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Wiliam Campos: “O Pelotas nunca vai ser azarão”

Treinador do Lobo projeta mata-matas da Copinha e diz ter renovado para 2024, com possibilidade de saída temporária para clubes de primeira divisão estadual

Foto: Jô Folha - DP - Técnico falou neste sábado (2) com a reportagem do Jornal

Wiliam Campos não considera ruim, mas sim “oscilante” o desempenho do Pelotas na primeira fase do Troféu Rei Pelé. Com contrato renovado até o fim da próxima Divisão de Acesso, o treinador do Lobo revelou ter uma cláusula que o permite deixar o clube brevemente para dirigir outra equipe durante a elite dos estaduais de 2024, retornando ao Áureo-Cerúleo para a Série A-2. 

Em entrevista ao DP, que você confere a seguir, o jovem técnico de 35 anos ressaltou, por exemplo, o fato de já ser bicampeão da Copinha da Federação Gaúcha de Futebol (FGF). Citou também o momento difícil vivido pelo Pelotas, após a frustrante eliminação para o Monsoon que deu fim à possibilidade de disputar o Gauchão no ano que vem. Além disso, Wiliam projetou os mata-matas do Troféu Rei Pelé, que serão definidos nesta quinta-feira.

Qual é a tua avaliação da campanha do Pelotas na primeira fase, considerando os cenários pré e pós eliminação na Divisão de Acesso?
Foi uma campanha que oscilou. Por termos, lá no início, duas competições, e as atenções todas voltadas pra Divisão de Acesso. Mas mesmo assim a gente conseguiu fazer um grande jogo com o Novo Hamburgo, com time misto, e ganhar. E depois contra o Grêmio, jogando com o pessoal que vinha jogando no Acesso. Mesmo nas duas competições, a gente tentou dar a atenção merecida pra Copa FGF, que é importante. Depois da eliminação na Divisão de Acesso, com certeza machucou muito, foi muito doloroso, às vezes ainda é, falamos, lembramos de tudo que aconteceu. Inclusive foi uma das questões pelas quais dei os parabéns pros atletas pela classificação. Não foi fácil, por tudo que passamos, expectativa gerada do torcedor, por nós, do nosso trabalho. Ajuda muito subir o Pelotas, estar fazendo campanhas, buscando títulos. É isso que nos motiva nessa competição agora também. A gente sabe que o torcedor ficou chateado, nos cobrando, e isso faz parte. Nós também nos cobramos muito, comissão técnica, direção, jogadores. A gente sabe que o Pelotas é muito grande e não pode estar na Divisão de Acesso. É esse trabalho que a gente está buscando fazer com a direção pra entrar forte no ano que vem. Com uma base de equipe e não sofrer o que sofreu no início da competição, com as dificuldades que se teve. Eu ainda não estava no clube, mas me passaram. Então é neste objetivo que a gente procura dar essa continuidade no trabalho, já competindo de igual pra igual nessa Copa FGF pra formar uma equipe pensando na Divisão de Acesso do ano que vem. 

O Pelotas chega nos mata-matas em um momento de certa melancolia, pelo que a gente observa do torcedor nas redes sociais. Como trazê-lo de volta, já que o clube está a seis partidas de uma vaga na Copa do Brasil?
O torcedor com certeza está chateado, sem paciência. A gente entende e sabe que o momento do clube é esse. Mas nós, que estamos trabalhando dentro do clube no dia a dia pra que as coisas melhorem, precisamos ter convicção, ter esse entendimento que tem sido e vai ser assim. Com cobrança, com impaciência. Sempre que possível a gente pede pro torcedor comprar nossa ideia, a ideia da direção, que está buscando montar um grupo já com alguns atletas e uma continuidade no trabalho pra que a gente busque resultados positivos, o título, passar pelas fases agora no mata-mata da Copa. Tem equipes aí com investimento alto e algumas, mesmo com investimento alto, não têm conseguido desempenhar dentro do campo como o esperado. Isso faz parte do futebol, e com a gente não está sendo diferente.
Estamos tentando remontar uma equipe, uns atletas saindo, outros chegando. Isso gera algumas dificuldades dentro do campo, por tudo que as mudanças geram, mas mesmo com tudo isso, com as dificuldades que temos enfrentado, que não são poucas, desde a minha chegada, a gente tem visto o Pelotas sempre competitivo. Tirando o jogo do Grêmio, o primeiro tempo nosso que foi atípico, muito mal, depois no segundo tempo já emparelhando fazendo gol. Em Novo Hamburgo, com todas as dificuldades das expulsões, desde o primeiro tempo com dois a menos, a gente conseguiu controlar bem defensivamente. Ainda conseguindo dar algumas estocadas. Nos deixou mais chateado ainda pela forma que foi o gol, mas nos gerou aprendizados, algumas situações que podem ser usadas daqui pra frente na competição. É olhar pras soluções. Os problemas estão aí. Se a gente só ficar falando disso, as coisas não vão andar pra frente. Desde a minha chegada, a gente tem procurado olhar pras soluções. Observar as oportunidades que estão sendo concedidas. Estamos a seis jogos de uma Copa do Brasil, que seria importantíssimo pro clube, e estamos trabalhando pra isso. Agora começa uma nova fase, uma nova competição, e temos uma equipe competitiva pra brigar pelas classificações.

