Educação
Aula ao ar livre para reivindicar a manutenção do Curso Normal
Mobilização contra o fim da formação reuniu estudantes e professores do Colégio Pelotense
Foto: Jô Folha - DP - Formação, oferecida há 30 anos, não abriu novas turmas
Por Helena Schuster
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(Estagiária sob supervisão de Vinicius Peraça)
A manhã desta terça (29) foi de aula ao ar livre e reivindicações para a comunidade escolar do Colégio Municipal Pelotense. Reunidos em frente ao prédio da escola, estudantes e professores fizeram cartazes, distribuíram panfletos, leram e discutiram textos e se mobilizaram pela manutenção do Curso Normal. Conforme o Diário Popular vem acompanhando, a formação, oferecida pela instituição há 30 anos, não abriu novas turmas para o próximo semestre e corre risco de ser descontinuada por não fazer parte da obrigação de municípios na área da educação.
Para a representante do Curso Normal, Maria Raquel Vieira, a aula na rua foi a maneira encontrada pela comunidade escolar de mostrar para as pessoas o que está acontecendo na instituição. "É uma forma de protesto, mas mais ainda de manifestação para mostrar o nosso curso e um pouco do que a gente faz. A ideia é pensar esse momento, discutir e contextualizar o que está acontecendo com o Curso Normal", afirma.
A diretora-geral do Pelotense, Graciane Pereira, reforça que as atividades foram pensadas para evidenciar a importância da formação profissionalizante para a cidade. "Nós temos na cidade muitos alunos que se formaram e hoje coordenam escolas municipais, trabalham como auxiliares, monitores e professores", comenta. Para Graciane, a formação precisa ser vista como um investimento. "A gente forma alunos que dão retorno ao município. De alguma forma, temos que fortalecer que não é gasto, e sim um investimento em educação".
Na quinta, será realizada uma audiência pública na Câmara Municipal de Vereadores para discutir o tema. "Na audiência, nós vamos tentar achar uma forma de manutenção, buscar o que a gente pode fazer e o que precisa ser feito", comenta Graciane. Para a diretora, ainda existe esperança de manter o Curso. "Nossa esperança é tentar reverter isso, para que a gente possa continuar formando essas pessoas que vem, em sua grande maioria, em busca de sonhos", finaliza.
Participação dos estudantes
O Curso Normal, que antigamente era conhecido como magistério, oferece a formação profissionalizante que habilita os alunos a trabalharem na área de educação e no ensino de anos iniciais e educação infantil. Atualmente, mais de 200 alunos estão matriculados no Curso Normal do Pelotense. Apesar das rematrículas dos estudantes estarem garantidas, os alunos marcaram presença na mobilização para garantir o futuro de outras turmas e mostrar o trabalho desenvolvido ao longo do ano letivo.
A aluna do último ano do Curso, Vitória Neutzling, 18, conta que enxerga a formação como uma oportunidade de mudar de vida. "Eu vim para realizar meu sonho e porque sabia da qualidade desse curso, que abre caminhos e oportunidades de emprego para muitas pessoas". A estudante reforça que participou da mobilização para defender o futuro do Curso. "Eu acredito muito na educação, sei que a educação transforma, e esse é um dos grandes motivos pelo qual o Curso não pode fechar. A gente tem que lutar e é isso que estamos fazendo aqui hoje", finaliza.
O que dizem as autoridades
Em nota, a titular da Secretaria de Educação e Desporto (Smed), Adriane Silveira, afirmou que as manifestações no Colégio Pelotense são "legítimas e revelam a contribuição que esse Curso tem proporcionado na formação de educadores, a qual tem o pleno reconhecimento da Smed".
A secretária frisou que a discussão sobre o destino do Curso Normal, e também do Ensino Médio do Pelotense, que corre o mesmo risco de acabar, está pautada nas resoluções do Conselho Estadual de Educação (CEE) e do Conselho Municipal de Educação (CME), que instituem os cursos de formação profissionalizante e de Ensino Médio como responsabilidades dos estados e da União, sendo competência municipal apenas a Educação Infantil e o Ensino Fundamental.
A titular finaliza afirmando que a Smed estará presente na audiência pública na Câmara Municipal, e que serão promovidas reuniões com professores, alunos do Curso e Equipe Diretiva para ampliar e aprofundar a discussão sobre possíveis caminhos.
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