No vermelho

Três em cada dez pelotenses continuam endividados

De acordo com os dados do Serasa, inadimplentes têm dívida média de R$ 5,2 mil

Foto: Marcello Casal Jr - Agência Brasil - Apesar do número representar uma leve queda em relação a outubro, a tendência de alta continua

Apesar de programas para a renegociação de dívidas do governo federal e de instituições financeiras, o número de inadimplentes em Pelotas continua elevado e 32,9% dos moradores estão com o nome sujo. Segundo dados da Serasa, 107.380 pessoas estavam inadimplentes em novembro, com um total de 333 mil dívidas que somam R$ 566,2 milhões, com uma dívida média de R$ 5.272 por pessoa.

Embora o número represente uma leve queda em relação a outubro, a tendência de alta continua. Em outubro, quando foi registrado o recorde de inadimplência em Pelotas, o número de pessoas com o nome sujo era de 107.388. Apesar da pequena queda, o valor total da dívida saltou em mais de R$ 10 milhões: o total devido em outubro era de R$ 554,8 milhões.

O número de endividados em Pelotas vem em crescimento pelo menos desde agosto de 2019, quando estava em 91 mil. Durante a pandemia de Covid-19, atingiu 95 mil inadimplentes nos primeiros meses da crise sanitária, com oscilações de 84 a 90 mil entre 2020 e 2022. Do ano passado para cá, assumiu a tendência de alta que se mantém agora.

O professor de Economia da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), Marcelo Passos, explica que o alto nível de inadimplência tem relação com a elevação da taxa básica de juros, a Selic, que atingiu 13,75% no ano passado e começou a cair apenas em agosto deste ano.

“Existe uma defasagem, porque os efeitos da queda só vão impactar na economia, na atividade produtiva e no nível de inadimplência uns três, quatro meses depois. Então só agora estamos começando a sentir os efeitos da taxa Selic de agosto. Por isso que essa taxa de endividados ainda é muito alta. Mesmo com o Desenrola, o efeito dos juros é mais forte”, diz Passos.

Professor de Economia da Universidade Federal do Rio Grande (Furg), Eduardo Tillmann explica que a elevação do valor inadimplente apesar da estabilidade no número de devedores é resultado das mesmas pessoas já endividadas contraindo mais dívidas. “O dado que mais chama atenção é o aumento da dívida. De R$ 538 milhões para R$ 566 milhões em dois meses é um aumento preocupante”, diz. “Esse aumento mostra que a Economia ainda não foi capaz de gerar renda suficiente para a redução do endividamento”, complementa.

Na contramão do País

O cenário local contradiz a tendência nacional. O levantamento da Serasa de novembro aponta uma redução no número de inadimplentes após três meses consecutivos de crescimento no Brasil. São 71,81 milhões de brasileiros endividados, uma queda de 143,5 mil em relação a outubro. As faixas etárias com as maiores fatias da população com nome sujo são de 41 a 60 anos, representando 35%, e 26 a 40 anos, correspondendo a 34,4% do total de inadimplentes. A faixa etária acima de 60 anos representa 18,5%.

Segundo o levantamento, 28,9% das dívidas do País são com bancos e cartões de crédito, 23,38% com contas básicas, como água e luz. Dívidas financeiras e com o varejo representam 16,4% e 11,1%, respectivamente. A Serasa coleta dados de inadimplência junto a instituições financeiras, diferente do SPC e do SCPC, por exemplo, que possuem dados dos devedores de lojistas credenciados relacionados a compra de bens ou serviços.

AGOSTO

105.589 inadimplentes

325 mil dívidas

R$ 524,5 milhões em dívidas

Média de R$ 4.968 por pessoa

SETEMBRO

106.448 inadimplentes

328 mil dívidas

R$ 538 milhões em dívidas

Média de R$ 5.054 por pessoa

OUTUBRO

107.388 inadimplentes

333 mil dívidas

R$ 554,8 milhões em dívidas

Média de R$ 5.167 por pessoa

NOVEMBRO

107.380 inadimplentes

333 mil dívidas

R$ 566,2 milhões em dívidas

Média de R$ 5.272 por pessoa



Carregando matéria

Conteúdo exclusivo!

Somente assinantes podem visualizar este conteúdo

clique aqui para verificar os planos disponíveis

Já sou assinante

clique aqui para efetuar o login

Anterior

"Inovação significa transformar conhecimento em riqueza", diz Odir Dellagostin

Instituições destinam cerca de nove toneladas de alimentos para Zona Sul Próximo

Instituições destinam cerca de nove toneladas de alimentos para Zona Sul

Deixe seu comentário