Legado

Lobas completam 27 anos em meio a um Mundial Feminino de maior visibilidade

Projeto ligado ao Pelotas chega a mais um aniversário na próxima terça (25). Copa começa nesta quinta e traz à luz o pioneirismo da iniciativa liderada por Marcos Planela

Foto: Aline Klug - Especial DP - Desde 1996, 28 atletas com passagem pelas Lobas vestiram a camisa da Seleção em alguma categoria

“Eu não imaginava, em 1996, quando fomos conversar com a direção do Pelotas, que o futebol feminino ocuparia o tempo e o espaço que ele tem hoje na minha vida”. A frase de Marcos Planela resume um trabalho longo, prestes a completar 27 anos — a data é terça (25). E esse aniversário do projeto das Lobas chega em momento diferente, em meio à Copa do Mundo de maior visibilidade da história. Porém, há um imenso contraste com a realidade da modalidade no interior (leia mais sobre isso em matéria que será publicada na quinta-feira). 

A bola vai rolar às 4h (de Brasília) de quinta para Nova Zelândia x Noruega, inaugurando a competição que é na própria Nova Zelândia e na Austrália. Pela primeira vez o torneio terá 32 seleções, agora com formato igual ao do Mundial masculino. Hoje, o esporte praticado pelas mulheres ganhou muito espaço. Movimenta mais dinheiro e atrai grandes marcas globais como patrocinadoras da Copa, que será transmitida em 180 países. O Brasil tentará um título inédito, sob comando da técnica sueca Pia Sundhage, trazendo luz ao legado deixado pelo pioneirismo das Lobas. 

A trajetória de Marcos Planela, idealizador e coordenador da iniciativa ligada ao Esporte Clube Pelotas, retrata todo o caminho. Ele ajudou o time a conquistar um Campeonato Gaúcho na categoria adulta, além de títulos estaduais sub-15 e sub-17. Mesmo com os troféus, o impacto foi maior, abrindo caminhos antes inexistentes para muitas meninas. Pessoalmente, o profissional chegou a integrar a comissão técnica de base da Seleção Brasileira. 

Persistência latente

Ao falar com o DP, Planela relembra do início. Diz que era um hobby que aos poucos tomou proporções cada vez maiores. “Muita gente foi desistindo, parando, não se arriscava em entrar em competições com gasto alto, como nós nos arriscamos ao longo do tempo. Nós não começamos nenhuma competição tendo orçamento para as despesas totais que viriam, até hoje. Com o passar do tempo foram aumentando os apoiadores, mas nunca numa proporção adequada pras despesas”, enfatiza. 

Para o idealizador das Lobas, o projeto ajudou a quebrar paradigmas. Obstáculos foram deixados para trás dentro e fora do Pelotas. A iniciativa formou uma reputação em nível nacional, em um período no qual os grandes times do País não investiam no futebol feminino, sobretudo durante a primeira década deste século. 

“O Pelotas existia em um momento em que muitos clubes pararam. A dupla Gre-Nal parou em 2002, 2003, e voltou só em 2017. Os grandes clubes em geral se afastaram da modalidade. Começamos a nos tornar referência. Com o advento das redes sociais, o pessoal pesquisava e achava referências sobre nós”, rememora Planela.

Andressinha, um símbolo

Desde 1996, 28 atletas com passagem pelas Lobas chegaram à Seleção Brasileira de base ou adulta. Hoje, na elite nacional, há jogadoras formadas no Pelotas em clubes como Grêmio, Internacional, Flamengo e Palmeiras. No Verdão está uma das figuras mais simbólicas da história do projeto azul e ouro: Andressinha

Nascida em Roque Gonzales, interior gaúcho, a meio-campista passou a vestir áureo-cerúleo após uma peneira em 2009, quando tinha 13 anos. Participou da campanha que terminou com a quarta colocação no Estadual daquela temporada e, depois, alçou voos maiores. Em 2015, transferiu-se ao Houston Dash, dos Estados Unidos, e no mesmo ano disputou a Copa do Mundo pelo Brasil — a campanha terminou nas oitavas de final, após derrota para a Austrália. 

Hoje aos 28 anos, Andressinha defende o Palmeiras e soma 87 partidas pela Seleção principal, que também representou durante as Olimpíadas de 2016, no Rio de Janeiro. Ela mantém contato frequente com Planela e, às vésperas de mais um aniversário das Lobas, falou com carinho ao Diário Popular sobre a relevância do projeto para sua carreira. 

“É um projeto que deveria ser mais valorizado por Pelotas mesmo. Falta um pouco da colaboração. Apesar de tantos anos, ainda percebo que o clube, o projeto, passa por muitas dificuldades. Espero que isso melhore porque é um projeto super sério, com pessoas sempre dispostas a dar o melhor pra essas atletas na formação delas, e sempre atrelado ao estudo”, diz a jogadora. 

“Acima de qualquer coisa, de se tornarem jogadoras de futebol, se não seguirem nessa carreira, que tenham um estudo e que depois possam exercer outra profissão. É um projeto super importante pra cidade e pra formação de muitas meninas. Como falei, fiz parte desse projeto, tenho muito respeito e agradeço por ter feito parte disso”, complementa Andressinha.

Estreia da Seleção na Copa do Mundo

Segunda (24), às 8h (de Brasília)
Brasil x Panamá
Grupo F

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