O Jockey Club de Pelotas promove neste final de semana a 86ª edição do Grande Prêmio Princesa do Sul. Este ano a prova de turfe mais tradicional do interior do Brasil tem como marca a participação de mulheres, que se sobressaem em um universo predominantemente masculino. A estrela do pequeno mas representativo grupo é a joqueta Josiane Marques, segunda mulher a disputar o GP em toda a história da prova. 

Hoje com 23 anos, Josiane não era nascida quando Janaína Isabel Baptista fez história, em 2000, ao montar Ryder Cup e vencer a corrida. Janaína desembarcou em Pelotas com dez anos de profissão, experiências internacionais e campeã do GP Protetora do Turfe, a segunda prova mais importante do Estado. O retrospecto a colocava como uma das favoritas.

“Eu queria muito ganhar naquele ano, pois o homenageado era o veterinário Jorge Morgado, um grande amigo, que havia morrido em um acidente. Então, além de querer ser a primeira mulher a vencer a corrida, também havia essa motivação”, conta. Entre seus adversários na pista estavam Holmes Freitas, campeão do GP Brasil e do GP Bento Gonçalves, e Miguel Barreto, o jóquei então campeão do GP.

A presença de uma mulher na corrida levou mais de dez mil pessoas ao hipódromo e no final do domingo, 12 de março, o público assistiu a uma condução perfeita da joqueta, que guiou Ryder Cup até a vitória. A foto, ainda montada, cercada pelo público e falando ao celular com a família do homenageado, estampou a capa do Diário Popular no dia seguinte sob o título “Joqueta faz história no GP”.

Após 16 anos de profissão, Janaína abandonou as pistas para se dedicar à maternidade. A paixão pelos cavalos, todavia, a manteve no turfe trabalhando com o marido e treinador Clóvis Dutra, no Cristal. Na próxima semana ela inicia um novo desafio, como treinadora. “Fui muito realizada como joqueta e agora vou trilhar uma nova história, que espero seja também muito especial”, diz.

Mãe e filha dividem trabalho e histórias

Aos 17 anos, Rafaela Garcia divide seus dias entre os estudos, a administração das cocheiras e o trato dos cavalos, que têm como treinadores seus pais, Carlos Augusto e Marinês Garcia. Nascida no Jockey Club de Rio Grande, a caçula do casal está prestes a se tornar a primeira da família a ingressar na universidade, e o curso pretendido é o de Veterinária.

“Os cavalos são o amor da minha vida, sempre gostei de estar perto desde criança. Hoje me interesso pela genética, pela saúde dos animais e por isso tenho como propósito fazer Veterinária e trabalhar com cavalos de corrida. É isso que quero para a minha vida, pois sou feliz assim”, diz.

O amor pelos puros-sangues ingleses é herança do pai e da mãe, que foi a primeira mulher matriculada como treinadora no Jockey Club de Pelotas. O GP Princesa, aliás, traz boas lembranças para Marinês, vencedora do GP Prefeita de Pelotas (GP Velocidade) com Don Rucca em 2019. 

A dona da bandeira

Ela não monta nos páreos, porém sua presença é uma marca dos GPs de Pelotas há 20 anos. A cada clássico, Maria Helena Rocha puxa a fila dos competidores e carrega a bandeira do Jockey Club de Pelotas.

“Minha história no Jockey começou muito antes de mim, com meu avô e minha mãe, que aos 13 anos já trabalhava nas cocheiras cuidando dos cavalos. Estar no prado vivendo cada domingo de corridas é uma alegria para mim, pois me sinto em casa”, diz.

A estrela da festa

Ao ser confirmada na condução de Olimac, do Stud Kategoria, no 86º GP Princesa do Sul, Josiane Marques passou a carregar a responsabilidade de representar todas as mulheres dentro da pista. “Quando o proprietário me confirmou, comecei a sentir o peso de carregar essa torcida e de dar o meu melhor tanto por ele, como por todas nós”, declara.

Em outubro do ano passado, Josiane entrou para a pequena lista das mulheres com uma ao menos uma vitória conquistada em Pelotas. De lá para cá foram seis triunfos. Neste domingo (14), a partir das 17h, tentará escrever seu nome de uma vez por todas no hall da fama do turfe gaúcho.