Por Cíntia Piegas​
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Há quase 12 anos fazendo parte do cenário natural da praia do Laranjal, o monumento Velas ao Vento, na rótula jornalista Álvaro Piegas, terá que ser substituído por uma peça nova. A conclusão foi do proprietário da Metalúrgica BR, Benjamin Rodriguez Ramalho, que se prontificou em restaurar a estrutura, e da equipe da Secretaria de Qualidade Ambiental (SQA) de Pelotas, após analisarem o material. A estimativa é que até o fim do ano um protótipo seja aprovado.

Desde o final de 2021, o Diário Popular já apontava as condições precárias da estrutura em ferro do arquiteto e paisagista Fernando Sparenberg. Erguida no chafariz, entre as avenidas da praia e a José Maria da Fontoura, quase em frente ao Shopping Mar de Dentro, a obra faz alusão às práticas náuticas comuns nas águas da Lagoa dos Patos e podia ser vista em todos os ângulos. Mas com o passar dos anos, a combinação de umidade, vento, sol, chuva, além da salinidade da lagoa no verão, corroeu boa parte da base, além de enferrujar os parafusos, o que colocava na iminência de queda o monumento que pesa duas toneladas. A mesma ação do tempo, fez com que as hastes da parte em formato de velas fossem tomadas de buracos, desqualificando o trabalho do autor, que alertou dessa possibilidade.

Projeto
“Já apresentei um protótipo, mas que ficou muito custoso e agora estou elaborando outro que devo entregar à Secretaria esta semana”, disse Ramalho. Ele lamentou muito o fato de não conseguir recuperar a estrutura original, mas seria como fazer uma nova. Apaixonado pelo Laranjal, o metalúrgico se prontificou a recuperar a estrutura e não se diz arrependido diante das barreiras encontradas com a tarefa.

O secretário de Qualidade Ambiental, Eduardo Schaefer, responsável pelo projeto de restauro, diz que foi realizada uma vistoria com a empresa de metalúrgica que identificou não ser possível fazer a recuperação no local da instalação. “Desse modo o monumento foi transportado para a metalúrgica, que após análises emitiu um laudo indicando a dificuldade de recuperá-lo devido o estado de degradação”, confirmou. A partir disso os responsáveis pela restauração sugeriram a montagem de um novo monumento, mais moderno, com materiais mais resistentes e que exigem menos manutenção.

Com a palavra, o autor
Para o autor da obra, Fernando Sparenberg, somente uma cópia igual à que estava no chafariz fará sentido em manter o projeto. Na época da inauguração do Velas ao Vento, ele disse à Prefeitura que a obra precisaria de manutenção, como pintura, no mínimo de cinco em cinco anos, o que não foi feito. “Concordo que esta não tinha como permanecer, pois poderia cair sobre carros ou até mesmo pessoas. Mas então que façam uma igual.” Sua crítica faz referência ao protótipo apresentado: um ferro em tubo redondo de duas polegadas com seis metros de altura. “Olhando de perto é uma coisa, mas com seis metros de altura vai ficar um fio de velas ao vento.” A peça original tem seis metros de altura por quatro de largura, sendo que as chapas em ferro são de 40 centímetros de espessura, proporções que, para o arquiteto, garantem a visibilidade de uma vela. “Com a proposta atual, ninguém vai ver nada”.

“Atualmente, a equipe da SQA está trabalhando em um protótipo desse novo projeto, que deve ser apresentado até o final do ano”, garantiu o secretário Eduardo Schaefer.​