Chegaram reforços pontuais, mas com bagagem. Quase todos os jogadores que já estavam renovaram. Como o time pode melhorar, principalmente sob a ótica ofensiva?
Chegaram jogadores que são importantes, e que juntamente com a direção a gente via como necessidade. Também por algumas saídas que se teve. Talvez cheguem mais um ou dois, até o encerramento das inscrições. E isso mostra que a gente está querendo buscar essa competição, que a gente está empenhado pra que as coisas melhorem dentro do campo. Não sei se concordo que precisa melhorar a parte ofensiva. Se pegar os jogos todos, desde a minha chegada, sempre teve bastantes chances criadas ofensivamente. Faltou, em algum momento, sermos assertivos, fazermos o gol. Mas as oportunidades sempre foram geradas, tirando o primeiro tempo do jogo do Grêmio. Nos outros jogos, vencemos o São Borja por 2 a 0 e poderia ter cinco, vencemos o Real lá por 2 a 0 e poderia ter sido seis. Lá atrás, contra o Monsoon, fizemos 1 a 0 e poderia ter sido dois, três. Isso demonstra que na parte ofensiva a equipe está bem. Precisamos ter esse equilíbrio, que todas as equipes buscam, em todos os níveis. Temos procurado conversar, também essa parte mental com os atletas. Vejo a gente conseguindo chegar com qualidade no último terço do campo. E defensivamente sofrendo pouco, tirando esse primeiro tempo do jogo do Grêmio, que foi atípico. Mesmo lá em Novo Hamburgo, com dois a menos, o Novo Hamburgo teve uma ou duas chances só. Isso demonstra também a parte defensiva muito bem.

O Pelotas vai enfrentar um time com aproveitamento alto na primeira fase. Pra muitos, será apontado como azarão nas quartas de final. Como usar isso a favor?
Independentemente de qualquer adversário, de classificação, se a gente liderasse nossa chave também iria pegar um jogo muito difícil. A situação é que ia decidir em casa. Não sei o quanto é vantagem ou não decidir em casa. Depende muito. O primeiro jogo é sempre muito importante, e o Pelotas nunca vai ser azarão em competição alguma. Pela história, camisa, tradição, e também pelos profissionais que hoje estão no clube. Tem jogadores experientes, campeões por onde passaram e campeões também dentro do clube nessa mesma competição. Eu, modéstia à parte, sou o atual campeão dessa competição. Tenho duas conquistas, em 2020 e 2022. Então a gente não pode se considerar azarão. Oscilamos na primeira fase, sim, mas o objetivo foi alcançado, que era a classificação, e temos totais condições de fazer grandes enfrentamentos contra quem quer que seja. Foi uma primeira fase difícil, por todos os contextos. E a gente está valorizando muito a classificação. Com certeza vamos pegar um adversário fortíssimo, mas quem for nos pegar vai encontrar um Pelotas preparado.

Já existe projeção concreta pra 2024? Tu pode garantir que permanece? E do grupo de atletas, quantos já fizeram contrato pra próxima temporada?
Eu e o presidente Rodrigo [Brito], depois com o Roger [Bauer] também e o Vinícius [Conrad], a gente teve essa conversa já sim de montar esse planejamento até o fim da Divisão de Acesso. Meu contrato foi renovado até o fim da Divisão de Acesso do ano que vem. Temos um acerto também, surgindo alguma situação de Estadual de Série A, do clube me liberar. Me liberaria e eu voltaria depois, pra Divisão de Acesso. Têm surgido algumas sondagens já dentro dessa situação de Estadual, e a gente já tem esse planejamento bem definido. Uma ideia importante do clube de dar uma continuidade, seguir o trabalho, os profissionais que estão. Sinalizando isso, o clube demonstra que gostou do que viu no nosso trabalho, no nosso dia a dia. Fico feliz pelo reconhecimento, confiança. Tenho trabalhado todos os dias, chego cedo no clube mesmo não tendo treino e sou muitas vezes o último a sair, sete, oito da noite. A gente está lá debatendo, discutindo. Pra que as coisas possam melhorar em todos os sentidos, não só dentro do campo. A gente está entregue ao projeto, de cabeça, pra que as coisas possam estar melhorando, e a gente já tem essa conversa, esse acerto, e esse adendo ao contrato, o clube entendendo a situação.
Hoje, graças a Deus, tenho o nome no mercado que possa ser lembrado pelas equipes que estão jogando o Campeonato Gaúcho e outros estaduais, mas também projetando já o ano que vem. O que a gente pode fazer de diferente pra melhorar o que foi feito nesse ano, algumas situações pontuais que acabamos não conseguindo fazer, por diversas situações. Financeira, mercado, enfim. Com toda essa experiência nossa, a gente vai procurar pôr em prática, potencializar o que foi feito de bom, corrigir o que precisar ser corrigido pra que o Pelotas esteja forte nesse ano e firme e forte no ano que vem.

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