Solidariedade

Caravana da Fraternidade leva três pelotenses para atuar com refugiados

Mônica, Juliana e Roselaine partem no dia 29 deste mês rumo a Boa Vista com o objetivo de ajudar venezuelanos no norte do país

Quando a caravana partir, no dia 29 deste mês, rumo a Boa Vista, em Roraima, as três pelotenses e as únicas gaúchas que integram o grupo de 40 padrinhos da ONG Fraternidade Sem Fronteira (FSF) estarão despertando para algo novo. Acostumadas com o trabalho voluntário em Pelotas, a empresária Roselaine Krolow, 60; a auxiliar administrativa Juliana Dias de Aguiar, 40, e a médica do Pronto-Socorro de Pelotas, Mônica Hartwig Reichow, 39, embarcam em uma expedição inédita, que as colocará frente aos refugiados venezuelanos. Os imigrantes se acumulam em abrigos brasileiros a cada dia à espera de uma vida melhor.

Além dos pertences particulares, o trio de voluntárias pretende levar utensílios que não costumam ser doados em campanhas, mas que estão fazendo falta na fronteira do Brasil com a Venezuela: roupas íntimas femininas e masculinas infantis. "Ninguém doa calcinha ou cuecas e os nossos imigrantezinhos precisam dos acessórios", assinala Roselaine. As três lançaram uma campanha de arrecadação de peças ou, a quem preferir doar dinheiro, o recurso será para despachar as malas com as doações. Cada uma irá arcar com as suas despesas, desde a passagem até a hospedagem.

Motivação
O encontro das profissionais no Lar Espírita e Assistencial Irmão Fabiano de Cristo não foi por acaso e o caminho das três parecia estar traçado. Na casa que atende mais de 70 idosos, 365 dias por ano, e conta com centenas de voluntários, surgiu a vontade de fazer algo além-fronteiras. Impulsionadas pela experimentação de Mônica em Madagascar, na África, Juliana e Roselaine ingressaram na ONG Fraternidade Sem Fronteira e conheceram o verdadeiro sentido da palavra "ajuda".

"Na África conheci a cruel realidade de crianças desnutridas, sem estrutura básica e referência zero de viver com dignidade", descreve. Para levar um pouco de humanidade, a ONG criou um campo de paz para dar assistência aos nativos. Mônica esteve no país em maio e, já no retorno ao Brasil, planejou uma nova caravana. Desta vez para Boa vista.

"A experiência da Mônica me motivou. Senti muita vontade de ajudar", diz Roselaine, que administra uma pousada no Laranjal. Na bagagem ela irá levar kits de agulhas e linhas para ensinar costura e crochê às refugiadas, na expectativa de que possam encontrar o próprio sustento. "Mas vou levar ainda sorrisos, boa energia e esperança de um mundo melhor."

Voluntária no Lar Fabiano e no Louis Braille, mãe de um jovem de 20 anos, Juliana foi buscar um segundo emprego, além de ser auxiliar administrativa de uma agência, para juntar dinheiro e bancar a viagem. Sua vontade de servir ao próximo é uma forma de gratidão a Deus, como ela mesma conceitua. "O voluntariado não tem fronteira. Na verdade, nós seremos ajudadas, pois vamos lidar com uma questão social muito séria." A profissional vai ministrar um workshop de bijuterias para as mulheres venezuelanas.

Mentora do trio, a médica Mônica, que já dedica a sua vida aos outros, vai atuar na prevenção de doenças. "Muitas crianças chegam debilitadas pela travessia." Ela ficará em uma das bases montadas pela Fraternidade, fundada e até hoje comandada por Wagner Moura Gomes. A médica conta com orgulho sobre o trabalho e a seriedade com que a ONG cumpre sua missão.

Realidade
Por mais que Mônica tenha relatado sua experimentação na África, o trio de voluntárias sabe que irá encontrar um povo com outro tipo de necessidade. São pessoas que tiveram a profissão, a casa, até mesmo familiares ceifados pela atual política do governo Nicolás Maduro. De acordo com o Conselho Nacional de Justiça, existem 25 mil venezuelanos vivendo na capital, grande parte em abrigos. Para chegar até o Brasil, a maioria caminhou 800 quilômetros, por dias e noites.

Como ajudar
Para doar peças íntimas infantis para a FSF do Rio Grande do Sul basta entrar em contato pelos telefones (53) 98117-0013 e 98124-0225. "Adquirindo as camisetas já é uma forma de ajuda", adianta Juliana.

Sobre a Fraternidade Sem Fronteira
Na África subsaariana, a ONG mantém centros de acolhimento, onde são oferecidos alimentação, cuidados com a higiene, atividades pedagógicas e culturais e formação profissionalizante. Nas aldeias africanas são perfurados poços artesianos e, com a chegada da água, é iniciado o cultivo sustentável de alimentos. No Brasil, os voluntários apoiam no tratamento de crianças com microcefalia, em Campina Grande, na Paraíba. Em Campo Grande é mantido o projeto Orquestra Filarmônica Jovem Emmanuel, que proporciona o ensino de música a jovens da periferia, além da ajuda à Clínica da Alma, dedicada ao tratamento de dependentes químicos e aos refugiados da Venezuela. São várias as formas de colaborar com a ONG, basta conferir no site www.fraternidadesemfronteiras.org.br/.

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