Entrevista

"Inovação significa transformar conhecimento em riqueza", diz Odir Dellagostin

Presidente da Fapergs fala sobre os investimentos em projetos e o que se pode esperar da pesquisa gaúcha no futuro

Foto: Divulgação - DP - Odir destacou importância da Fapergs e projetos futuros da fundação

Por Victoria Meggiato
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Odir Dellagostin é professor na Universidade Federal de Pelotas (UFPel) e presidente da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio Grande do Sul (Fapergs) há sete anos. Esse é o terceiro mandato de Dellagostin como presidente. Também está no segundo mandato como presidente do Conselho Nacional das Fundações Estaduais de Amparo à Pesquisa (Confap). Junto a essas instituições, busca auxiliar cada vez mais no fomento da pesquisa gaúcha, tanto no ramo científico, como tecnológico, através do investimento em projetos.

A Fapergs completa 60 anos em 2024. Qual a importância da fundação para o desenvolvimento da pesquisa no Rio Grande do Sul?

A Fapergs é a segunda fundação de amparo à pesquisa mais antiga do País. Foi criada em 1964 e, de forma ininterrupta, vem atuando no Rio Grande do Sul, desempenhando um papel crucial no fomento à pesquisa científica e tecnológica. Suas atividades incluem o financiamento de projetos de pesquisa, tanto em instituições acadêmicas como empresas, bolsas de estudo, infraestrutura laboratorial, e o suporte a eventos científicos, entre outras iniciativas. Financiamento de Pesquisa, para projetos de pesquisa em diversas áreas; Bolsas de Estudo, concedendo bolsas para estudantes de graduação, pós-graduação e pesquisadores; Infraestrutura Científica, fortalecendo as instituições de pesquisa e melhorando as condições; Estímulo à Inovação, promovendo a integração entre a academia, as empresas e o governo; Fomento à Colaboração Científica, promovendo redes de pesquisa e parcerias estratégicas.

Em 2023, a Fapergs investiu valores recorde em pesquisa e inovação no Estado e recentemente anunciou o lançamento de editais com valor total de R$ 39 milhões. Quais os editais lançados e investimentos para 2024?

O recorde de investimento foi alcançado em 2022, com valores que superaram R$ 90 milhões. Este valor foi alcançado em função dos investimentos do Programa Avançar, do governo do Estado. Para se ter uma ideia, o valor superou em três vezes o orçamento regular da Fapergs, que nos últimos anos girou em torno de R$ 30 milhões por ano. Em 2023, o valor investido pela Fapergs foi o segundo maior na série histórica da fundação, com aproximadamente R$ 82 milhões de investimento. Na última semana a Fapergs lançou quatro editais. O primeiro e com maior volume de recursos foi o Edital Pesquisador Gaúcho, com R$ 25 milhões. Este é o nosso edital universal, pois possibilita o apoio a projetos de pesquisa em todas as áreas do conhecimento. O anterior, lançado em 2021, foi de R$ 15 milhões, portanto, estamos aumentando significativamente o investimento neste edital. O segundo, no valor de R$ 5 milhões, é o Edital Auxílio Recém-Doutor e Recém-Contratado, lançado anualmente e que visa apoiar pesquisadores em início de carreira, proporcionando um "enxoval" para que ele ou ela possa estruturar minimamente sua infraestrutura de pesquisa para que tenha condições de atuar em pesquisa científica. O terceiro edital, no valor de R$ 7,5 milhões, é uma parceria com a Fapesp. Neste edital, pesquisadores poderão submeter propostas em colaboração com grupos de pesquisa do estado de São Paulo. O quarto e último edital é de apoio a realização de eventos científicos e tem o valor de R$ 1,5 milhões, um aumento de 50% em relação aos editais lançados nos anos anteriores. Anualmente são realizados mais de uma centena de congressos, simpósios, workshops e outros eventos de divulgação científica.

Quais projetos a Fapergs apoia na Zona Sul?

A Fapergs apoia mais de duas centenas de projetos na região, totalizando aproximadamente R$ 31 milhões, o que equivale a aproximadamente 15% dos investimentos da Fapergs em todo o Estado. São projetos que vão desde R$ 30 mil, para um Auxílio Recém-Doutor, até projetos de mais de R$ 2,5 milhões, como os dos programas Clusters Tecnológicos e Redes Inovadoras de Tecnologias Estratégicas (Rites). Pesquisadores da UFPel e da Furg são os que têm captado valores mais expressivos, seguido da Embrapa CPACT. Um exemplo de projeto apoiado pela Fapergs é o coordenado pelo pesquisador Cláudio Pereira, da UFPel, intitulado "Suplementos e bioprodutos derivados de fontes alternativas para o bem-estar animal", que na semana passada inaugurou um Hub de Inovação.

Quais as expectativas para a pesquisa gaúcha nos próximos anos?

A expectativa é extremamente positiva. A pesquisa gaúcha se destaca em nível nacional. O RS é o estado que tem a maior densidade de pós-graduação, possui a maior titulação de doutores por dez mil habitantes, dá em torno de 21 doutores por dez mil habitantes. Isso é mais que o dobro da média nacional. A pesquisa gaúcha é muito robusta, com uma densidade muito grande. Então, nós também temos uma boa capacidade de captação de recursos das agências nacionais. A pesquisa gaúcha não depende apenas da Fapergs, se dependesse, não iria bem porque a Fapergs não tem recursos muito vultosos para apoiar a pesquisa. O sistema dos pesquisadores do Estado recebe recursos do CNPQ, da Capes. E os recursos da Fapergs se somam a esses recursos das agências federais. E como nós estamos agora em um período bom, nesses últimos dois anos nós tivemos recorde de investimento aqui, pelo governo do Estado também, a nossa expectativa é que esse volume de investimento aumente e, com isso, a gente vai conseguir avançar ainda mais, ter maior produção, ter apoio à inovação.

O que se pode esperar dos projetos de inovação do Estado daqui para frente?

Nós estamos evoluindo de uma economia baseada em trabalho para uma economia baseada em conhecimento. Para isso nós temos que apoiar de forma bastante expressiva projetos de inovação. Inovação significa transformar conhecimento em riqueza, em novos produtos, em novos processos, em processos inovadores. O governo do Estado criou, quando assumiu o governo, a Secretaria de Inovação, Ciência e Tecnologia, justamente para trabalhar nessa área. A Fapergs é vinculada a essa secretaria, portanto é um instrumento para apoiar projetos de inovação. A gente direciona recursos para essa área para apoiar. Podemos esperar coisas boas, certamente, para esses próximos meses. Quero encerrar com essa mensagem de otimismo, acho que as coisas vão melhorar ainda mais, a gente vai poder ter avanços ainda mais significativos.

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