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A presença feminina que lidera o caminho da mudança

No Dia Internacional da Mulher, DP traz a história de mulheres que, em áreas ainda dominadas por homens, ocupam cargos de liderança

Fotos: Divulgação - DP - Liliane Costa e Lucienne Mazuroski, duas mulheres que lideram suas equipes

Quem você imagina liderando equipes de operações ou manutenção em grandes empresas? Se você pensa em um homem, pode ser porque menos de 40% dos cargos de liderança são ocupados por mulheres no Brasil. Aquelas que alcançam esses postos podem ser minoria, mas sabem a força que têm para dar o exemplo e mostrar o caminho da mudança.

A primeira mulher a ocupar o cargo de gerente de operações na Ecosul, concessionária que administra as rodovias da região, é uma delas. Com 16 anos de empresa, Liliane Costa, 47, começou essa história numa cabine de pedágio em São Paulo, Estado onde nasceu. "Em nenhum momento imaginei [chegar aqui]. Sabia que podia evoluir, mas sempre chegava um momento que achava que era meu máximo. Às vezes a gente mesmo se desmerece, porque você olha para uma equipe de gestão e comando que é toda masculina", relembra ela.

Desde 2020 em Pelotas, Liliane veio para ser coordenadora de operações, posto que ocupou por três anos até se tornar gerente. Hoje, tudo que acontece na rodovia, do cafézinho no Serviço de Atendimento ao Usuário até a prestação de socorro em um acidente, passa pela gestão dela. "Meu papel é garantir que a operação e o atendimento ocorram da melhor forma possível. É uma operação bem complexa", resume.

No comando da oficina

Já em Rio Grande, na Mills, empresa que trabalha com locação de plataformas elevatórias e máquinas pesadas, é uma engenheira mecânica a encarregada pela manutenção dos equipamentos. Curitibana, Lucienne Mazuroski, 36, veio para cá há cerca de 12 anos para a faculdade, período em que já percebeu a predominância masculina na área que escolheu. "A grande maioria dos colegas eram homens e algumas mulheres que, infelizmente, não encontrei na área depois. Nós começamos a ser desmotivadas já no curso, mas entendi que se tinham mulheres que conseguiam, eu também conseguiria", relembra.

A inserção no mercado também não foi tarefa fácil. "Fiz muita entrevista, bati muita perna. Foi bem complicado. Me formei em 2017 e consegui me colocar na minha área só em 2019", comenta. Hoje, à frente da equipe de manutenção, ela é responsável por coordenar toda a parte técnica da unidade da empresa em Rio Grande. "Tenho uma equipe de técnicos que faz a manutenção, questões de segurança e qualidade. É tanto atendimento ao cliente, quanto trabalho dentro da oficina, sempre voltado à manutenção", explica.

Líderes femininas, equipes masculinas

Tanto Liliane quanto Lucienne estão à frente de equipes majoritariamente masculinas. Ambas observam que não são muitos os problemas internos, mas percebem uma questão estrutural ainda presente. Na equipe de Lucienne, são sete homens e uma mulher. "É muito cultural. Se eu estiver do lado de um técnico e chegar em um cliente, ele vai falar com o técnico, porque a pessoa associa que ele entende de manutenção, não eu. Quando o cargo parece feito para homens, você tem que provar todo dia que é competente", comenta.

Já a área de Liliane administra quase 400 colaboradores, alguns da própria Ecosul e outros do serviço médico e de guincho. "É um universo bem masculino. Temos muitas colaboradoras, que estão mais na operação de pedágios. Ligados diretamente a mim, são todos homens", explica. Na rotina dela, também surgem desafios semelhantes aos de Lucienne. "Não é de forma agressiva. Às vezes é tomar uma decisão e alguém buscar a opinião masculina de quem está comigo. Você sente que 'é melhor que um homem também dê a opinião'. É nessa hora que a gente precisa perceber essas coisas e ir firmando a posição, para que sua opinião não seja descartada. Se cheguei nessa posição é porque tenho experiência", diz.

Apesar dos desafios

O caminho até o topo é difícil para todos. O das mulheres pode ser ainda mais tortuoso. "Nós temos limites, mas muitos deles não são nossos, são impostos pela sociedade e acabam virando amarras. Temos que ter coragem", diz Liliane. No entanto, os ares da mudança já sopram. "Não estamos fazendo mal a ninguém, estamos indo atrás do que nos satisfaz. Queremos ser mães, esposas e profissionais também. As coisas estão mudando, agora não é hora de se encolher. Temos que sentar à mesa também", enfatiza a gerente de operações.

Lucienne complementa que é preciso competência, assim como para os homens, mas também perseverança. "As coisas estão melhorando. Temos que fazer o nosso melhor, da melhor maneira possível, sem desistir, porque tem pessoas que chegaram lá. Que isso seja um combustível para continuar, porque a hora chega para os bons profissionais. Tem que arregaçar as mangas, nem que seja em dobro, mas é recompensador", diz a engenheira.

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