à disposição. Sugere-se a doação de 1kg de alimento não perecível por pessoa para o programa Mesa Brasil Sesc.


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