O projeto Plays The Samba, que mistura dois estilos musicais oriundos da cultura afro, será apresentado pela primeira vez em um palco muito significativo para a cultura negra de Pelotas, o do Chove Não Molha. O evento, que terá ainda a presença da DJ Helô, ocorrerá na quarta-feira (7), a partir das 22h, no centenário Clube Cultural. Ingressos a R$30,00 pela plataforma Sympla.

Plays The Samba é um show de blues que traz versões de clássicos do samba para o gênero, que nasceu nos Estados Unidos no final do século 19. O grupo formado por nove músicos, no estilo de uma big band, interpreta composições de autores como Cartola, Adoniran Barbosa, Lupicínio Rodrigues, Nelson Cavaquinho, Ataulfo Alves e Benito de Paula, entre outros. "São sambas de raiz, canções clássicas que a galera conhece nas suas versões originais. A ideia é justamente surpreender o público, com este formato", conta o líder do grupo e produtor executivo da banda, o músico César Lascano. A produção musical é de Júnior Vieira.

 
O grupo é formado por: César Lascano ( voz, violão, cavaquinho e harmônicas); Júnior Vieira (guitarra e backing vocal); Dani Ortiz (bateria e pandeiro); Alinson Alaniz (baixo); Marcelo Schuch (backing vocal); Davi Batuka (percussão); Uendel Cunha (trombone); Gustavo Martin (trompete) e Edy Sax (saxofone). Participação especiais de: Maurel Duarte e Humberto Schumacher, ambos músicos do grupo Renascença.

Questões sociológicas

O projeto foi criado em 2014, quando era apresentado por um quarteto. A mudança para a big band ocorreu há dois anos, porém a proposta nunca foi alterada. "Harmonicamente e melodicamente estes dois gêneros não se assemelham tanto assim, o que aproxima de fato o blues do samba são questões sociológicas. A história do blues e do samba, quanto herança musical negra, são muito semelhantes", argumenta o músico.

Lascano ainda pontua que ambos os estilos sofreram também um processo de deturpação cultural, com as interferências da indústria fonográfica, especialmente. "De um modo geral, o caminho que esses gêneros passaram se parecem." O músico lembra, que tanto o blues, quanto o samba foram fomentados pelos guetos em que viviam os descendentes dos escravos, que migraram das zonas rurais para os centros urbanos em busca de oportunidades. "E no que mais eles se assemelham? A música de raiz canta e conta o cotidiano dessas pessoas."

Mesmo com uma carreira ligada ao blues, Lascano sempre teve vontade de trabalhar o samba. "Embora eu tenha focado outros gêneros desde o início da minha carreira, o blues foi determinante para o meu trabalho e é interessante que desde o início a reação das pessoas foi de acolhimento ao projeto."

Levar a proposta a um clube ligado à cultura negra pelotense também era uma meta do músico. "O chove entra num perfil de lugares que venho buscando há bastante tempo. E este Clube tem mais um significado na minha vida, relacionado ao meu avô paterno, um dos primeiros sócios do Clube. Eu não cheguei a conhecer o meu avô, mas meu pai me contava."

Essa memória afetiva vai ao encontro da condução do show, que está também recheado por falas que contextualizam o público sobre a raiz afro-americana dos dois estilos e as histórias de repressão e preconceito que tiveram de enfrentar. A professora e doutora Carla Ávila, militante do Movimento Social Negro, também participa contribuindo com essa parte mais didática do evento. Após o show Plays the Samba, a festa no Chove Não Molha prossegue com a condução da DJ Helô.

Ingressos

Além dos lotes antecipados com preços promocionais, o evento contará com um lote de ingressos afirmativos, com preços diferenciados para pessoas pretas, indígenas, quilombolas e trans.

Serviço
O quê: Plays the Samba e DJ Helô
Quando: quarta-feira (7), a partir das 22h
Onde: Clube Cultural Chove Não Molha, rua Rua Benjamin Constant, 2.118
Ingresso: Sympla