Solidariedade

Campanha natalina do Diário Popular apoia o projeto Sopão de Rua

Até o próximo dia 22, doações podem ser entregues na sede do Jornal, na rua 15 de Novembro, 718, em horário comercial

No calor escaldante de uma tarde de dezembro, numa quinta-feira, Enrique dos Santos servia massa e arroz em caixinhas de leite cortadas. Na companhia de sua enteada, Tatiana, e de Mário, um dos voluntários, eles preparavam a refeição para moradores de rua e pessoas carentes.

Um jovem de 23 anos chegou na porta do número 2.697 da rua Padre Anchieta e exclamou: "Ô, padrinho, me vê alguma coisa, por favor". Padrinho é a forma como todos se referem a Enrique, conta, sorridente. O rapaz comia enquanto contava sua história. Esteve preso em Rio Grande, sua cidade natal, por três anos e quatro meses. Depois, veio para Pelotas tentar a vida. "Eu sempre morei na rua. Agora tomei jeito. Eu preciso agora é de um serviço, mas ninguém quer dar. Vixe! Ia mudar tudo se tivesse, olha que eu sou bom de serviço." Ele olhava para os jornais na parede, mas comentou nunca ter ido à escola, nem por um dia. Documentos também, possuiu a carteira de identidade, mas perdeu.

Diariamente, são cerca de 70 pessoas com histórias parecidas batendo à porta de Enrique. Há quatro anos ele desdobra-se para tentar ajudar quem chega. "Eles pedem 'ô Padrinho, faz uma sopa ou uma comidinha seca'. E eu faço. Não me custa nada", lembra. No inverno, a sopa é o prato servido, chegando a cem litros servidos, sempre na quinta-feira. Até aqui, ele calcula terem saído mais de 50 mil. Neste dia, foram dez quilos de massa com galinha e cinco quilos de arroz.

O projeto Sopão de Rua consolidou-se em Pelotas por sua finalidade e mostrar o quanto pessoas em situação de vulnerabilidade precisam de ajuda na cidade. E será uma das instituições apoiadas pela campanha de Natal do Diário Popular. As doações serão destinadas ainda ao Instituto São Benedito e ao Asilo de Mendigos. O objetivo é ajudar moradores de rua, idosos e crianças, pessoas de três segmentos considerados de risco.

Até o próximo dia 22, doações podem ser entregues na sede do Jornal, na rua 15 de Novembro, 718, em horário comercial. Dentre os principais itens necessitados, estão brinquedos, alimentos, produtos de limpeza e higiene e fraldas geriátricas tamanhos G e GG. No entanto, qualquer tipo de doação é aceita.

Mudança ao longo do tempo
A realidade mudou ao longo dos anos. Antes, o espaço do Sopão de Rua era maior, na casa ao lado do atual endereço. Ali, banho, corte de barba e cabelo, TV e cama eram disponibilizados às pessoas. Mais de cem voluntários chegaram a revezar-se trabalhando, mas o gasto ficou alto e Enrique não conseguiu bancar. Hoje, o espaço é similar ao de uma garagem para um carro. "Se eu tivesse condições, queria voltar. Era melhor ali", lamenta o chaveiro.

As necessidades para manter o projeto são muitas. O velho fogão industrial de quatro bocas está deteriorado. O gás vaza e a ferrugem já tomou conta. Por noite gasta-se quase um botijão de 13 quilos para fazer toda a comida e mantê-la quente. Arroz, feijão, massa, óleo e sal são as principais necessidades. Além disso, o gasto para manter o espaço gira em torno de R$ 1 mil por mês.

Mas o Sopão de Rua não é feito apenas de comida, ou de moradores de rua. Enrique costuma emprestar cadeiras de rodas, andadores, camas hospitalares, camas de banho e muletas a pessoas necessitadas. Além disso, no inverno comunidades carentes também são auxiliadas. "Tem criancinha pequena que sai correndo para pegar sopa. De pés descalços. No frio", reflete Enrique, o padrinho, com o olhar distante, parecendo ainda não acreditar na realidade que acompanha.

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