Habitação

Moradores da beira do canal da barragem Santa Bárbara reivindicam local para viver

O pedido à Prefeitura é pela inclusão em um loteamento de casas populares devido à falta de condições adequadas de moradia onde estão atualmente

Foto: Volmer Perez - Vanderlei e Brenda tinham esperança de serem contemplados com uma casa na Estrada do Engenho, o que não aconteceu

Em casas improvisadas de madeira, revestida com pedaços de metal, embalagens de caixa de leite e o que mais puder auxiliar no isolamento das frestas. Assim vivem cerca de 15 famílias, em sua maioria de catadores, à beira do canal Santa Bárbara, próximo à ponte localizada na Avenida Bento Gonçalves. Sem acesso a saneamento básico, como água encanada, e coabitando com mosquitos, dentre outros animais, os moradores pedem ao Município a contemplação de moradias dignas em algum loteamento.

A situação no local e a reivindicação já foram levadas à Câmara de Vereadores e à Prefeitura, segundo relatos dos moradores. Assistindo a pessoas em situação semelhante serem contempladas com residências adequadas, os moradores do local também sonham em um dia conseguir acessar a uma casa de alvenaria em um endereço com comprovante de residência e condições dignas, com água encanada e eletricidade. “A gente mora na beira do canal, é muito lixo, é muito rato e mosquito. Agora, com a dengue, a gente está se cuidando como pode”, diz Brenda Talawitz.

Com duas crianças pequenas, um menino adolescente e outro com condição especial, ela e o marido vivem em um espaço de quatro metros quadrados, onde há apenas duas camas e uma repartição para a área onde são feitas as refeições. Ela conta que mora no local há mais de seis anos e teve que se mudar para lá devido à falta de condições financeiras para arcar com o aluguel da casa em que morava antes, no bairro Fragata. “Não é por opção que a gente está aqui, é por necessidade”, ressalta.

Diante das dificuldades que vêm se intensificado, Brenda e o marido estiveram na Secretaria de Habitação no meio do ano passado. Ela relata que, na ocasião, foi atendida por uma assistente social, e teria recebido como resposta que eles seriam contemplados com uma das casas do loteamento Estrada do Engenho, na época ainda em construção. No entanto, a esperança transformou-se em frustração ao perceberem que isso não se tornaria realidade. “Ficamos sossegados, porque estavam saindo 57 casas lá, pegaram todos os nossos documentos. Quando entregaram as casas lá, nós fomos na habitação de novo e disseram: ‘não, não vai sair ninguém de lá, porque a área é do Sanep’”, conta, ao mostrar o papel que recebeu da regularização fundiária com o número do lote escrito.

Outra moradora, Michele Moura, questiona: “a gente quer entender o motivo do papel, se não iam dar nada. Ali do outro lado [da ponte] eles tiraram todo mundo, a mesma área de risco que o pessoal dali estava, a gente também está”.

Branda ainda diz saber que estão sendo construídas casas em vários locais e reivindica que eles sejam realocados para algum deles. “Queremos uma resposta. Milhões para fazer uma pracinha [cita o Parque que será construído na Estrada do Engenho] eles têm, mas para fazer uma casa digna para a gente, num lugar digno, não têm.”

Condições

Além das dificuldades enfrentadas em razão da precariedade das casas onde vivem, os moradores à beira do canal também não têm acesso à água encanada e contam com uma “bica”, que um vizinho cedeu. “Temos porque o tio deixou a gente puxar ali, mas é bem fraquinha”, diz Michele. Quando um morador toma banho, os outros têm que esperar para ter acesso à água. “Com crianças, não tem como”, enfatiza Brenda.

Além disso, não há rede elétrica e, consequentemente, iluminação na área em que estão. A eletricidade dentro das residências é puxada de forma clandestina. “Eu fui na CEEE e perguntei para eles se dava para colocar um poste ali, porque eu tenho um gurizinho especial. Eles não quiseram, então nós fizemos gato”, conta Vanderlei Talawitz. A esposa complementa expondo como se sentem nessa situação: “A gente é invisível. Não temos luz, água, e vivemos no meio dos mosquitos. É difícil viver assim, queremos uma casa melhor para as crianças”.

O que diz a Prefeitura

A secretária de Habitação, Cláudia Leite, diz que a pasta, a pedido do Sanep, realizou a identificação das famílias que hoje ocupam irregularmente o local onde deverá ser construída a nova casa de bombas da autarquia, com o objetivo de cadastrar as pessoas que deverão ser notificadas para desocupar a área para a realização da obra.
Conforme Cláudia, as famílias que não tenham para onde ir deverão ser realocadas em outras áreas do município, a partir da disponibilidade para cedência de lotes.

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