Entrevista

Nova diretora do Malg está focada em formar público para as artes

Professora e artista visual Lizângela Torres deu início à nova gestão preocupada em também ampliar o espaço

Foto: Jô Folha - DP - Artista visual e professora na área da Fotografia e do Audiovisual no curso de Artes Visuais - Licenciatura, tem a formação em Pintura e Fotografia pela UFRGS, Especialista em Museologia com mestrado e doutorado na área da Fotografia

Com 38 anos de atividades, o Museu de Arte Leopoldo Gotuzzo da Universidade Federal de Pelotas (Malg/UFPel) começa uma nova fase sob a direção da pesquisadora Lizângela Torres, que assumiu o comando do único espaço de arte contemporânea da região. Artista visual e professora na área da Fotografia e do Audiovisual no curso de Artes Visuais - Licenciatura, tem a formação em Pintura e Fotografia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Especialista em Museologia com mestrado e doutorado na área da Fotografia. "Atualmente eu trabalho muito com a pintura, minha linguagem como artista", comenta.

Lizângela substitui, desde janeiro, o professor Lauer dos Santos, diretor de 2018 até o final do ano passado, gestão que excepcionalmente em função da pandemia, ultrapassou os dois anos determinados para cada diretoria. Com um acervo de mais de cinco mil obras em mãos, a primeira ação da gestora foi fazer a curadoria da primeira exposição do ano intitulada Artistas mulheres no Malg: obras do acervo - Fase 1. "Deu um brecha nesse período, entre as montagens das exposições e eu resolvi iniciar meu trabalho aqui com uma pesquisa no acervo e como eu já tenho um trabalho em andamento para mapear a obra das mulheres para entender o que é o acervo", explica.

Ao Diário Popular Lizângela falou sobre como pretende conduzir os trabalhos no Malg, nos próximos dois anos. Para a artista, dois focos são principais nesta nova jornada: ampliar o espaço físico do Museu e as ações educativas, com o objetivo de formar público apreciador das artes.

Quais são os principais desafios que a sua administração vai ter que lidar no Malg?
É uma estrutura muito linda, um prédio tombado, muito bem-localizado, bem frequentado. Nós temos um público que eu fico encantada. Muitos adolescentes, todos os extratos da sociedade, pessoas que vêm ao Mercado (Central) e entram aqui. Têm turistas e pessoas de todas as faixas etárias, mas vejo que a maioria são estudantes de Ensino Médio. Mas o prédio ainda é pequeno para o tamanho do Museu, é um acervo muito grande. Nós temos uma reserva técnica pequena para o tamanho do acervo. Uma das propostas que tenho para o Museu é intensificar as ações educativas. Fazer ações para trazer esse público variado para dentro do Museu e conhecer o acervo e criar um olhar de entendimento sobre a arte contemporânea, que é complicado. É um entendimento de uma área do conhecimento que necessita uma experiência melhor, mais alongada com a arte. Não é de uma exposição que ele vai ter o entendimento da arte contemporânea, é um trabalho que precisa de uma mediação. Essa minha proposta inicial é investir nessas ações educativas, que é trabalhar com as escolas, com o público em geral e também com os cursos da Universidade, para fazerem a mediação. Mas a gente não tem espaço para as ações educativas. O Museu Leopoldo Gotuzzo, que é uma joia da cidade, precisa desse espaço para criar esse diálogo com o outro, trazer a cidade aqui para dentro, se abrir para a cidade. Então, apesar de ser um bom espaço, com três galerias muito boas, nós não temos o espaço para o ateliê de restauro, ele é numa salinha improvisada. Seria muito importante que a gente tivesse uma ampliação do espaço físico, apesar dele ser maravilhoso, ele não dá conta para o tamanho do Museu, neste sentido das possibilidades que ele tem, ele necessita para ter esse efetivo diálogo com a sociedade e para abarcar o acervo que é gigante.

