Futuro
Alunos do Colégio Santa Rita participam de estudo em parceria com a UFF
Estudo para estimular pesquisas quanto ao consumo da água é um dos primeiros de ciência cidadã no sul do país
Jô Folha -
Um projeto pioneiro de ciência cidadã mobilizou alunos da Escola Santa Rita, de Pelotas, a estudar o consumo da água no dia a dia das pessoas. Em parceria com a Universidade Federal Fluminense (UFF-RJ), nasceu o Bebeu Água?, uma pesquisa com o intuito de coletar informações e analisar dados.
O projeto nasceu de uma coincidência: A irmã da diretora Elisa Milach é estudante da UFF e apresentou-lhe uma professora com trabalhos voltados à área da ciência cidadã. Esta professora tinha uma ideia de implantar um projeto neste âmbito em escolas públicas, e da vontade das duas, nasceu a pesquisa. "É talvez o primeiro (projeto de ciência cidadã) na região sul do país", afirmou Elisa.
Foram elaborados questionários, coordenados por sete alunos e aplicados por outros 62. Entre os alunos da comissão, estava Luis Henrique Pereira Silva. Aos 17 anos, ele acaba de concluir o 3° ano. O projeto empolgou os estudantes, segundo ele. "A gente quer conscientizar as pessoas", afirmou.
Dentre os itens estimulados, ele destacou a importância de dar visibilidade ao consumo e dar consciência à população quanto ao problema da geração de lixo atrelada a este consumo. A intenção era comprovar esta ligação.
Foram 412 questionários respondidos por parentes, amigos e vizinhos dos alunos. Os dados apontaram um grande uso de materiais descartáveis para o consumo de água. "Um copo, um canudo… tu usa por um minuto e depois levam centenas de anos para serem decompostos", lamenta Luis Henrique.
A maioria dos entrevistados utilizava menos de dez copos descartáveis por dia, com a maioria consumindo em garrafas. Porém, este formato também é responsável por três tipos de plásticos diferentes descartados - A garrafa, o rótulo e a tampa. "Tu até ajuda o meio ambiente, mas a maioria das vezes a escolha se dá por praticidade mesmo", lamenta a diretora.
Outro dado destacado pelo aluno são os índices de reciclagem - 89% dos entrevistados afirmaram separar o lixo. "É um dado muito positivo", aponta, apesar de lamentar a pouca divulgação dos destinos do lixo reciclado.
Aprendizado
Além de poder exercer a prática científica, Luis Henrique destacou a possibilidade de aprofundar os estudos vistos na sala de aula. A produção de pesquisas, de forma simples e metodológica, deixa os alunos mais autônomos na hora de aprender, segundo a diretora.
Aprovado para cursar agronomia a partir deste ano, o projeto estimulou Luis Henrique a já ir para a graduação pensando em utilizar a água como meio de trabalho. Destacando o grande consumo dos meios agrários, pretende seguir estudando possibilidades de um uso mais consciente para a sociedade. "Água é um bem farto, mas pouco cuidado", lamenta.
A escola pretende ainda neste ano expandir a pesquisa para outros públicos e áreas da cidade. Além disso, a ciência cidadã é um meio visto pela diretora como o futuro da educação. Os alunos do ensino fundamental, já neste ano, estarão apresentando os dados colhidos, como forma de divulgar o projeto. Além disso, com o sucesso da ação na escola Santa Rita, a UFF deverá implementá-la em outras escolas do país.
Para a diretora, o projeto valeu a pena também para conscientizar os alunos. Ela diz já perceber um aumento com a preocupação ambiental na escola. "É como aprender a não jogar lixo no chão. Tu acaba percebendo que é importante", compara.
Carregando matéria
Conteúdo exclusivo!
Somente assinantes podem visualizar este conteúdo
clique aqui para verificar os planos disponíveis
Já sou assinante
Deixe seu comentário