Expectativa
15 dias decisivos para a safra de camarão
Colônia Z-3 precisa de três fatores para que o nível da Lagoa baixe e entrem água salgada e crustáceo
Divulgação -
Embora a temporada de captura do camarão seja oficialmente aberta nesta sexta-feira (01), nenhum pescador lançará suas redes nas águas porque não há presença do crustáceo na área da Colônia Z-3. Os próximos dias são decisivos para mudar a situação da Lagoa dos Patos, abrandando a preocupação das famílias que vivem da pesca.
A torcida na Z-3 é grande. As preces são para que não chova em fevereiro, o vento vire-se para o Sul e predomine o calor. Essas são as condições para baixar o nível da Lagoa, permitindo a entrada da água salgada do mar e das larvas do crustáceo. Esperar é a única alternativa para os pescadores.
“Dependemos só da água!” Esta afirmação é unanimidade entre os pescadores da Z-3, e enfatizada por Otavilino Costa Ortiz, de 68 anos, praticante da pesca desde os dez anos de idade, morador naquela Colônia, casado, pai de dois filhos - um atua na pesca e o outro em navegação de carga.
Otavilino, enquanto contemplava a paisagem da Lagoa na manhã de quinta-feira (31), véspera da liberação oficial da captura do camarão, repetia: a água tem que salgar! Ele salienta que há muita dúvida entre os pescadores. Não é possível afirmar que a safra será frustrada nem que será positiva.
A situação dos pescadores está indefinida e difícil. A tainha também está escassa. “A água dá e a água leva”, afirmou, lembrando que, em dezembro, a Lagoa chegou a salinizar, mas com as chuvas de janeiro o quadro mudou.
Para o pescador, o motivo da maioria dos jovens, filhos de pescadores, não prosseguirem na atividade dos pais é justamente a incerteza. Há safras boas, que compensam. Outras não pagam sequer a manutenção das embarcações e o óleo para os motores. Além disso, o peixe é pouco valorizado pelo atravessador.
Para o pescador Altemar Correia Donini, que pratica a atividade desde garoto, a legislação é uma das maiores responsáveis pelos problemas enfrentados. Para ele, a captura do camarão não tem que ter data marcada. O tamanho atingido pela espécie, quando presente no estuário, deveria ser o fato determinante para a liberação ou não da pesca.
Donini explica que há ocasiões em que o crustáceo está presente na Lagoa, com tamanho adequado. No entanto, os pescadores têm que esperar pelo dia determinado para iniciar as atividades. Muitas vezes, as condições da água mudam e a captura fica perdida.
Para o peixe, no entanto, a situação é diferente. Enquanto o camarão larga as larvas que se desenvolvem por si só, o peixe possui as ovas para reprodução. Por isso há necessidade do período de sua pesca ser fixado.
O pescador defende a urgência de revisão da legislação e também critica a proibição da pesca do bagre na região.
Medidas
O secretário de Desenvolvimento Rural, Jair Seidel, salienta que a prefeitura acompanha a situação dos pescadores em qualquer circunstância. Para dinamizar a economia da Colônia Z-3, está planejada a requalificação da praia da localidade. O turismo movimenta o comércio.
O vice-presidente do Sindicato dos Pescadores, Sandro Manoel Pinto, diz que a situação é preocupante. A safra de corvina (novembro/dezembro) foi fraca, a tainha está escassa e não há camarão.
Pinto garante que o Sindicato está mobilizado para buscar apoio, para negociar a data de vencimento das dívidas dos pescadores com os bancos e para pedir auxílio à Secretaria de Desenvolvimento Rural, Pesca e Cooperativismo do Estado.
Antes a safra, fé e pedidos
Tem início nesta sexta-feira, no Balneário dos Prazeres, a 62ª Festa de Iemanjá, que reúne todos os anos milhares de devotos nesta homenagem à orixá, conhecida como a rainha do mar e divindade das águas doces e salgadas. A festa começa na noite de sexta-feira e vai até o sábado. O evento é promovido pela Federação Sul-rio-grandense de Umbanda e Cultos Afro-Brasileiros, com apoio da prefeitura. A partir das 20h30min está programada a saída de Iemanjá da sede da Federação em carreata à rua Xavier Ferreira, 1.000. O roteiro será o seguinte: avenida Juscelino Kubitschek de Oliveira, rua Comendador Rafael Dias Mazza, avenida Adolfo Fetter, avenida Rio Grande do Sul, avenida Augusto Assumpção Júnior até o chafariz e via fluvial até o Balneário dos Prazeres. Às 22h, ocorre a recepção da imagem de Iemanjá.
Neste sábado (02), às 16h, ocorre o encontro de Iemanjá com Nossa Senhora dos Navegantes, nas águas da Lagoa dos Patos e, às 18h, a entrega das oferendas feitas à Iemanjá na Lagoa dos Patos.
Na região da Balsa, na praça Darci Pinho, onde também há uma estátua de Iemanjá, ocorre a 23ª Festa em Homenagem a Nossa Senhora dos Navegantes e Iemanjá, organizada pela Associação Comunitária dos Moradores da Balsa. Uma procissão pelas ruas do bairro está prevista para acontecer às 21h desta sexta-feira, precedendo a abertura oficial do evento, às 22h.
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