Impasse
Aulas presenciais no IFSul Pelotas devem ser ampliadas
Reivindicação de pais e al unos poderá ser atendida na segunda quinzena de março
Jô Folha -
O retorno das aulas presenciais no Campus Pelotas do Instituto Federal Sul-rio-grandense (IFSul) ainda gera impasse entre Reitoria, sindicato dos professores, alunos e pais. Enquanto o comando da instituição de ensino tenta cumprir a Resolução 62/2021, aprovada pelo Conselho Superior dos IFs (Consup), que estipulou quatro fases (veja quadro) até a retomada do formato tradicional, o Sindicato Nacional dos Servidores Federais da Educação Básica e Profissional (Sinasefe) em Pelotas pede cautela, uma vez que o Estado emitiu Alerta no sistema 3As para todas as 21 regiões, o que significa alto contágio de Covid-19. Na outra ponta, pais e alunos criticam a manutenção de aulas teóricas remotas, já que a própria rede de ensino estadual voltou de forma presencial ontem. A direção do Campus Pelotas sinaliza para uma ampliação das aulas presenciais na segunda quinzena de março.
“Os campi se organizaram e os alunos retornaram de forma normal. Pelotas não. Nossos filhos estão ficando para trás”, diz uma mãe que prefere não se identificar. Ela se refere às quatro unidades, de um total de 14, ligadas ao IFSul que seguem com aulas teóricas online. “A minha preocupação é que os últimos dois anos representaram seis meses de ensino e o calendário de 2020 deve terminar em abril deste ano.” Para essa mãe, os estudantes de Pelotas ficarão prejudicados na hora de pleitear uma vaga em universidade pública. Pelo cronograma do IFSul Pelotas, em abril será concluído o segundo semestre de 2020 e, em dezembro, os dois semestres de 2021.
A aluna do curso de Química, Kailany Brigno, lembra que todos estudantes que entrarem no IFSul estarão com o esquema vacinal completo e os professores com a possibilidade da terceira dose. “Além do mais, servidores e alunos do grupo de risco poderão continuar no modelo à distância.” Em pesquisa do Grêmio Estudantil, 87% das pessoas disseram ser a favor de um retorno presencial e 92% concordaram em aumentar a carga horária de aulas presenciais.
Cautela
O coordenador do Sinasefe e professor de Desenho Técnico do curso de Eletrotécnica, Francilon Simões, garante que os professores não são contra o retorno presencial, mas que existe um instrumento do Conselho Superior, cujas medidas precisam ser seguidas. “Nós prezamos pelo que ficou determinado no Consup, ou seja, as 21 regiões com alerta sanitário devem priorizar o ensino remoto. Isso não está ocorrendo na maioria dos campi do IFSul. Esse nosso parecer está embasado pela assessoria jurídica do Sindicato.” O professor refere-se aos campi Camaquã, Charqueadas, avançado Jaguarão, avançado Novo Hamburgo, Passo Fundo, Sapucaia do Sul, Bagé, Santana do Livramento, Lajeado, Sapiranga e Venâncio Aires.
O que diz a Reitoria
O reitor do IFSul, Flávio Nunes, explica que mesmo que se atinja a fase quatro, determinada pelo Consup, nenhuma unidade retornaria 100% presencial em função da Instrução Normativa 90, que vale para todo o serviço público federal. “O documento permite aos servidores com determinadas comorbidades que possam permanecer em atividades remotas e nós temos grupos de professores e servidores abarcados nesta instrução.” Nunes lembra que, no final de janeiro, uma liminar do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4) determinava o início do formato tradicional em 1º de fevereiro, retirando a autonomia dos IFs sobre o retorno gradual. “Os campi iniciaram as aulas, mas em Pelotas foi mais demorado, pois o Sinasefe entrou com uma greve sanitária que durou até a liminar do TRF4 ser cassada”, explicou. Os demais seguiram as atividades.
Uma vez suspensa a greve, parte das aulas práticas no IFSul Pelotas voltou a partir do dia 14 deste mês, mas desde setembro de 2021 atividades excepcionais permitiam que formandos pudessem ocupar o prédio para uso de laboratórios, para execução de trabalhos, além de pesquisa e extensão. “Foi o chamado Bloco 1, com a presença de cerca de 580 no prédio do IF”, explicou o diretor-geral, Carlos Corrêa. O assessor, professor de Eletrotécnica, Rubinei de Servi Ferraz, conta que ele é do grupo de risco, mas assinou um termo que permite dar suas aulas de forma presencial. “Nosso plano de contingência é atualizado seguidamente, mas nossa maior preocupação é com a ocupação limite do espaço”, ressalta o professor, que ontem já se preparava para a aula do turno da noite. A direção não sabe mensurar, de um total de quase seis mil alunos, quantos estão em atividades práticas, até porque será preciso analisar os dados da evasão escolar. “Mesmo assim, só podemos ampliar as atividades quando o Estado estiver na condição de aviso e não alerta sobre a Covid-19”, justificou Ferraz.
Dentro das regras
Na tarde de segunda-feira (21), a reportagem encontrou um grupo em aula teórica de Eletromecânica. Todos faziam uso de máscara PFF2 ou N95, que caso o aluno não tenha, a instituição garante. Em outro corredor, cinco estudantes recebiam aula prática de Mecânica. A aluna Eduarda Machado Nogueira, 19, destaca a importância do retorno: “O contato com a máquina é fundamental para o meu curso. O online nunca é completo.”
Sobre as fases
Com base no instrumento do Conselho Superior do IFSul, o retorno das atividades presenciais de forma gradual foi dividido em quatro fases:
Fase 1
Atividades remotas, apenas com a realização de atividades essenciais em formato presencial – manutenção e higienização do prédio e atendimento na portaria.
Fase 2
Atividades remotas, com atividades essenciais e excepcionais em formato presencial – presença de alunos formandos em laboratórios.
Fase 3
Atividades presenciais e remotas, com ampliação das atividades presenciais, respeitado o limite de ocupação dos ambientes e a condição da sua região (3As) – situação atual com aulas práticas de forma parcial.
Fase 4
Retorno de todas as atividades da instituição em formato presencial – somente com o fim da pandemia.
Obrigatoriedade
Todos os alunos, professores, servidores ou visitantes de todos os 14 campi precisam apresentar o passaporte vacinal, exigência aprovada pelo Consup.
CAVG
O Campus Visconde da Graça - IFSul (CAVG) retornou às atividades de ensino ontem. Ela é de forma gradual, conforme diretrizes determinadas pelo Centro de Operações de Emergência em Saúde para a Educação (COE-E). A instituição conta com fluxo de aproximadamente 3,3 mil pessoas, incluindo alunos, professores, técnico-administrativos e terceirizados. Segundo o site, os estudantes ficaram divididos por grupos, cada um com uma data diferente para o cronograma inicial.
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