Saúde

A dor de quem não consegue uma cirurgia de vesícula

Sara de Oliveira Soares teve o diagnóstico para a retirada do cálculo biliar em maio do ano passado e aguarda pelo procedimento até hoje

Foto: Jô Folha - DP - Sara aguarda cirurgia desde outubro

Por Cíntia Piegas
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A dor no lado direito do abdômen é insuportável, segundo o relato da dona de casa Sara de Oliveira Soares, 50. Com problemas de coração e depressão, ela aguarda desde outubro de 2022 uma cirurgia para a retirada de cálculos na vesícula biliar, constatado em um ultrassom no mês de maio. O diagnóstico foi de colecistopatia crônica calculosa agudizada. Como em março tinha realizado procedimento para a colocação de um stent farmacológico em uma artéria do coração, necessitava aguardar o fim do tratamento. A cirurgia estava marcada para 30 de novembro, sendo a grande esperança para a paciente ter dias tranquilos, mas ela foi adiada por duas vezes. Agora, resta um agendamento médico para dia 23 de fevereiro. Enquanto isso, são idas e vindas à Unidade de Pronto Atendimento (UPA) e Pronto-Socorro de Pelotas (PSP), na tentativa de alívio da dor.

"Estou me medicando por conta própria. Nem sei se o remédio pode comprometer o tratamento que faço paro o coração, mas o que fazer? Não tenho atendimento para saber quais os medicamentos adequados. Também não sei por que não me operam", desabafou. A primeira justificativa, quando já estava internada no Hospital Universitário São Francisco de Paula (HUSFP), na véspera do procedimento, ao citar ao médico a relação de medicamentos, e neste incluído o AAS, o profissional disse que não poderia fazer a cirurgia por risco de hemorragias. Sara teve alta, mas com uma nova data de retorno: 22 de dezembro. "Um dia antes ligaram dizendo que não poderiam me operar. Marcaram dia 23 de fevereiro no Leivas Leite", relatou.

Como as dores continuam, ela buscou atendimento no PSP, na última quinta-feira. Chegou às 11h e foi atendida às 23h. Ficou até sábado, quando deram alta. "Ainda me disseram que meus exames de sangue e urina estão bons, mas não significa que eu esteja bem de saúde." Nesse período, entre as justificativas para a não realização da cirurgia, Sara ouviu que precisava esperar o fim do tratamento do coração e que o ultrassom estava vencido. "Na época eu paguei particular, mas agora não tenho dinheiro. E, se eu sinto dores, é porque as pedras não sumiram", argumentou.


Pedido oficial
A diretora de Atenção Hospitalar da Secretaria de Saúde, Caroline Hoffmann, esclareceu que a paciente foi encaminhada através do Posto Fraget para consulta com cirurgião geral, marcada para o dia 2 de maio de 2022, com o médico João Gabriel Duarte Siqueira, que no dia 30 do mesmo mês solicitou a cirurgia, autorizada no mesmo dia pela médica reguladora.

A partir da não realização do procedimento, a Secretaria de Saúde está encaminhando pedido oficial de manifestação do hospital para apurar os motivos pelos quais a cirurgia não foi realizada. "Assim que fomos informados do fato, através do jornal nesta quinta-feira, oficiamos o hospital para saber os motivos da não realização da cirurgia", diz a diretora.

Sobre os encaminhamentos tanto do Pronto-Socorro quanto da UPA, a diretora afirma se tratar de conduta clínica e que cabe ao médico responsável pelo atendimento apurar se o caso trata-se de urgência ou emergência para cirurgia.

A assessoria do HUSFP informou que está levantando as informações e que ainda hoje deve esclarecer a situação da paciente.

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