A ideia é obter essa ampliação aqui mesmo neste prédio?
É. Nós temos esse anexo (aos fundos do prédio), mas esta é uma negociação que temos de ter com a reitoria. Tem uma salinha que a gente consegue limpar ela - como a gente precisa de um espaço para o educativo - que é possível utilizar. Tá com ar condicionado, tem um piso muito bom, tem mesinhas e cadeirinhas, mas tem infiltração no teto e quando chove não dá para utilizar. A gente usa, mas não é do Museu, usamos porque está desocupada. Meu próximo passo junto à reitoria é solicitar, pelo menos, parte do espaço, mas a gente sabe que precisa de um restauro, precisa de dinheiro e não é pouco, porque todo o telhado está comprometido. A ideia é pedir apoio, junto à sociedade, através das leis de incentivo. Para a gente conseguir restaurar aquele espaço, mas antes precisamos da autorização da reitoria. Esse é um desejo.

O que te motiva?
Coisas que me motivam é conhecer melhor esse acervo, estou indo aos pouquinhos e também torná-lo público para pesquisa. Pelo pouco que eu vi é um acervo muito rico, temos obras que vão contribuir muito para a pesquisa da arte e também para essa questão de formar esse público. O principal desejo é esse, abrir o Museu para a sociedade pelotense.

Como tornar efetiva essa proposta de fazer esse Museu chegar a outros públicos?
Minha ideia é trazer para o Museu outras atividades, além das artes visuais, assim acredito que vai formar mais público. Por exemplo, a gente vai ter uma atividade que é Música no Museu, a programação vai se iniciar com o grupo Iluminuras, que é de música renascentista, no início do próximo semestre, que começa em abril. Antes deles começarem a tocar, a professora Neiva Bohns vai fazer uma pequena palestra, quando ela vai abordar algum artista do Renascimento ou da Idade Média, porque a música deles também tem elementos medievais, trazendo esse público da música, é um público diferente. Depois eu quero trazer o choro para cá. Temos esse projeto maravilhoso do Choro, então é mais um pessoal que de repente não conhecia o Museu e vai passar a conhecer. Trazer lançamentos de livros, tentar buscar outras linguagens, dentro do campo das artes visuais, palestras relacionadas a outras questões para vir para cá e assim vai aumentando as ações educativas. Estamos fazendo um projeto, que está bem encaminhado, junto às escolas. Vamos ir até as escolas e pegar os alunos, com o ônibus, e trazer para cá. Tem uma escola que estamos organizando para março, a Olavo Bilac. A ideia trazer algumas crianças de lá, fazer a mediação. Elas vão conhecer o centro, vamos levar elas na Catedral (Metropolitana São Francisco de Paula), para que elas conheçam os afrescos. A ideia é que tenha uma programação mesmo.

Com relação às redes sociais do Malg, é preciso melhorar a interação com o público?
Com certeza, como eu estava na Galeria A Sala, antes, eu tinha uma equipe, eu tinha o Daniel Momoli (que é o atual coordenador do Núcleo Didático Pedagógico do Malg), que estava fazendo ações educativas lá comigo e a estava a Thais Sehn, professora que é formada em Design, mas também é artista. Ela tem essa pegada da comunicação e do design e me ajudava muito lá e está vindo para cá também. Justamente para a gente trabalhar bem forte na divulgação. Todas as redes sociais não estão sendo atualizadas como deveriam, isso vai contribuir também para a formação de público. A ideia é que cada professor faça um projeto de pesquisa dentro dos seus núcleos para conseguirem alunos bolsistas, para poder dar conta. Porque o nosso problema também é que aqui a gente não tem muita equipe. A equipe de funcionários aqui também é pequena para o tamanho do Museu. A gente precisa desses professores para trabalharem aqui conosco, fazerem projetos para que, então, a gente tenha alunos bolsistas para que os alunos possam vir trabalhar aqui conosco.

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