O Antiqua, de Pelotas, foi vice-campeão feminino do Circuito Gaúcho de Rugby Sevens (CGR 7s), após a realização da etapa final da temporada. Mas as derrotas nos três jogos contra o ​Charrua, de Porto Alegre, neste sábado (25), ficam em segundo plano. No estádio Nicolau Fico, o evento teve não apenas as partidas decisivas, mas também um protagonismo especial a dois projetos sociais e esportivos que buscam, por meio da modalidade, trazer impactos positivos para a vida de muitas meninas.

A programação começou com uma partida do Ninhos do Rugby, voltado a crianças de seis a 12 anos. Durante os intervalos entre os três confrontos da categoria adulta e após o último dos duelos do CGR 7s, as integrantes do Vem Ser Rugby - para jovens de 12 a 18 anos - jogaram touch rugby, modalidade sem os tradicionais tackles.

Os dois projetos são ligados ao Antiqua e à Escola Superior de Educação Física (Esef) da Universidade Federal de Pelotas (UFPel). Atualmente, trata-se do único time desse esporte no Rio Grande do Sul com equipes de base. Por isso, as meninas pelotenses vão formar a seleção gaúcha no Campeonato Brasileiro Sub-17 de Rugby Sevens, em São Paulo, em 15 de dezembro.

Empecilhos e necessidades

“É uma batalha pra gente manter vivo, não deixar morrer”. As palavras de Camila Borges, treinadora do Antiqua, resumem o cenário. Tanto o Ninhos quanto o Vem Ser foram aprovados na Lei de Incentivo ao Esporte (LIE) do governo do Estado. Porém nenhum dinheiro entrou pois, na fase de captação, as empresas não manifestaram interesse em beneficiar o rugby - há a contrapartida do desconto no Imposto de Renda.

“Um projeto [LIE] que nos daria uma segurança o ano inteiro, a gente ia pagar os professores, comprar um monte de coisa. Mas a gente não conseguiu captar recursos. Porque os patrocinadores não conhecem o rugby. Não conhecem o projeto. A gente tenta apresentar, mas de primeira eles querem patrocinar o futebol. É complicado”, diz Camila.

Impacto social

A conexão por meio do rugby entre universidade pública e meninas de famílias de baixa renda vai além do esporte. Existe a possibilidade de crescer na modalidade e chegar ao profissional, como foi o caso de duas jovens que se transferiram ao Melina Rugby, de Cuiabá (MT). Mas as portas abertas superam a questão técnica e de carreira.

“Tu vê passando debaixo dos teus olhos a vida das gurias sendo mudada, de fato, por causa do rugby. Elas vêm de periferia, uma realidade muito distante do que elas acreditavam que poderiam ter de oportunidade. Muita menina nunca imaginou que pudesse entrar em uma universidade”, completa a treinadora, que também é professora da UFPel.

Para saber mais sobre os projetos citados ou acompanhá-los, basta seguir no Instagram: @ninhosdorugby e @vemserrugby. A conta do Antiqua é @antiquaufpelrugby.

Masculino

Em função das chuvas que geraram o bloqueio de diversas estradas do Estado na última semana, a etapa final da categoria masculina do Circuito Gaúcho de Rugby Sevens foi adiada para o próximo dia 3.

A disputa contra o Farrapos, de Bento Gonçalves, o Serra, de Caxias do Sul, e o Charrua, será em Bento. Na etapa anterior, o Antiqua venceu Charrua (24 a 22) e Serra (40 a 7) e perdeu para o Farrapos (21 a 7).

O rugby

Praticado desde meados do século XIX, o rugby tem origem na Inglaterra. O objetivo é levar a bola oval até a linha de fundo do campo rival, encostando-a no chão para concretizar o try (pontuação máxima), que vale cinco pontos, antes de tentar o ponto extra por meio de um chute no gol, cujo formato lembra a letra H.

São permitidos passes apenas para o lado ou para trás, e a defesa busca derrubar o adversário segurando o jogador que possui a bola – o que se chama de tackle. No sevens, jogam sete atletas em cada time e os dois tempos duram sete minutos. No rugby XV, são 15 jogadores e cada metade da partida demora 40 minutos.