Credibilidade foi uma das palavras mais usadas na cobertura do dia a dia do Brasil desde o começo da preparação para a última temporada, que acabou há duas semanas. E em conversa com a reportagem do DP, nesta segunda-feira (21), o ex-preparador físico do Xavante, João Beschorner, reforçou esse discurso. Identificado com o clube, o profissional também falou dos resultados da temporada e dos atrasos salariais, além de deixar as portas abertas para um possível retorno.

“A gente teve muita dificuldade de trazer esses atletas porque se respeitou muito o que a direção decidiu. Um controle muito grande em cima das finanças, pra que esse atleta que viesse trouxesse, nos anos seguintes, credibilidade pro clube. Que pudesse informar aos outros: ‘venha pro Brasil, porque o Brasil consegue pagar, honra os pagamentos’”, disse.

Beschorner acredita, também, que apesar dos problemas dos últimos meses, boa parte dos jogadores sai do Bento Freitas com uma visão positiva do Rubro-Negro. “Nossa temporada foi excelente, porque se atingiu vários objetivos, se proporcionou que atletas novos conhecessem o Brasil e se deixou as portas abertas pra que esses atletas futuramente possam voltar”, avaliou.

Nome forte na comissão técnica de Rogério Zimmerman durante as passagens mais recentes do treinador pela Baixada, o preparador físico ressaltou as campanhas do time no Gauchão e principalmente na Copa do Brasil, citando em especial as partidas contra Ponte Preta e Atlético Mineiro. “A primeira coisa que a gente queria fazer para o clube era trazer a credibilidade pra que no ano seguinte ele conseguisse trazer jogadores que atendam as reivindicações do que o torcedor pede, do que a imprensa cobra e do que o clube almeja”, complementou.

Atrasos começaram em maio

João Beschorner ainda não negociou suas pendências financeiras com a direção. Conforme ele, o Brasil passou a atrasar os salários em maio, mês de abertura da Série D. “O clube poderia ter feito um agradecimento mais coletivo”, afirmou. Sob a ótica do profissional, o grupo de atletas alcançou resultados importantes para o futuro, garantindo calendário nacional em 2024, e “honrou a camisa”.

“Marquei um horário e a diretoria não pôde me atender. Não pude esperar. Recebi via aplicativo o acordo, mas ainda não assinei nada. Ainda faltam algumas coisas que preciso clarear com a diretoria. Tu tem rescisão, fundo de garantia… E são coisas que a gente quer clarear e quer ter segurança. Pode parcelar em quantas vezes tu quiser, mas tem que ter a garantia de que vai receber”, revelou.

Quem sabe, um retorno

“A gente nunca vai dizer ‘ah, não vou retornar’. Só eu, João Francisco, retornei quatro vezes. Se não fosse bem, se eu não gostasse do clube e se não achasse que o clube tem potencial, não teria voltado. Então a gente dá um tempo pro clube se organizar e aguarda que eles cumpram aquilo que determinaram, até pra se manter essa credibilidade”.

Com essas palavras, Beschorner não descarta a hipótese de, em um futuro breve, voltar ao clube. Vale lembrar que todas as passagens do preparador físico pelo Xavante foram integrando a comissão técnica liderada por Zimmermann, e o treinador não continuará. “É uma questão em que respeito muito o clube, sou um profissional que nunca vou dizer pro clube que não vou conversar, que não vou negociar”, afirmou, dizendo ainda que nenhum contato nesse sentido aconteceu.