O pelotense Eder Botelho fez história no sul de Santa Catarina. Em quatro dias de prova, encerrada no último domingo (17), o atleta terminou na segunda colocação dos 250 quilômetros da Uphill Ronin, ultramaratona realizada nas serras do Corvo Branco e do Rio do Rastro. O pódio ainda teve o rio-grandino Jonathan Saraiva, da Vida Corrida, no terceiro lugar - Felipe Silva se sagrou campeão entre os homens. Na categoria feminina, melhor para Isadora Rosso.

Participou do evento apenas um seleto grupo de 47 corredores convocados com base no currículo. Marcada por intenso "sobe e desce", com grande altimetria por conta das características geográficas da região, a prova tem um cronograma específico para cada dia de competição.

"Para mim não foi apenas uma corrida. Foi uma celebração da resiliência humana, força mental, uma busca incansável pela superação de limites e da determinação em enfrentar desafios extremos. [...] Nem é sobre subir no pódio, mas sim se tornar mais forte durante a jornada", relata Eder.

O maratonista conta que o frio e o vento foram os principais adversários no primeiro dia, com temperaturas na casa dos dois aos cinco graus no começo da manhã. Os 73 quilômetros percorridos já cansaram a musculatura e, apesar do trajeto do segundo dia cair para 63 quilômetros, o cenário trazia como empecilhos pedras soltas e muitas descidas em estrada de chão batido.

Depois, então, veio o sol escaldante do sábado no sul catarinense. A fadiga muscular se somou ao suor e às bolhas nos pés antes do último dia de corrida, quando entraram competidores inscritos apenas para subir os 42 quilômetros do principal desafio da programação: a Serra do Rio do Rastro.

Legados

A peculiaridade da Uphill Ronin exige da organização alguns cuidados específicos com os participantes, como a disponibilização de um carro de apoio para cada atleta. Alimentação e hidratação ficam a cargo dos competidores, por exemplo. O pelotense foi vice-campeão com o tempo de 21h48min4s, mas não considera o resultado o mais importante do evento.

"Se eu falar, poucos vão entender, mas o processo para chegar até o pódio é mais incrível que o resultado. A gente passa por tanta coisa, por tanta dificuldade, por tanta alegria que é impossível descrever, imagina só... Alguém que mora em Pelotas, uma cidade 100% plana, ser vice-campeão nas montanhas?", resume.

Eder Botelho diz que a ficha ainda não caiu, dado o tamanho do desafio superado. Admite ter enfrentado a vontade de desistir em determinados momentos, mas afirma que a energia das montanhas e o incentivo dos amigos ajudaram a chegar até o final do percurso. "Eu só queria concluir feliz, e assim foi 99% do tempo, corri praticamente toda prova sorrindo e feliz".