Cada vez mais presente no universo do futebol, a análise de desempenho deixou de ser novidade e está consolidada, há anos, em clubes. O avanço desse tipo de serviço se provou tão eficaz que hoje é comum o investimento de atletas em acompanhamentos individuais. Diante do contexto, a Pressing Performance, empresa liderada por dois pelotenses, aparece entre as principais do País. 

Criada há um ano e meio por Vinícius Guerreiro e Mateus Gonçalves, a marca atingiu 42 jogadores em seu portfólio. Um dos primeiros trabalhos foi uma parceria com o Grêmio Esportivo Brasil, no início de 2022. O futebol feminino, em que a Pressing é referência nacional na área, atuou como impulsionador da empresa no segmento.

As meias Micaelly, do São Paulo, e Ingryd, da Ferroviária, ambas já convocadas para a Seleção Brasileira, além da zagueira Camila, capitã da Ferroviária, estão entre as clientes. No futebol masculino, alguns destaques hoje são atletas da base do Grêmio, com passagem pelo profissional, como o meio-campista Mila e o atacante Zinho.

O dia a dia

No início, o trabalho mesclava a experiência de Guerreiro como jornalista, com longa passagem pela editoria de esporte do Diário Popular, e a atuação de Gonçalves no setor de análise de desempenho de clubes, entre eles o Pelotas. A dupla visitou o Jornal na última segunda-feira (28) para falar do processo de surgimento, consolidação e atuação da Pressing. 

“Sempre gostei dessa parte tática. […] Eu dizia pro Mateus: preciso de alguém do vestiário. É diferente falar pro jogador, não tinha essa experiência. Quando comecei a empresa, sabia 10% do que sei agora. E aprendi de trabalho mesmo, estudando pra isso”, conta Vinícius. Apesar de também receberem contatos de clubes e até empresas que fazem a intermediação de transferências, o foco é a parceria com jogadores, analisando seus desempenhos para tentar melhorar a performance tática. 

“É onde tem um mercado maior, uma demanda maior. É mais seguro financeiramente. Hoje a gente chegou a 42 atletas no nosso portfólio. Pelo que a gente tem de estudo, somos a terceira maior hoje no Brasil em número de atletas”, diz o jornalista. As reuniões com os jogadores são semanais, por vezes na véspera das partidas, de acordo com a preferência de cada cliente. 

Mateus Gonçalves explica que a dupla não interfere na estratégia da comissão técnica da equipe do atleta. “A gente nunca bate de frente com as ideias do treinador, mesmo que a gente não concorde. A gente foca só no tático-individual. Tem coisas que o jogador precisa fazer independentemente da estratégia. Posicionamento do corpo, não correr de costas, não cruzar a passada, não perder contato visual com a bola...”, exemplifica.

A base vem forte

A vontade de entender melhor o jogo e evoluir taticamente já faz o trabalho da Pressing chegar às categorias de base. O meia-atacante Theo, 13 anos, do Progresso Futebol Clube, é um dos jovens clientes da empresa. O pai, Jeferson Garcia, cita que essa necessidade o levou a investir no serviço individual para o filho.

“Hoje o Théo tem outra visão do jogo de futebol devido à Pressing, algo como ajustar e reajustar o corpo devido a situações diferentes, trocar o ritmo das passadas em algumas situações, observar melhor os espaços do campo e utilizá-los, entre outros, que antes da Pressing não faria. E isso acontece quando estamos vendo jogos na TV e ele observa esses e outros aspectos”, conta o pai. 

Na base, também é preciso lidar com situações como a “oscilação” do atleta entre times da categoria sub-20 e do profissional. “De Série A [do Brasileirão], como o Mila, ainda mais nessa fase de transição, é mais complicado. Tu pode fazer o material e não usar. Fiz com ele na sexta-feira sobre o Cruzeiro [adversário do Tricolor pelo Brasileirão] e ele não foi pro jogo, veio pra cá [enfrentou o Lobo na Copinha da FGF, domingo]. Aí corremos pra fazer o Pelotas pra ele”, cita Guerreiro.

Na Europa

A Pressing Performance também chegou, recentemente, ao mercado europeu. A empresa fechou parceria com o Union Titus Pétange, clube da primeira divisão de Luxemburgo. 

“Vamos jogar tal competição, temos tal orçamento, nosso treinador vai jogar assim e a gente precisa de um leque de opções pra cada posição. A gente faz também esse tipo de trabalho”, resume Mateus Gonçalves sobre como funciona a atuação com os times.

"Estamos passando por uma fase de reestruturação no clube, visando sobretudo alcançar um alto nível. Reconhecemos que para atingir esse patamar é essencial fornecer as melhores condições possíveis para nossos profissionais. É por esse motivo que buscamos a Pressing, com o objetivo de oferecer um suporte máximo à nossa equipe técnica e elevar o desempenho de nossos jogadores em campo", diz Lucas Carnevalli, atleta brasileiro do clube de Luxemburgo.

"Sinceramente, as primeiras semanas têm sido surpreendentes. A Pressing conseguiu identificar minuciosamente alguns pontos que necessitamos aprimorar, além de destacar as áreas que podemos explorar em relação aos nossos adversários. As análises também nos mostram detalhes que requerem uma atenção especial. Com base nesses dados, a comissão técnica monta os treinos semanais, direcionando os jogadores com mais especificidade", complementa Lucas.