Talento
A nova aventura de Marina
Marina Martins venceu campeonato nacional na categoria mini-ramp infantil
Gabriel Huth -
"Eu me sinto feliz. Gosto da adrenalina", diz a jovem skatista (Foto: Gabriel Huth - Especial DP)
Marina Martins chega ao pátio. Dá um oi rápido à reportagem e, tênis gasto aos pés, senta no chão para colocar joelheira e capacete e subir na rampa. Com loiros cabelos ao vento, executa manobras que adultos desacostumados temem. Ela tem nove anos e é a nova campeã brasileira de skate na categoria mini-ramp infantil. O prêmio foi conquistado em competição disputada no Rio de Janeiro no último dia 29 de setembro.
Foi em uma praia no Uruguai, aos cinco anos, que ela teve o primeiro contato com o skate - os pais ligação alguma têm com o esporte. O namorado de uma prima a apresentou ao long - modelo maior do carrinho, utilizado para manobras em grandes descidas. Dali em diante ela não parou mais. Começou a fazer aulas, a participar de campeonatos e a fazer amigos dentro do esporte. Um deles, o professor Emanuel Bueno - mais conhecido como Maneca -, destaca a relação dos dois. "Eu tenho ela tatuada no braço junto do meu filho. Além do talento, que tem muito, a Mai é cercada por essa magia, esse brilho", diz, lembrando que, no campeonato no Rio, a pelotense era a menor e a única gaúcha entre as mais de 40 participantes - ao ponto de todos se surpreenderem ao perceber que ela estava entre as competidoras.
Da experiência, além do troféu ficaram as lembranças. Como ver as outras participantes comemorando a cada manobra que Marina acertava, e estar, ainda que um tanto nervosa, em meio a nomes consagrados do esporte, como Bob Burnquist, skatista brasileiro com o maior número de medalhas conquistadas nos X-Games.
Entre uma volta e outra, Marina fala que não sabe explicar muito bem porque gosta tanto de andar de skate. "Eu me sinto feliz. Gosto da adrenalina", diz. E é interessante perceber como existe maturidade nas palavras e na forma como pensa as manobras, ao mesmo tempo em que sente medo após um tombo - lógico, é uma criança que ainda não tem dois dígitos na idade.
Mãe, a arquiteta Daniela Schild Martins revela receio logo no início. "Foi uma surpresa, porque ninguém na família nunca chegou perto de skate. Então eu tinha pânico que ela quebrasse os dentes. Os de leite ainda antes dos permanentes! Mas não tem jeito. A guria nasceu para andar de skate", diz, brincando que, desde então, os passeios da família quase obrigatoriamente têm de envolver cidades que tenham pistas para a prática do esporte.
O pai, o empresário Paulo Brauner, destaca também outro ponto: o esporte fez com que a filha mudasse a cabeça dos mais velhos da família. Antes preconceituosos, passaram a orgulhosos dos feitos da pequena, que, além de andar de skate, surfa e joga futebol em meio aos meninos.
Indagada sobre essa besteira de separação entre atividades para homens e para mulheres, ela responde com serenidade: "Acho uma bobagem. Eu faço o que eu quiser."
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