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Apae se mobiliza para sensibilizar comunidade e reerguer a instituição

Com graves problemas financeiros, entidade está no início de uma nova fase de captação de recursos e busca auxílio da comunidade

Foto: Jô Folha - DP - Entidade tem dívidas que chegam aos R$ 490 mil e vê atividades ameaçadas pelas dificuldades financeiras

União para reerguer, fortalecer e seguir em frente. Essa é a grande motivação da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae) que, atualmente, vive situação financeira delicada e busca intensificar a mobilização popular para superar os desafios. Com dívidas que chegam aos R$ 490 mil, a instituição quase fechou as portas nos últimos meses. Agora, o objetivo da nova diretoria é reorganizar a casa para que, com a ajuda da comunidade, o trabalho, que atende diretamente cerca de 240 pessoas nas áreas de assistência social, educação e saúde, continue cada vez mais forte.

O presidente da instituição, Luiz Osório, explica que as dívidas da Apae são, basicamente, com a Receita Federal, com o FGTS e de ações trabalhistas. Até o início do ano, os valores vinham sendo pagos normalmente, mas, com a crescente falta de recursos, as parcelas deixaram de ser pagas. Com a situação irregular, a instituição passou a não conseguir acessar recursos oriundos de emendas parlamentares, iniciativas federais, estaduais e outros. Segundo a nova direção, é possível reverter o cenário, mas é fundamental ter apoio da comunidade. “Estudamos a situação e achamos que é viável reverter a situação atual. Isso exige muito trabalho, dedicação, mas, essencialmente, se não tivermos apoio da comunidade, não teremos como fazer com que isso avance”, comenta Osório.

Atualmente, a Apae conta com 1,2 mil doadores ativos, que geram uma arrecadação mensal média de R$ 30 mil. O valor é suficiente para manter funcionários e despesas administrativas, mas não para voltar a pagar as dívidas ou pensar em melhorias. “Com a situação precária que vivemos financeiramente, não se consegue investir em nada. Estamos trabalhando com o mínimo necessário para seguir andando, mas com o grande risco de não conseguir”, avalia o diretor financeiro Arthur Saldanha. O objetivo é aumentar a arrecadação e também o número de doadores. A direção estima que com R$ 100 mil seja possível retomar o pagamento das dívidas e começar a olhar para novos investimentos.

Trabalho insubstituível
A importância do trabalho, e mais ainda de sua manutenção, se traduz nas palavras de quem utiliza o serviço, como o filho de Maria Rejane, 51, que tem mielomeningocele (malformação congênita da coluna vertebral), e é atendido nas áreas de educação e saúde na Apae há cerca de 16 anos. “Para nós, como família, a Apae mudou completamente a vida. Ele é atendido aqui na área da educação e da saúde”, conta a mãe. Por morar longe e pelas dificuldades de deslocamento, um dos grandes pontos fortes da instituição é encontrar todo o cuidado necessário em um lugar só. “Aqui ele consegue ser atendido com tudo que ele precisa. Em função disso, ele se desenvolveu muito ao longo dos anos e gosta muito daqui. Ele gosta de interagir com os alunos e professores. É a segunda casa dele”, relata.

Já Luciana Machado, 52, é mãe de um jovem com atraso mental que, há 12 anos, frequenta a Apae. Neste ano, ela optou por matricular o filho de forma definitiva no Ensino de Jovens e Adultos (EJA) oferecido pela instituição. “Não quis que meu filho passasse por todo o processo de adaptação, e aqui ele já está adaptado e sempre gostou dos atendimentos, resolvi trazer ele em definitivo”, conta. Sobre o dia a dia na Associação, a mãe não hesita em elogiar o atendimento. “Não tenho queixa nenhuma. Meu filho ama essa instituição, ele gosta de estudar e fazer amizades. Tudo que eu puder fazer para que a Apae continue funcionando, não só pelo meu filho, mas por todas as crianças, vou fazer”, garante.

Planos para o futuro
Qualificar, ampliar e fortalecer. Estes são os objetivos da diretoria que tem, como primeira meta, manter a instituição funcionando. “Nossa grande preocupação nesse momento é não deixar a Apae fechar. Entendemos que a Apae presta um serviço público de altíssima relevância que não tem substituto. Ela complementa uma rede que é formada também por outras entidades. Nossa preocupação é que, se a Apae sair do lugar que ela ocupa, ninguém vai ocupar nesse momento. Precisamos, ao contrário de desocupar esse lugar, ocupá-lo com ainda mais qualidade”, destaca Osório.

Quando as questões financeiras se estabilizarem, o objetivo da nova direção é qualificar a estrutura física e de pessoal, como manutenções do prédio em si, ampliação das atividades de equoterapia e a retomada de atividades na piscina da instituição, que se encontra desativada. “Hoje nós aproveitamos por volta de 50% da nossa capacidade. Essa situação [financeira] impede que a gente aumente nossos atendimentos. O número de profissionais que temos aqui, pela demanda existente, poderia duplicar”, exemplifica Saldanha. Estima-se que pelo menos 900 pessoas estejam em fila de espera por atendimento na Apae.

A longo prazo, a recomposição dos órgãos diretivos previstos no estatuto da instituição, como corpo social, Assembleia de Sócios, Conselho Deliberativo e Fiscal e uma nova diretoria, também estão nos planos. “Estamos aqui para tentar fazer com que a Apae se reerga. Queremos, na medida em que consigamos equacionar as questões fundamentais, recompor o quadro social. Nossa intenção é colaborar para que todo esse processo ocorra de forma segura e que a Apae não tenha, para a frente, os mesmos problemas de hoje”, explica o presidente.

Para ajudar
Quem deseja auxiliar o trabalho da Apae pode fazer contribuições em dinheiro através da chave pix (53) 98422-2520. Neste mesmo número, por telefone, podem ser feitas doações, que serão coletadas no domicílio do doador, de tudo que for considerado útil para a recuperação da instituição. Parcerias com empresas, pessoas e outras entidades também são bem-vindas.​

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