Problema

As torneiras estão secas na Zona Sul

Falta água em casa para 332 famílias devido à escassez de chuvas desde dezembro

Jô Folha -

Para a água encher um copo na casa de Maria Helena Alves Borges, 75 anos, o percurso envolve mais de 30 quilômetros. Quando o caminhão- pipa chega no Paraíso, comunidade dentro do 3º Distrito de Canguçu, é possível perceber a alegria no rosto da aposentada, que mora com o marido de 80 anos. Baldes, galões, caixas d’água e todo e qualquer recipiente são trazidos para o pátio da casa com torneiras secas. Famílias estão sem água em casa em função da estiagem que atinge 11 municípios da região. O Diário Popular acompanhou a distribuição de água e conversou com as famílias na manhã da última quarta-feira em Canguçu, uma das cidades mais afetadas pela seca.

Pelo último levantamento da Emater na Zona Sul, 332 famílias estão sendo abastecidas através de caminhões-pipa ou através de pipas vinílicas para consumo humano. Abastecidos por poços ou as tradicionais cacimbas, os moradores relatam que as dificuldades começaram no final de dezembro e, desde então, fazem seus próprios racionamentos até secar a última gota.

A busca por um balde, uma chaleira ou algumas garrafas PET de água é comum na comunidade do Paraíso. “A gente busca ajuda em algum vizinho que tem. Vai fazer um mês que estamos nesta situação”, relata a idosa, que não esconde a alegria ao ver a caixa encher. Com poucas condições financeiras, a ajuda depende do município, de filhos e da solidariedade. A última vez que a água precisou chegar de caminhão na residência de Maria Helena foi em 2018.

A sede da terra

Na Coxilha do Fogo, também na Zona Rural de Canguçu, Jussara dos Santos Duarte, 49 anos, conta que já acumula muitas roupas sujas pela impossibilidade de lavar. Qualquer movimento na torneira precisa ser previamente estudado para valer a pena. Ela viu tudo o que plantou na horta morrer. “A situação é crítica. Eu preciso escolher entre beber ou regar”, divide ela o sofrimento de ver a natureza morta.

Impossibilitados de contabilizar este tipo de perda pela quantidade, a Emater estima que, destas produções para o consumo próprio, a perda signifique algo em torno de 80% em hortas e pequenas plantações. “Não temos como quantificar números, volumes e famílias. Como não é uma atividade econômica, são plantações com menos estrutura e qualquer seca já cria uma dificuldade”, cita o supervisor regional Edgar Noremberg.

Ajuda vem de caminhão

É num caminhão precário, um Mercedes 1113 da década de 1970, que a Secretaria de Obras de Canguçu distribui água às famílias do município. A cidade tem pedidos de cerca de 50 famílias e muitas já precisaram ser abastecidas duas vezes. Ao mesmo tempo que é precário, é o único veículo capaz de carregar água potável. “Não faz quatro meses que perdemos 46 pontes por causa da chuva. Na teoria não teríamos condições de atender, mas na prática é a única alternativa que temos para ajudar estas famílias”, explica o secretário Mauro Silveira, que reclama da falta de ajuda do Estado. Com oito mil litros, na manhã de quarta-feira seriam abastecidas sete famílias.

Auxílio burocrático

Com poucos recursos para auxiliar os municípios e as famílias, a Defesa Civil estadual disponibilizou na região 24 pipas vinílicas entre os municípios. “Não temos um acompanhamento diário, nem quantas famílias. Estamos auxiliando nos processos de homologação das situações de emergência”, explica o tenente-coronel Leonardo Nunes.

Carregando matéria

Conteúdo exclusivo!

Somente assinantes podem visualizar este conteúdo

clique aqui para verificar os planos disponíveis

Já sou assinante

clique aqui para efetuar o login

Rodoviária implanta painel informativo de horários e destinos de viagens Anterior

Rodoviária implanta painel informativo de horários e destinos de viagens

Sexta-feira sem transporte coletivo em Pelotas Próximo

Sexta-feira sem transporte coletivo em Pelotas

Deixe seu comentário