Em breve

De Pelotas para o principal celeiro de campeões de maratonas

Érico Ança, da assessoria Paleo Runners, fará imersão de duas semanas em Iten, no Quênia, para viver a rotina da tribo de onde saem recordistas mundiais da corrida de rua

Foto: Volmer Perez - DP - Em visita ao DP, Érico exibe resultados recentemente conquistados no Campeonato Brasileiro de Skyrunning; ele subiu o Pico da Bandeira, em Minas Gerais, terceiro mais alto do País, e foi ao pódio da categoria sub-45

Seguir a mesma rotina da tribo de Kalenjin, de onde já saíram vários campeões de maratonas de relevância mundial, é o objetivo de Érico Ança, 46 anos, com uma viagem marcada para Iten, no Quênia. Nascido em Jaguarão e morador de Pelotas, o treinador e coordenador da Paleo Runners, assessoria de treinamento esportivo voltada a corrida de rua, participará entre abril e maio do projeto The Kenya Experience

O grupo de cerca de 30 pessoas é conduzido pelo paulista Ademir Paulino. Em terras quenianas, os viajantes vão mergulhar no cotidiano local. Serão duas semanas em um alojamento com 15 quartos duplos. Mesma alimentação, mesmas regras e mesmos horários dos anfitriões. Além da experiência por si só, o objetivo de Érico também é testemunhar os principais hábitos que transformaram o país africano em referência global na modalidade. 

“A comunidade lá respira corrida de rua. Se o treino começa às 6h30min e tu chegas às 6h32min, tu já perde, eles já foram. Por que de uma pequena comunidade saem tantos campeões? Não é uma coisa unifatorial. Tem vários fatores. Primeiro de todos, a corrida está na cultura”, afirma Érico. De Iten surgiram, por exemplo, o bicampeão olímpico Eliud Kipchoge e o atual recordista mundial da maratona (2h00min35s), Kelvim Kiptum, que morreu no mês passado em acidente de carro aos 24 anos.

Modalidade em ascensão

O investimento na imersão na tribo de Kalenjin é uma consequência da curva ascendente da corrida de rua no Brasil e em Pelotas. “Quando a gente começou em 2017, tinha pouco mais de um punhado de maratonistas na cidade. Hoje, só na Paleo, a gente tem entre 30 e 40 maratonistas”, conta Érico Ança em visita ao Diário Popular

Dados da empresa Ticker Sports indicam crescimento de 20% de eventos da modalidade no País de 2022 para 2023. Já a Associação Brasileira de Organizadores de Corrida de Rua e Esportes Outdoor (Abraceo) estimava, em setembro do ano passado, que aproximadamente 13 milhões de pessoas praticam a corrida de rua em território nacional. 

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Os números justificam o interesse por conhecimento. “A gente vai observar como eles treinam, as particularidades, para poder qualificar o nosso [treino]. Trazer experiências, conhecimentos para cá. [...] Treinam sempre na altitude. Quando eles baixam [para altitudes menores], acabam tirando uma vantagem no aporte de oxigênio para produção de energia”, exemplifica o jaguarense. 

Érico resume uma questão técnica. Cita a metodologia chamada de fartlek, criada por suecos nos anos 1930 – um treinamento com variação de ritmo por sensação de esforço. “Eles [quenianos] fazem muito treino no saibro, na terra, em estrada. Os mais experientes saem na frente. É como se fosse um treino intervalado, sem estrutura. Puxa uma parte forte, dois ou três minutos, aí alivia, recupera e vai de novo”, define.

Cunho social

A ida ao leste da África também carrega outras intenções. O programa The Kenya Experience tem apoio da marca de material esportivo Olympikus. Serão levados ao Quênia pelo grupo cerca de 300 pares de tênis para doação, além de 600 kits escolares. Em lista de 2022 do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), o país ocupava a 146ª posição no ranking global de Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) – o Brasil era o 89º, por exemplo. 

“Todas as vezes que esse grupo vai, ele faz uma visitação em uma escola local. É uma festa a visita, o pessoal recebe muito bem. Tem essa parte social do projeto”, enfatiza Érico Ança, que também é professor de História. Para a viagem, o treinador da Paleo Runners diz ter contado com o adiantamento de mensalidades de alguns alunos da assessoria, além de apoios das empresas Connectere Agro Gestão, Oliveira Imóveis e OtoPlena Clínica.

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