Patrimônio

“Peço que a comunidade nos ajude a ter esse futuro”, diz Lisarb Costa

Diretora-presidente da Bibliotheca Pública Pelotense faz apelo para que comunidade contribua com a instituição, que passa por dificuldades; obras estão paradas e local apresenta diversos problemas estruturais

Foto: Volmer Perez - Lisarb fala sobre os desafios de comandar a Bibliotheca novamente

A Bibliotheca Pública Pelotense é uma associação civil de Direito Privado com fins educacionais, culturais, patrimoniais e de lazer, sem fins lucrativos, fundada em 14 de novembro de 1875. Proporcionando o desenvolvimento cultural da comunidade, oferece acesso livre e gratuito à informação e a todos os seus serviços, projetos e ações. Assumindo o lugar de Sérgio Cruz Lima, a atual diretora-presidente, Lisarb Crespo da Costa, volta a estar à frente da instituição histórica na cidade. Ela conversou com o Diário Popular sobre quais os planos para a gestão e quais serão os principais desafios enfrentados. Atualmente, a instituição faz apelo e pede ajuda à comunidade para seguir com as portas abertas. Dentre os problemas do local, estão as obras paradas, problemas estruturais e paralisação de algumas atividades em razão da infraestrutura.

Lisarb Costa é a nova diretora da BPP. Foto: Volmer Perez - DP

A Bibliotheca Pública presta serviços de estímulo e acesso a cultura, educação e cidadania. O que é feito hoje para que esses serviços beneficiem cada vez mais a comunidade?

Nós chegamos em um momento em que temos muitas atividades aqui, às vezes as pessoas desconhecem. Temos formação de leitores, teatro infanto-juvenil, que é uma coisa que tem se apostado muito. Nós temos uma atividade muito grande desse tipo, que é obrigação da Bibliotheca. Nós precisamos fazer essa formação de leitores. Temos o nosso museu, que é maravilhoso, onde fazemos atividades, exposições, temos o setor do impresso, obras raras e também documentação. Nós temos, ainda, atividades grandes, apresentação de teatro no nosso Salão Nobre, trabalhos de diversidade, com povos indígenas. A ideia é sempre continuar e ir aprimorando o que já vem se fazendo há muito tempo.

Agora nós enfrentamos essa dificuldade, estamos sem poder fazer atividades no setor infanto-juvenil e não temos visitação. É um problema muito sério, nós não podemos arriscar que as pessoas tenham algum tipo de acidente. Para o trabalho com as crianças que estamos fazendo nós temos um ônibus que ganhamos da empresa Embaixador e que nos fornece tudo. Temos ido aos bairros fazer contação de histórias, levamos teatro, agora também peças do museu para as escolas públicas municipais, que nós damos preferência, mas também muitas vezes levamos para as particulares. É a atividade que nós estamos conseguindo manter. E o setor de impressos que está em um lugar seguro. Nós temos um passado, presente e agora preciso que a comunidade nos ajude para nós termos futuro. Se o prédio chega a desabar, o telhado, que é o que diz no laudo que foi feito, nós vamos ter que fechar as portas. E uma vez fechadas as portas, não se reabrem.

A cultura que aqui dentro se passa, a igualdade, receber a todos, fazer atividades de todos os tipos, nós temos um prédio maravilhoso. Nós precisamos perguntar para Pelotas: a Bibliotheca é valiosa? Nesse momento nós temos focado, eu e o conselho, muito em procurar empresas, parceiros. Nós temos um déficit mensal até vergonhoso de dizer, de R$ 20 mil, que não é absolutamente nada, e nós precisamos suprir.

Temos nove funcionários, folha enxuta, mas precisamos continuar nossas atividades. O Salão Nobre também nos ajudava com algum valor, porque muitas empresas acabavam fazendo alguma festividade. Hoje não podemos fazer mais. Estamos centrados nisso, peço que a comunidade nos ajude a ter esse futuro, precisamos dessa parceria com as empresas.

Hoje existem obras em andamento na instituição?
Não. Hoje está tudo parado. O projeto está sendo elaborado para que nós possamos fazer em etapas. Num primeiro momento é urgente, nós precisamos fazer o escoramento do teto e do telhado do Salão Nobre. É um projeto que tem que passar pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e ser aprovado. Nós estamos encaminhando para as leis de incentivo à cultura, mas isso demora muito e nós não temos tempo. Precisamos que as empresas pelotenses e a comunidade nos ajudem nessa questão. Temos tido boa receptividade, eu e o conselho, formado por pessoas que ajudam muito e todos são cargos gratuitos. Diretor-presidente não recebe absolutamente nada para estar aqui, essa casa é dirigida de forma gratuita para a comunidade.

Como é a relação da Bibliotheca com a comunidade?
Tem uma procura grande. Eu sei que hoje nós estamos em um momento em que a era digital está chegando, temos que nos atualizar muito nisso. Estamos há quatro anos digitalizando nosso acervo, documentos, obras raras, jornais, para que as pessoas possam acessar remotamente o espaço. Mas nós temos o leitor, temos espaço para o desenvolvimento de atividades, que essas são valiosas e acontecem aqui.

As pessoas vêm, tem exposição, visitação no museu. Muitas pessoas retiram livros, eu sou um pouco suspeita, mas acho que o livro jamais será substituído. Nós temos a modernidade a nosso favor, estamos nos adequando a esse momento, efetivamente a Bibliotheca tem que crescer e se adequar aos novos manejos da cultura que estão acontecendo, mas o livro, isso não morre. As pessoas retiram os livros, leem. Existe um público leitor, somos um espaço que as pessoas vêm estudar na nossa sala de leitura. Esses serviços não morrem.

Quais os planos futuros à frente da Bibliotheca?
De imediato, conseguimos uma agência de publicidade que vai nos fazer um serviço gratuito para que possamos mostrar a Bibliotheca, a identidade, nos adequarmos à comunicação, para que as pessoas possam saber o que está acontecendo. Para esse ano, não temos mais datas para exposições no museu, tivemos que paralisar todas, mas continuamos fazendo de forma virtual. Estamos conseguindo, em uma rapidez muito grande, fazer a digitalização de todo o acervo. Temos também um projeto para restauro e conservação das obras raras, hoje elas não estão podendo ser manuseadas, então precisamos desse projeto, que já foi inscrito.

Nossos projetos continuam sendo inscritos em leis de incentivo à cultura, na área cultural, dança, teatro, formação de leitores, diversidade. Tenho esperanças, se não tivesse não estaria aqui. Nós vamos chegar a um bom tempo, talvez bem antes do que a gente imagina. Todos os nossos projetos estão sendo viabilizados, o que nós precisamos agora é poder manter a Bibliotheca com suas portas abertas para realizar as suas atividades.

Carregando matéria

Conteúdo exclusivo!

Somente assinantes podem visualizar este conteúdo

clique aqui para verificar os planos disponíveis

Já sou assinante

clique aqui para efetuar o login

Ministério da Agricultura manda recolher dez marcas de azeite; confira quais são Anterior

Ministério da Agricultura manda recolher dez marcas de azeite; confira quais são

Covid-19:  Um inimigo que ainda não ficou no passado Próximo

Covid-19: Um inimigo que ainda não ficou no passado

Deixe seu comentário