Apesar de a chuva ter cessado, as inundações em parte do Laranjal ainda são realidade. Na localidade entre a Avenida Espírito Santo e as ruas São Borja e São José do Norte, são mais de seis quadras cobertas por um grande volume de água. Além de impedir a circulação normal de veículos e pedestres, a cheia deixou a Unidade Básica de Saúde (UBS) do bairro completamente ilhada. Conforme relatos, a situação se estende há cerca de duas semanas, e um dos motivos seria um cano quebrado.

Moradores contam que em alguns pontos os alagamentos chegaram a escoar um pouco. Entretanto, mesmo sem precipitações, na manhã de sexta a água voltou a tomar as vias. O problema seria causado pela combinação da falta de vazão adequada com um vazamento de esgoto. Na São José do Norte a profundidade da água chega a mais de 40 centímetros, impedindo que os moradores acessem suas residências. Como alternativa, os veículos são estacionados na orla da praia. Já os desavisados que tentam circular no local têm que contar com a sorte. Morador da via, Fabio Sacco conta que dois carros já tiveram que ser guinchados.

O aposentado foi uma das pessoas que alertou o Sanep sobre um vazamento de esgoto e água que ocorria na rua. De acordo com ele, a denúncia foi realizada há duas semanas. “É um perigo. No último dia de chuva baixou bem, até consegui sair de carro, mas depois voltou a água. Hoje [sexta-feira] amanheceu mais cheio ainda”.

Outra moradora que reclamou sobre a situação ao Sanep e à Prefeitura foi Danielle Lima. A bancária relata que em razão do grande volume de chuvas compreendia o porquê de as ruas estarem alagadas, no entanto, ela estranhou a situação, pois mesmo em dias sem precipitação, a cheia permanecia. “Em um dia baixou a água e encontramos um cano vazando, no meio da quadra da São José do Norte, entre Espírito Santo e Augusto”.

Além da indignação devido aos transtornos causados, preocupada com a saúde, Danielle, inclusive, retirou uma amostra da água para análise. “Quando eu descobri que é esgoto, é uma questão de saúde pública extremamente preocupante, estamos expostos a esses patógenos há três semanas”, ressalta.

Unidade ilhada
Ainda na área da saúde, na rua São Borja o acúmulo tem impedido o acesso à UBS. As botas de borracha se tornaram itens indispensáveis na rotina dos funcionários, já os pacientes tentam de diversas maneiras diferentes contornar a água. Quem não consegue acaba percorrendo um longo trajeto com os pés expostos entre pedras e vegetação, além do perigo sanitário. Esse é o caso da atendente Tainara Oliveira. A mulher saiu do trabalho em busca de atendimento após começar a passar mal, para chegar ao atendimento ela teve que colocar um chinelo e arremangar a calça na altura dos joelhos. “Eu tô passando mal, acho que pela água que eu bebi de manhã direto da torneira, posso pegar outra doença andando assim, mas não teve jeito”.

O que diz a gestão pública
Conforme o Sanep, devido ao volume expressivo somado à contribuição de águas que chegam ao Município, ocorre o avanço da Lagoa dos Patos e seus canais auxiliares. Além disso, o lençol freático do Laranjal seria alto e, com isso, as ruas apresentavam acúmulo. A autarquia afirma ainda que está programado mutirão para avaliação de toda a rede coletora de esgoto, mas isso somente será possível quando ocorrer a redução do nível do lençol freático, com a contenção do avanço das águas pluviais.

Já o secretário de Infraestrutura e Serviços Urbanos, Fabio Suanes, diz que a pasta está acompanhando e monitorando a situação de todas as ruas não pavimentadas da cidade afetadas pelas chuvas excessivas de setembro. “Tão logo as condições climáticas melhorem e o solo fique em condições de ser trabalhado, começaremos as ações de reparo”, diz.​