O nível da barragem Santa Bárbara não para de baixar. Na última segunda-feira (09), a régua marcava 2,46 metros abaixo do vertedouro e caindo de dois a três centímetros diariamente. Os pelotenses já encaram uma determinação municipal desde o último dia 26, ela prevê a restrição do uso da água. E na quarta-feira passada, a situação de emergência foi decretada. Além de Pelotas, mais 16 municípios da região compartilham da mesma condição.

De acordo com o diretor-presidente do Sanep, Alexandre Garcia, o racionamento ainda não é uma alternativa pensada pela autarquia. "Estamos executando várias ações para que não seja preciso racionar", informou. No momento, as equipes trabalham na escavação do local, de modo a criar um canal que poderá proporcionar a captação de água em pontos mais profundos, podendo chegar a sete metros. Garcia estima que as obras se estendam até a próxima semana. Entre as outras medidas já adotadas estão a implantação de um ponto flutuante e de dois mangotes, que auxiliam na captação do líquido, o decreto de restrição de uso da água, que proíbe ações como lavagem de calçadas e carros e o mutirão para consertos de vazamentos. Até a última sexta-feira, 60 denúncias foram contabilizadas e mais de 500 vazamentos consertados somente nos últimos sete dias.

Sobre a falta de água registrada em alguns pontos da cidade na noite de sábado, o diretor - presidente informa que por causas ainda desconhecidas o bombeamento parou de funcionar. Logo em seguida, foi detectado problemas em dois equipamentos. Esses, foram substituídos e após o serviço voltou ao normal. "Depois que as bombas param leva um tempo até normalizar", explicou. No final da manhã da última segunda-feira (09), o bombeamento também parou, mas dessa vez foi em decorrência da escavação feita na barragem. No entanto, as equipes já aproveitaram para fazer o serviço de manutenção das máquinas.

Na zona rural, centenas de famílias estão sem água potável, e seguem sendo abastecidas pelo Sanep através de caminhões pipa. No total, 152 pontos de abastecimento estão disponíveis para os moradores do interior da cidade, sendo que cem já eram habituais. "Não temos como saber o número de pessoas, pois existem pontos que até dez famílias são abastecidas", complementou.

Situação na região

Segundo o boletim semanal da Emater, até o momento, 2.798 famílias estão sem água potável na Zona Sul. Como não ocorre precipitações na região, os dias seguem ensolarados, as temperaturas elevadas a umidade relativa do ar baixa e amplitude térmica significativa, os números não param de subir. Isso tudo também provoca efeitos nas culturas locais que registram perdas de 26,6% no tabaco, 36,1% na soja, 56,3% no milho grão e 47,08% no milho silagem. O feijão, que teve seu rendimento prejudicado pelo excesso de chuvas na primavera e pela atual estiagem, já soma cerca de 60% de perdas em toda a região. A produção leiteira teve diminuição média de 32,5% na produção diária, sendo que os municípios com as maiores quedas são Cerrito e Morro Redondo com 50%, Piratini 45%, Rio Grande e Pedro Osório com 40% e São Lourenço do Sul, Jaguarão, Herval, Arroio Grande e Arroio do Padre com 30%.

O clima não ajuda

A Metsul meteorologia classifica a atual situação como grave. Sobre as possibilidades de chuvas informa que podem ocorrer nos dia 18, 21 e 25 de março. Porém, antes disso, a previsão é de uma intensa onda de calor na região com marcas históricas para o mês de março. Entre os dias 13 e 15 as máximas poderão passar dos 38°C em toda Zona Sul. Nesse período, o alerta é para o risco extremo de queimadas devido ao ar seco e calor intenso.

Municípios em situação de emergência

Amaral Ferrador
Arroio do Padre
Arroio Grande
Canguçu
Capão do Leão
Cerrito
Herval
Morro Redondo
Pedro Osório
Piratini
Pinheiro Machado,
São Lourenço do Sul
São José do Norte
Santana da Boa Vista
Pedras Altas
Pelotas
Turuçu
Estão homologados pelo Governo do Estado RS os decretos de Situação de Emergência de São Lourenço do Sul, Piratini e Canguçu.