Manifestações

Torcida do Brasil pede a saída do presidente, que concede coletiva sob protestos

Com faixas contra Evânio Tavares e a favor do técnico Rogério Zimmermann, rubro-negros se manifestaram nesta terça (30), antes de pronunciamento da Executiva

Foto: Carlos Queiroz - DP - Pacificamente, grupo se posicionou em frente ao principal acesso do estádio Bento Freitas

De tanto crescer nos bastidores durante as últimas semanas, a crise no Grêmio Esportivo Brasil explodiu e ficou escancarada. Na tarde desta terça-feira (30), um grupo de torcedores se reuniu em frente ao Bento Freitas para protestar, pacificamente, contra o presidente Evânio Tavares e a favor do técnico Rogério Zimmermann.

Faixas com os dizeres "fora Evânio" e "fica RZ" foram estendidas pelos rubro-negros, por volta das 16h. Os jogadores, que treinaram apenas pela manhã, como estava previsto, receberam os torcedores em frente à Central de Sócios. Marcelo Pitol foi o principal interlocutor do elenco na conversa. A atividade marcada para a tarde acabou cancelada.

Ainda antes da manifestação, a Direção Executiva havia convocado uma coletiva de imprensa para o fim da tarde. O presidente apareceu às 18h, ao lado do vice administrativo, Júlio Sanabria, que sofreu um Acidente Vascular Cerebral (AVC) na última semana e ainda se recupera. Os demais vices, José Argoud (finanças), e Ricardo Fonseca (futebol), estavam ausentes na entrevista, mas, segundo Sanabria, todos estarão reunidos em nova explanação a ser agendada.

Em quase uma hora de respostas aos repórteres, a dupla refutou boatos de racha entre Executiva e departamento de futebol. Os dirigentes garantiram que os salários estão em dia, restando apenas quitar premiações da comissão técnica, referentes aos avanços de fase na Copa do Brasil. Também falaram de questões envolvendo o cancelamento dos treinos na Arena Marini.

O orçamento, o polêmico cargo do CEO Wederson Antinossi, o relacionamento com o Conselho Deliberativo e a possibilidade de Recuperação Judicial – por enquanto deixada em segundo plano – foram outras pautas do movimentadíssimo dia na Baixada. Durante as primeiras respostas da entrevista, Evânio Tavares ouvia gritos da rua pedindo a sua saída do cargo máximo do clube. Ele definiu os protestos como “salutares” e deu sua versão a respeito de vários assuntos.

Futebol e orçamento

O mandatário do Xavante reforçou a crença no atual elenco, citando a manutenção de grande parte dos atletas contratados entre o fim do ano passado e o início de 2023. Sobre a parte financeira, Evânio disse ter existido um aumento da folha salarial da Série D em relação ao que foi planejado em 2022.

Segundo a Executiva, hoje o clube paga R$ 225 mil por mês de folha, ao invés dos R$ 90 mil previstos há alguns meses. Houve, ainda conforme os dirigentes, redução de R$ 10 mil em comparação ao valor investido durante o Gauchão. Foi citado também o percentual de bloqueio das cotas oriundas da Copa do Brasil: 65% do montante não caiu nos cofres rubro-negros. Vale lembrar que o clube teve direito a um total de R$ 3,7 milhões por chegar à terceira etapa do torneio nacional.

Polêmica da Arena Marini

A respeito da suspensão dos treinos diários na Arena Marini, um dos temas mais polêmicos das últimas semanas, Sanabria destacou que o Brasil pretende quitar a dívida existente, mas que isso precisa acontecer de forma ao alcance do clube. Já o presidente defende que os débitos com os proprietários do local, do qual Zimmermann gosta muito, vêm de direções anteriores.

“A questão da Arena Marini vem de antes da minha gestão, de débitos anteriores. Houve um acordo interno, a gente chamou ele [Andreo Marini, proprietário] aqui pra gente acertar. A gente fez um pagamento de R$ 20 mil pra gente treinar em maio e junho. Se tratou de fazer uma confissão de dívida com ele, posterior. A gente não fez esse pagamento e a assinatura de contrato porque há divergência de valores”, argumentou Evânio. Negociações devem continuar.

Ainda sobre o centro de treinamento, o vice administrativo ressaltou as negociações com o Sesi, no prolongamento da avenida Bento Gonçalves, para que se transforme em uma alternativa futura. O gramado do local seria um dos principais impeditivos de momento. Com relação à Arena Marini, Sanabria listou algumas preocupações atuais, como a falta de vestiários adequados.

Relação com o Conselho e o tema da RJ

Apuração da reportagem dá conta de que o relacionamento entre Direção Executiva e Conselho Deliberativo do Xavante não é dos melhores. Porém, o presidente e o vice negaram rusgas. “Continua o mesmo, como sempre. Ultimamente a gente tem tratado mais diretamente com o Conselho Fiscal, que foi formado recentemente. Então a gente tem o contato mais direto com o Conselho Fiscal, até porque está se aproximando a data de entregar o primeiro quadrimestre do balancete”, disse Evânio.

Júlio Sanabria revelou que o Conselho terá acesso a uma série de documentos, após solicitação. Isso deve acontecer nos próximos dias. “Eles vão poder visualizar todos os contratos, discutir todas as cláusulas e também nos questionar ou solicitar alguma informação complementar”, prometeu, além de antecipar que o balancete citado pelo presidente pode ser finalizado nesta quarta ou quinta pela empresa de contabilidade contratada.

Com respeito à Recuperação Judicial (RJ), cogitada em março e tirada de pauta após repercussão negativa depois do vazamento da informação, a Direção admite que está fora de foco no momento. “Era uma visibilidade muito boa pra nós, financeiramente falando. Realmente iriam entrar os R$ 3 milhões [cotas da Copa do Brasil] para os cofres do clube direto. A gente poderia trabalhar com esse valor, o que não ocorreu. Ocorreu R$ 900 mil [devido aos bloqueios]. Neste primeiro momento não estamos pensando na RJ, a gente deu um tempo, vamos dar uma estudada mais adiante”, falou o mandatário.

Cargo de CEO

O protesto dos xavantes também englobava o gerente administrativo – ou CEO – do Brasil, Wederson Antinossi, conhecido como Mineiro. Os manifestantes pediam a saída do profissional. Questionado pela reportagem do DP a respeito das atribuições do cargo de Antinossi, Evânio respondeu.

“Ele é o gerente administrativo do clube. Além da gestão toda, ele faz também a questão de patrocínios junto. A principal função dele aqui é buscar recursos para o clube, o que ele vem fazendo com êxito, tanto é que a gente trouxe esses patrocínios todos, tanto é que a gente está com valores de patrocínios maiores que os da [época da] Série B”, explicou.

Coletiva na íntegra

A instalação de sistema de robôs de corte para o gramado, a relação entre Executiva e departamento de futebol, os resultados de campo e a ausência de torcida pela punição em mais duas partidas da Série D foram outros assuntos da extensa coletiva desta terça. Para conferir, acesse este link.

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