Marcada por revisão nos prazos do cronograma e por polêmica sobre o edital, novamente uma etapa do processo de eleição do Conselho Tutelar virou motivo de contestação. Após ser divulgada a lista dos aprovados na prova objetiva, inscritos apontam inconsistências na aplicação do exame e durante o período de recurso, assim como suposto vazamento do resultado. O grupo com cerca de 40 candidatos requer revisão ou anulação completa do certame.

Etapa eliminatória de seleção dos candidatos que irão concorrer a uma das 30 vagas de conselheiros tutelares e 30 suplentes para o quadriênio 2024/2027 em Pelotas, a prova prevista para o dia 11 de junho, conforme o edital, foi realizada somente uma semana depois, no dia 18. Além do atraso, que também ocorreu na etapa de divulgação da lista preliminar, a seleção está sendo alvo de denúncia em relação à falta de fiscalização adequada. "Não tinha detectores de metais, as pessoas iam toda hora ao banheiro desacompanhadas, não tinha controle disso e não tinha um fiscal no banheiro", afirma um dos candidatos ouvidos pela reportagem.

O homem que pede para não ser identificado aponta que os fiscais não estiveram na sua sala durante todo o período de avaliação e que na folha não havia o número de inscrição e o nome do candidato. "Chamava-se folha de gabarito. Gabarito é quando já saiu a prova. Nós mesmos tínhamos que assinar a próprio punho. Então, é passível de fraude", ressalta. Além disso, outro problema seria relacionado ao período de recurso. Conforme o inscrito, após enviar o pedido ao e-mail especificado no edital, ele e outras pessoas afirmam não terem recebido qualquer tipo de retorno por parte da banca examinadora. "Aí a banca viu que errou e abriu dilatação de prazo para as pessoas que não conseguiram enviar o pedido", conta.

Lista de aprovados teria vazado
Passada mais uma etapa do processo, a publicação da lista definitiva dos candidatos aprovados na prova também virou alvo de reclamação quanto a mais uma suposta irregularidade. Prevista oficialmente para ser divulgada ontem, a relação teria sido vazada e publicada em uma rede social no dia anterior, segunda-feira. "Tinha gente largando a listagem ontem no Facebook e não tinha saído no site da Prefeitura ainda", argumenta Luiza Rodrigues, uma das candidatas ao Conselho.

Segundo a funcionária pública, a lista foi publicada por uma atual conselheira, compartilhando ter sido aprovada na prova. Para Luiza, os conselheiros tiveram informações privilegiadas no processo. A candidata critica ainda a existência de questões com erros de formulação. "Teve questões de ECA que estavam com artigos invertidos", aponta.

Para o candidato que pede para não ser identificado, a lisura do processo foi comprometida e, diante de supostas inúmeras falhas, seria necessária uma revisão ou suspensão dos procedimentos. "Que suspenda, faça uma nova prova ou que todos vão para a eleição, já que é ela que vai definir os novos conselheiros. Porque foi um processo esvaziado em várias questões da lei", diz.

Conforme a lista divulgada, 63 candidatos foram classificados na prova. A partir de hoje, inicia a convocação para a avaliação psicossocial.

Procurado pelo DP, o Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente (Comdica) não se manifestou sobre as denúncias até o fechamento desta reportagem.